Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Governo, PS e parceiros juntos na pressão por um défice mais alto

Nesta visita a Portugal, a troika terá consenso político e social. Não em torno do programa, mas da sua alteração.

Miguel Baltazar/Negócios
  • 5
  • ...

Durante as reuniões com os responsáveis portugueses, a troika enfrentará uma exigência comum: flexibilizar a meta de défice de 2014, de 4% para 4,5% do PIB. Governo, Partido Socialista e parceiros sociais formarão uma vaga de fundo para pressionar os representantes dos credores portugueses a dar mais tempo a Portugal.

Umas das maiores preocupações da troika nos últimos exames ao programa de ajustamento tem sido a erosão do consenso em torno dos objectivos do programa, com um PS mais agressivo no Parlamento e uma UGT menos colaborante em sede de Concertação Social. Na avaliação que arrancou ontem, os chefes de missão da troika deverão deparar-se com um consenso. Não tanto em relação ao programa, mas à necessidade de o alterar.

Na última audição no Parlamento, Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque abriram a porta, reconhecendo divergências com a troika na negociação da meta do défice para 2014 e que o dossier seria novamente abordado durante esta avaliação.

Ontem, o vice-primeiro-ministro voltou a referir-se a esse desacordo. "A diferença entre o Governo português e a troika relativamente aos limites do défice para 2014 não é de agora, foi expressa em Abril deste ano", afirmou à saída de uma reunião de concertação social. "Desejo naturalmente que as nossas negociações, que têm muitos pontos, corram da melhor forma para o nosso País."

Os parceiros sociais estão de acordo com uma flexibilização e têm vindo a defender a revisão global das condições do programa de ajustamento, que passe por um alívio nos juros, no défice e que permita uma estratégia orçamental com cortes menos "agressivos", que não comprometam os "sinais ténues" de recuperação económica. António Saraiva disse aos jornalistas que acredita que a meta do défice será alterada. "Desde Junho que o Governo está a discutir o assunto com a troika", afirmou à saída da reunião de concertação social. "Assumimos que fique nos 4,5%."

João Vieira Lopes, presidente da CIP, considerou "praticamente unânime o apelo à necessidade de que para que a economia recupere tem que haver recuperação do mercado interno". Na reunião "transpareceu uma sensibilidade grande quanto à necessidade de baixar taxas de juro e alargar os prazos de alguns objectivos do plano de ajustamento", afirmou ao Negócios.

Já Lucinda Dâmaso, presidente da UGT, destacou que a reunião "foi muito útil para que possamos assumir uma posição com firmeza perante a troika". Necessário é que as medidas "não hipotequem o crescimento e o emprego".

A pressão tripartida pela alteração da meta terá ainda a intervenção do PS. Ao Negócios, fonte oficial dos socialistas garante que "naturalmente esse assunto será debatido" no encontro entre os socialistas e os chefes de missão da troika. Contudo, fazem questão de lembrar que não foi o PS, mas sim o Governo a mudar de posição. "Há dois anos que o PS defende a flexibilização das metas de défice."

As últimas declarações do presidente do Eurogrupo parecem apontar para uma margem de manobra muito reduzida para Portugal. Mesmo dentro da troika, existem opiniões diferentes. Na sétima avaliação o FMI, admitia que flexibilizar o défice poderia ser bem recebido pelos mercados, mesmo que provoque um aumento da dívida.

Ver comentários
Saber mais Avaliação da troika
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio