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Brexit: UE critica falta de "compromissos sérios" do Reino Unido

"A minha responsabilidade, enquanto negociador, é dizer a verdade e lamento dizer que o nosso objetivo para chegar a objetivos tangíveis em todos os assuntos foi só parcialmente atingido esta semana", declarou Michel Barnier.

EPA
24 de Abril de 2020 às 15:02
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O negociador-chefe da União Europeia (UE) para a futura relação com o Reino Unido, Michel Barnier, criticou hoje Londres pela "falta de compromissos sérios" nas novas negociações, notando que ainda não foi possível chegar a "progressos tangíveis".

"A minha responsabilidade, enquanto negociador, é dizer a verdade e lamento dizer que o nosso objetivo para chegar a objetivos tangíveis em todos os assuntos foi só parcialmente atingido esta semana", declarou Michel Barnier, falando em videoconferência de imprensa, a partir de Bruxelas.

Em declarações prestadas aos jornalistas no final da segunda ronda de negociações entre Bruxelas e Londres relativamente à futura parceria após o 'Brexit', o negociador do lado comunitário criticou que, nas discussões feitas por videoconferência esta semana, "o Reino Unido não tenha aceite comprometer-se seriamente em importantes áreas, que estão bem definidas na declaração política".

"Não podemos aceitar fazer progressos seletivos em áreas limitadas, temos de fazer progressos em todos os assuntos em paralelo e temos de conseguir soluções em todos os tópicos", vincou Michel Barnier.

Num aviso ao seu homólogo britânico, David Frost, o responsável francês disse: "O Reino Unido não se pode recusar a prolongar o período de transição e, ao mesmo tempo, travar as discussões nalgumas áreas".

Em causa estão questões como o acesso equilibrado a ambos os mercados, a governança da futura parceria, a proteção dos direitos fundamentais e o setor das pescas.

Ainda assim, "não estamos no final das negociações, ainda temos mais duas rondas até junho", lembrou Michel Barnier.

O negociador comunitário instou David Frost, a quem reconheceu "o seu profissionalismo", a apresentar "provas claras" dos esforços britânicos, de forma a "usar as duas próximas rondas para progressos tangíveis".

"A nossa parceria deve ser baseada na confiança e isso requer compromissos", reforçou Michel Barnier, garantindo que "este acordo [económico] nunca se vai concretizar se prejudicar o mercado único europeu", em termos de acessos desiguais.

O político francês ressalvou ainda que "o relógio está a contar" e que existem "graves consequências" daquele que poderá ser um 'Brexit' económico sem acordo.

A segunda ronda de negociações entre a UE e o Reino Unido, iniciada na passada segunda-feira, terminou hoje, havendo a necessidade de as duas partes alcançarem progressos palpáveis até junho, altura prevista para um balanço das discussões.

As negociações entre Michel Barnier e o britânico David Frost, ambos foram contaminados pelo novo coronavírus e, entretanto, curados, tinham sido suspensas devido à pandemia de covid-19, pelo que, a 15 deste mês, ficou definido que as futuras rondas seriam realizadas por videoconferência.

As duas partes voltarão a reunir-se nas semanas de 11 de maio e de 1 de junho.

Após a concretização do 'Brexit' em 31 de janeiro passado, a primeira ronda negocial sobre a futura relação decorreu em Bruxelas entre 02 e 05 de março e a segunda estava prevista para se realizar em Londres entre 18 e 20 de março, mas tal não aconteceu devido à pandemia.

Para junho continua a estar prevista uma cimeira de líderes para avaliar o progresso e decidir sobre uma eventual extensão do período de transição, que termina a 31 de dezembro.

O Governo britânico já reiterou que não pretende pedir um prolongamento.
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