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Exportações: FMI dá tiro no porta-aviões de Paulo Portas

O ajustamento externo da economia portuguesa está a ser feito à custa da contracção das importações e do crescimento das exportações de combustíveis. E o FMI é bastante claro: ambos são factores potencialmente insustentáveis. Ontem, o vice-primeiro-ministro disse que as exportações são o "porta-aviões da recuperação".

Bruno Simão/Negócios
19 de Fevereiro de 2014 às 12:02
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"O ajustamento externo tem sido conseguido, em larga parte, devido à compressão das importações de bens que não sejam combustíveis e, ultimamente, ao crescimento das exportações de combustíveis", pode ler-se no relatório da décima avaliação ao programa de ajustamento, publicado esta quarta-feira, 19 de Fevereiro, do Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

Por que é que isso pode ser um problema? Os técnicos do Fundo explicam que as importações deverão em breve voltar a crescer devido à retoma do mercado interno, que as unidades de refinação da Galp começarão a operar na sua máxima capacidade e que o turismo pode estar a beneficiar de uma procura acrescida irrepetível. "Esta dependência da compressão de importações de não-combustíveis e da exportação de combustíveis arrisca enfraquecer os ganhos conseguidos até à data, assim que as importações recuperarem de níveis anormalmente baixos e as unidades de refinação [de combustível] eventualmente esgotem a sua capacidade "extra", ao mesmo tempo que a melhoria na exportação de serviços é vulnerável a choques à procura de turismo."

 

Em relação a este último ponto, o FMI refere em específico que o crescimento das exportações de serviços para França (2,5%) pode reflectir a opção dos turistas franceses por Portugal, em vez dos países do Magreb.

 

Ontem, Paulo Portas classificou as exportações portuguesas como "o porta-aviões da recuperação do nosso país”. Há cerca de dez dias, o Negócios tinha noticiado que, apesar de as exportações portuguesas continuarem a crescer a bom ritmo, os combustíveis foram o principal responsável pelo ajustamento do saldo externo. Se eles forem subtraídos aos valores de saída e entrada de bens, o saldo comercial praticamente estagnou face a 2012, com uma descida de menos de 50 milhões de euros.

"Depois de exceder as expectativas, o ajustamento do saldo externo começou a estabilizar, apontando para a necessidade de assegurar que continuarão a ser feitos esforços para reforçar a competitividade", escrevem os técnicos do Fundo.

 

O FMI nota ainda que os avanços conseguidos nos custos de trabalho das empresas não tiveram uma evolução satisfatória, referindo que a melhoria da competitividade de preço de Portugal face a outros países da Zona Euro tem ficado "abaixo da média". "À luz de uma melhoria por si só limitados é preocupante que alguns dos ganhos nestes indicadores tenham sido invertidos recentemente."

 

O ministro da Economia, Pires de Lima, anunciou na terça-feira, 18 de Fevereiro, que as vendas para o exterior terão representado mais de 40% da riqueza criada no país. As empresas portuguesas ganharam quota a nível global graças à “qualidade dos portugueses”, que estão a ficar bons a vender.

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