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Virgolino Faneca revela quem é o pai de todos os branqueamentos de capitais

Isto anda tudo ligado. A teia de branqueamento de capitais foi urdida por um génio do crime que se tem mantido na sombra. Até agora. Virgolino Faneca, um génio da investigação, revela a sua identidade.

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Distinto Afonso

Venho por este meio comunicar-vos quem é o cérebro de todos os casos de tráfico de influências, branqueamento de capitais, recebimento indevido e quejandos que têm envolvido ilustres figuras da nossa praça (e não só) que vocês, no estrito cumprimento do dever, investigam com um louvável denodo. E faço-o para perceberem que por trás da cortina está um indivíduo que pede meças a Moriarty (piscadela de olho aos leitores de Sherlock Holmes) enquanto génio do crime. Antes de revelar a sua identidade, acrescento que aprendeu muito das suas artes com o polvo Paul, o cefalópode que manipulou os resultados do Mundial de futebol da África do Sul, sob o pretexto de ter dotes mediúnicos. E tem também uns pozinhos de Ponzi pela forma como cria factos em cascata, onde todos parecem que estão a ganhar até ficarem irremediavelmente sem nada.

Contudo, este Moriarty português tem uma vantagem. Como não existe um Sherlock Holmes nacional (que saudades do inspector Artur Varatojo, paz à sua alma), pode planear e executar os seus crimes sem que ninguém lhe faça frente (o inspector Max tentou, mas acabou seduzido por uma rafeira alentejana apropriadamente chamada Sherazade).

... (as reticências são, neste caso, um rufar de tambores literário que precede o revelar do segredo).

… (as reticências, são, neste caso, uma forma de encher espaço, porque me pagam ao caracter).

E eis, meus senhores, a identidade do vilão: PARAGRAFINO PESCADA. Assim mesmo, em maiúsculas, dada a enormidade dos crimes que cometeu.

Para que não julguem tratar-se de uma denúncia sem fundamento, revelo aqui alguns dos detalhes do seu "modus operandi" e da forma como isto anda tudo ligado: Paragrafino começou por comprar uns livros em nome de um ex-secretário de Estado de Sócrates, José Condes Rodrigues, recorrendo a uma agente infiltrada que surripiou um cartão de crédito da carteira do governante aproveitando uma ocasião em que este lhe ajeitava o rabo-de-cavalo. Num momento posterior falcatruou a factura de aquisição, introduzindo o nome e as quantidades da obra comprada: "A Tortura de Democracia", 50 exemplares, e deixou-a cair junto de uns senhores do Ministério do Público que costumam ir almoçar a um restaurante na avenida de Berna. Posteriormente fez uma denúncia anónima que foi parar ao juiz Rui Rangel. Este, que andava a adquirir umas moradias com o senhor Sobrinho, não fez caso do caso, e o Paragrafino, remeteu a dita para o doutor Souto Moura, insinuando que o juiz não só tinha fechado os olhos à sua informação como também, além de ver casas com o Sobrinho, assistia a jogos de futebol do Benfica na companhia do ministro Centeno e no intervalo distribuía os livros comprados pelo Conde Rodrigues, que, como já se viu, eram os escritos por Sócrates. Entretanto, andava o doutor Orlando Figueira pela floresta, quando o Paragrafino percebeu que havia uma oportunidade para meter o lobo na história. Vai daí, arranjou uma máscara do Manuel Vicente, mas em vez de o comer, seduziu-o com uma maçã, porque sempre confundiu as histórias e meteu a bela adormecida no enredo do lobo mau. Enquanto ele ressonava hipnotizado, soprou-lhe ao ouvido o nome de Carlos Silva e mostrou-lhe (porque as pessoas hipnotizadas vêem) umas fotografias do Mussulo, inculcando no dito o desejo de ir vivendo para Angola.

Depois disto e muito mais, bastou a Paragrafino aplicar a táctica de Tulius Detritus (dizendo a um o que o outro tinha feito e assim sucessivamente), para arranjar este belo caldinho, pôr meio mundo de pantanas, outro meio mundo a comprar software para despistar escutas nos telemóveis e o terceiro mundo a gozar o pagode do primeiro mundo.

É claro que podes dizer que isto não faz sentido nenhum. Sendo isso uma probabilidade, existe também a hipótese de não o ser. O melhor é perguntares ao Paragrafino, se o encontrares.


Um amplexo deste teu,


Virgolino Faneca



Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.



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