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Seguro considera "impossível" hipótese de consenso com partidos do Governo
O secretário-geral do PS considerou hoje "impossível" qualquer possibilidade de consenso concreto com os partidos do Governo após as autárquicas, alegando que o executivo prossegue uma política de cortes em relação à qual os socialistas se opõem.
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Em Guimarães, o Presidente da República voltou a defender um compromisso de médio prazo entre os partidos que subscreveram o memorando da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) que permita reduzir os sacrifícios dos portugueses e relançar a economia.
Após ter participado num debate sobre educação com professores e encarregados de educação na Escola Secundária de Caneças (concelho de Odivelas), o secretário-geral do PS foi questionado pelos jornalistas sobre esta posição do chefe de Estado, mas Seguro fechou a porta à possibilidade de reatar as negociações de Julho passado com o PSD e CDS.
"Os consensos e os compromissos em abstracto são sempre coisas positivas, mas o país precisava de um compromisso em concreto, o que é impossível. Este Governo continua a prosseguir uma política de cortes, que a única coisa que faz é empobrecer o país e essa não é a nossa via. A nossa via é enriquecer o país, apostando no crescimento económico e no emprego", contrapôs.
Para o secretário-geral do PS, "é impossível qualquer tipo de consenso com quem não partilha a mesma visão".
Interrogado se o apelo hoje feito pelo Presidente da República não tem qualquer possibilidade real de êxito, o líder socialista respondeu: "Em concreto só é possível haver consensos se houver partilha de pontos de vista".
"Consideramos que não há nenhumas condições para haver qualquer tipo de consenso. Os portugueses sabem que há dois caminhos distintos: Um é o da política do Governo de cortes nas pensões, na escola pública, ou na saúde, mas essa não é a nossa opção. O Governo persiste na política de cortes e vai sozinho", insistiu.
Perante a insistência dos jornalistas sobre a possibilidade de o PS se sentar de novo à mesa com o CDS e com o PSD, António José Seguro contou uma vez mais o diálogo que teve no sábado com um cidadão que, inicialmente, não concordou com a decisão tomada pelos socialistas em Julho de romperem as negociações com os partidos do Governo.
"Esse cidadão disse-me: Sei agora que o senhor fez bem, porque eles queriam cortar nas pensões e o senhor esteve sempre contra", disse Seguro, contando essa conversa.
Já sobre o apelo do Presidente da República para que a 'troika' releve "bom senso" na nova avaliação que hoje começou a efectuar em Portugal, Seguro disse que, desde a primeira vez que o PS se reuniu com os representantes do FMI, BCE e Comissão Europeia logo assumiu a sua discordância relativamente ao caminho traçado para o país.
"Insistiram e insistem que este é o caminho, o primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] chegou mesmo a dizer que o país precisava de empobrecer. O importante é fazer compreender ao Governo e à 'troika' que estão a colocar o país a caminho do abismo", declarou o secretário-geral do PS.
Para Seguro, "só quem não fala com os portugueses, só quem não anda no país é que desconhece a desgraça que está a chegar e que já chegou a tantas famílias", acrescentou.