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Barnier: Novas negociações do Brexit sem progressos significativos

"Enquanto negociador da UE, a minha responsabilidade é dizer a verdade. E, para ser honesto, nesta semana não houve progressos significativos", disse Michel Barnier, em conferência de imprensa realizada ao final da manhã desta sexta-feira, em Bruxelas.

EPA
05 de Junho de 2020 às 13:26
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A quarta e última ronda negocial prevista para definir o enquadramento de um futuro acordo comercial bilateral entre a União Europeia e o Reino Unido terminou, uma vez mais, sem "progressos significativos", lamentou em jeito de crítica a Londres o chefe da equipa responsável pela condução das conversações pelo lado europeu, Michel Barnier, acusando ainda as autoridades britânicas de se "fastarem" dos pressupostos inicialmente definidos para o diálogo.  

"Enquanto negociador da UE, a minha responsabilidade é dizer a verdade. E, para ser honesto, nesta semana não houve progressos significativos", disse Michel Barnier, em conferência de imprensa realizada ao final da manhã desta sexta-feira, em Bruxelas.

Segundo o negociador-chefe da UE para as futuras relações de Bruxelas e Londres pós-Brexit, ainda existe "um longo caminho a percorrer" nestas discussões, sendo que entre os assuntos com mais divergências estão o acesso equilibrado a ambos os mercados, a governança da futura parceria, a proteção dos direitos fundamentais e o setor das pescas.

"Não pensem que podemos continuar [sem progressos] assim para sempre", avisou Michel Barnier. Parecem continuar a degradar-se as condições em que decorrem as negociações, pois já no final da ronda anterior ambas as partes responsabilizaram-se mutuamente pela ausências de avanços

A dificultar estas negociações está, de acordo com o responsável francês, o facto de os "parceiros britânicos se estarem a distanciar" do Acordo de Saída do Reino Unido da UE.

"É um documento que está disponível em todas as línguas, incluindo em inglês, e não é difícil de ler. Foi negociado com o primeiro-ministro [britânico] Boris Johnson e foi aprovado pelos líderes europeus, pelo que continuará a ser a nossa base para as negociações", frisou Michel Barnier.

Recordando que "o Reino Unido já se recusou a estender o período de transição", o negociador comunitário destacou também que "a porta, por parte da UE, continua a estar aberta".

Porém, "se não houver qualquer alteração, o Reino Unido irá deixar o mercado único e a união aduaneira a 31 de dezembro e isso é já daqui a sete meses", lembrou também.

Michel Barnier pediu assim que as duas equipas "utilizem este tempo restante de forma apropriada", focando-se "nos assuntos mais divergentes" e tendo em vista desde logo conseguir acordos até outubro para dar tempo para adotar os necessários textos legais.

Na passada segunda-feira, arrancou uma nova ronda de negociações para o futuro comercial de Bruxelas e Londres, após o 'Brexit', numa semana decisiva para avançar nos trabalhos.

Esta foi a quarta ronda de negociações relativa à futura parceria comercial após a saída do Reino Unido da UE, em final de janeiro passado, e foi realizada à distância e por meios tecnológicos, dada a pandemia de covid-19, entre as equipas dos lados comunitário e britânico, respetivamente lideradas por Michel Barnier e por David Frost.

Michel Barnier disse hoje esperar que, "no final de junho", seja possível retomar as negociações presenciais.

"Assim poderão correr melhor porque será mais fácil e efetivo", adiantou o responsável francês.

Para final deste mês de junho continua a estar prevista uma reunião de alto nível para avaliar o progresso e decidir sobre uma eventual extensão do período de transição, que termina em 31 de dezembro.

O Reino Unido abandonou oficialmente a UE em 31 de janeiro passado, mas permanece dentro do seu espaço económico e regulatório até ao final do ano, durante o chamado período de transição.

O acordo de saída entre o Reino Unido e a UE permite que o prazo seja prorrogado por dois anos, mas o Governo britânico não quer o prolongamento para além de 31 de dezembro.

Londres já admitiu também abandonar as negociações se não houver suficiente progresso.
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