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António Costa e os riscos dos incêndios: “Nem desvalorizar nem ficarmos paralisados com medo”

O primeiro-ministro disse, este sábado, no Algarve, que não se devem desvalorizar os riscos de possibilidade de ocorrência de incêndios, mas considerou também que não se deve "ter medo".

Lusa
Negócios com Lusa 24 de Março de 2018 às 11:14

"Nem desvalorizar os riscos, porque isso é um perigo, nem ficarmos paralisados com medo dos riscos. Quando há um risco nós devemos procurar identificá-lo, mitigá-lo diminuí-lo de forma aumentar a segurança de todos", afirmou o primeiro-ministro sobre a possibilidade de ocorrência de incêndios, em declarações aos jornalistas, no Serro dos Vermelhos, no concelho de Loulé.

 

António Costa  chegou de helicóptero a esta zona isolada da serra algarvia, onde assistiu a uma das acções de limpeza de mato que decorrem este sábado, 24 de Março, em todo o país, com a participação de membros do Governo, de forças militares, da Protecção Civil e das autarquias.

 

Questionado pelos jornalistas sobre a diferença entre os trabalhos de prevenção realizados este ano e no anterior, o primeiro-ministro sublinhou que existe "claramente" uma diferença, já que, há um ano, "não havia este movimento, esta azáfama" em todo o país, envolvendo proprietários e autarquias, entre outros.

 

António Costa ressalvou ainda que, apesar de as medidas já estarem em vigor há quase doze anos, "pela primeira vez", há uma "grande consciência" de que é necessário proceder à limpeza dos terrenos, sendo fundamental que todos se concentrem a fazer "aquilo que é essencial".

 

"É preciso termos em conta que estas normas já estão em vigor há quase doze anos e houve muito pouca consciência da necessidade de as cumprir", sublinhou.

 

Relativamente ao relatório da comissão técnica independente sobre os grandes incêndios de 2017, conhecido esta semana, o primeiro-ministro referiu que se limita "humildemente a ler o que está escrito", procurando interpretar os dados e adaptá-los às políticas necessárias.

 

"Foi assim que fizemos com o primeiro relatório", frisou, acrescentando que o Governo já tem "cerca de três quartos das medidas que foram recomendadas em execução", trabalho que vai prosseguir, tendo em conta os "recursos existentes e o calendário adequado para tomar cada uma das medidas".

 

Segundo António Costa, enquanto o risco de incêndio "não desaconselhar as limpezas", deve limpar-se "o mais possível", porque quanto mais se fizer agora "menor é o risco que teremos amanhã".

 

O primeiro-ministro iniciou este sábado o dia a sul, visitando uma acção de limpeza organizada pelo município de Loulé (distrito de Faro), seguindo depois para Portalegre.

 

No conjunto das acções, que visam também "clarificar que o trabalho de limpeza de terrenos decorrerá até 31 de maio", participam o Presidente da República e cerca de 20 membros do Governo.

Medidas de combate têm novidades mas falta ainda conhecer dispositivo para este ano

O fim das fases de combate a incêndios é uma das novidades anunciadas pelo Governo para este ano, faltando ser conhecido o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), que normalmente é divulgado no final de Março.

 

O fim das fases de combate a incêndios visa o ajustamento dos meios às condições meteorológicas e à ameaça de incêndios.

 

Nesse sentido, estão já adjudicados dez helicópteros que vão garantir "uma resposta permanente ao longo de todo ano", segundo o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

 

Estes helicópteros fazem parte dos 50 meios aéreos anunciados pelo Governo para o combate os fogos de 2018.

 

No entanto, o concurso público internacional lançado pelo executivo no final do ano passado apenas permitiu a contratação desses dez meios aéreos, tendo os restantes lotes ficado vazios.

 

Em Março, foi lançado um novo concurso urgente, que deverá estar concluído no final do mês, para a contratação de 40 meios aéreos de combate a incêndios florestais para o período 2018/2020, num montante total de cerca de 48,9 milhões de euros.

 

Os 50 meios aéreos alugados incluem 38 helicópteros ligeiros, um dos quais para a Madeira, para ataque inicial, seis aviões anfíbios médios, quatro anfíbios pesados para incêndios de grande dimensão e dois aviões ligeiros de avaliação e coordenação.  

 

Para este ano está também prometido uma maior profissionalização no efectivo envolvido no combate, tendo já sido iniciada a formação aos 500 elementos que vão reforçar o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR e aos cem que vão integrar o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, num total de 600.

 

O Governo anunciou também a contratação de 200 guardas florestais e de 500 sapadores florestais, que vão limpar as matas, no inverno e outono, e fazer acções de vigilância e primeira intervenção de combate aos fogos, no verão.

 

A profissionalização vai também ser aumentada nos corpos dos bombeiros voluntários com a criação de mais Equipas de Intervenção Permanente (EIP), sendo intenção do Governo garantir a existência de, pelo menos, uma EIP em cada concelho até 2020.

 

Para este ano, a intenção é criar EIP, constituídas por cinco elementos em permanência nos quartéis de bombeiros para qualquer situação de urgência e emergência registada no concelho, nos corpos de bombeiros voluntários de 189 municípios que integram áreas consideradas prioritárias.

 

Outra das novidades que o Governo quer pôr no terreno este ano é a unidade de ataque ampliado, para actuar quando os fogos são de grande dimensão.

 

Em relação à rede SIRESP (Rede de Emergência de Comunicações do Estado), o ministro Eduardo Cabrita já deu conta que vão ser colocadas 451 antenas satélite nas áreas consideradas de risco de incêndio.

 

Eduardo Cabrita insistiu que o Estado mantém os planos para entrar no capital do SIRESP, em posição maioritária, um processo que "está a ser seguido pelo Ministério das Finanças", com o acompanhamento da sua equipa ministerial.

 

Para o final do mês de Março está prometida a nova lei orgânica da Autoridade Nacional de Protecção Civil, que vai permitir dar estabilidade funcional, principalmente aos que trabalham na ANPC, e definir o seu papel no novo modelo de intervenção no combate aos fogos florestais.

 

Só vai entrar em funcionamento a partir de 2019, mas a orgânica da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), que será responsável pelo planeamento, avaliação e coordenação das entidades envolvidas na prevenção e combate aos incêndios, já foi publicada em Diário da República.

 

Também já foi publicada em Diário da República a Directiva Única de Prevenção e Combate, que define as responsabilidades dos vários participantes no sistema, com a intenção de melhorar a flexibilidade e coordenação entre eles, desde a fase de planeamento, passando pela prevenção até ao combate dos fogos rurais.

 

As Forças Armadas vão passar a ter um papel reforçado no apoio de emergência, ao nível do patrulhamento, tanto na prevenção como no combate aos incêndios, ficando a gestão e a operação dos meios sob alçada da Força Aérea. Mas está medida não se concretiza, pelo menos, este ano, continuando a gestão dos meios aéreos a serem geridos pela ANPC.

 

A transferência do controlo dos meios aéreos de combate a incêndios para a Força Aérea foi analisada por um grupo de trabalho, tendo as conclusões, que ainda não foram reveladas, chegado esta semana ao Governo.

 

O grupo de trabalho teve por missão "estudar, propor e desenvolver" as soluções para concretizar a transferência do comando e controlo daqueles meios para a Força Aérea. E devia "definir o modelo" de "gestão centralizada" daqueles meios pela Força Aérea, incluindo os que forem eventualmente adquiridos e os que sejam sazonal ou pontualmente necessários".




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