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Incerteza política na Grécia afunda bolsa de Atenas mais de 10% e inflaciona juros da dívida soberana

Os mercados estão a reagir de forma negativa à situação política na Grécia, com a antecipação das eleições presidenciais. A bolsa de Atenas afunda mais de 10%, enquanto os juros da dívida soberana estão em alta na sessão desta terça-feira, 9 de Dezembro.

09 de Dezembro de 2014 às 10:16
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Esta reacção acontece depois do Governo helénico anunciar ontem que decidiu antecipar as eleições presidenciais do primeiro trimestre do próximo ano para a próxima semana, dia 17 de Dezembro.

 

A bolsa de Atenas lidera as quedas na Europa e perde 11,69%, registando a pior queda em 27 anos, desde 1987. A praça helénica já desvalorizou mais de 22% desde o início do ano. As cotadas gregas registam as maiores desvalorizações na Europa, com seis cotadas entre as 10 maiores quedas. 

 

Os bancos gregos estão assim a registar uma forte perda: Piraeus Bank (-18,66%), National Bank (-15,12%), Eurobank (-15,02%) e Alpha Bank (-12,09%). Destaque também para a queda da Hellenic Telecommunications Organization (-11,61%) e da empresa de jogos de fortuna e azar OPAP (-10,41%).

 

Por seu turno, os juros da dívida soberana negoceiam em alta no mercado secundário. A taxa de juro de referência, a 10 anos, sobe 48 pontos base para 7,724%. Entre as diversas maturidades, o maior aumento está a ter lugar nas obrigações a três anos: mais 118,4 pontos base para 7,658%. A cinco anos, o juro sobe 98,2 pontos base para 7,418%.

 

Oposição grega quer eleições antecipadas

 

A decisão do Governo de Antonis Samaras surpreendeu os mercados. O principal partido da oposição, o Syriza de Alexis Tsipras, já veio a público apelar aos restantes partidos da oposição para bloquearem a eleição presidencial, para a Grécia realizar eleições legislativas antecipadas.

 

Desta forma, a realização de eleições antecipadas é uma "relevante vitória democrática e popular", disse hoje Alexis Tsipras, citado pelo Kathimerini. O líder do maior partido da oposição considera que as eleições vão originar "um governo de salvação nacional com o Syriza a liderá-lo". 

 

O Syriza venceu as eleições europeias deste ano na Grécia e as sondagens dão esta coligação como favorita a vencer as próximas eleições gerais. A formação de Alexis Tsipras defende o fim da austeridade e quer negociar com os credores para reestruturar a dívida grega.

 

É de sublinhar que o Presidente grego é eleito por sufrágio indirecto, sendo eleito através dos votos dos deputados no parlamento. O Governo de Antonis Samaras vai apoiar o candidato Stavros Dimas, de 73 anos. O vice-presidente do Nova Democracia, o partido do primeiro-ministro, foi comissário europeu para o ambiente entre 2004 e 2008.

 

É que para eleger um Presidente é necessário uma maioria qualificada de dois terços do parlamento helénico, ou seja 200 dos 300 deputados, enquanto a coligação só tem 155 deputados eleitos.

 

A primeira volta das eleições vai ter lugar na próxima semana. Se não for eleito um Presidente, novas rondas vão ter lugar no dia 22, e, eventualmente, no dia 27 ou 29. Na terceira volta, o Presidente é eleito com três quintos dos deputados - 180 dos actuais 300 deputados.

 

O anúncio do Governo de Antonis Samaras teve lugar depois dos parceiros europeus concederem mais dois meses de empréstimos a Atenas, estendendo assim o programa europeu que deveria terminar no final deste ano.

 

A Grécia terá assim tempo para ir ao encontro das exigências da troika, que tem exigido maior austeridade do que a prevista no Orçamento do Estado grego para o próximo ano: mais dois mil milhões de euros face ao que consta no documento.

 

Ao mesmo tempo, a Grécia não vai antecipar o fim do programa de resgate internacional para o final deste ano, conforme pretendia. Os empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) só terminam em 2016, mas a Grécia pretendia regressar aos mercados mais cedo, devido à diminuição das taxas de juro para se financiar nos mercados.

 

Todavia, os últimos desenvolvimentos económicos e políticos no país levaram a que os juros das obrigações soberanas registassem aumentos no mercado secundário.

 

(Notícia actualizada às 11h29 com o nome do candidato presidencial apoiado pelo Governo grego; às 12h06 com a actualização da cotação na Bolsa de Atenas e os juros da dívida soberana; às 14:03 com as declarações de Alexis Tsipras do Syriza)

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