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Virgolino Faneca reclama a portugalidade do Carnaval, Saiba porquê

Portugal é o país berço do Carnaval, facto que só não é reconhecido derivado da malvadez dos brasileiros, os quais se quiseram vingar de um achamento indesejável.

16 de Fevereiro de 2018 às 17:00
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Douto Sesinando

Na qualidade de venerável mestre das candidaturas de Portugal a todos os títulos da UNESCO, nomeadamente os imateriais (porque materiais a história é o que se sabe), venho por este meio solicitar-lhe que se digne apresentar o Carnaval português como bem cultural único e fundador de todas as manifestações que se propagaram por este mundo fora relativamente à celebração desta data.

Pressinto que estará neste exacto momento a torcer o nariz, meditando sobre a possibilidade de eu estar lelé da cuca, o que sendo admissível, não se adequa neste caso à realidade dos factos, os quais passo a expor em defesa da minha tese.

Na realidade, Portugal é o país berço do Carnaval. As escolas de samba nasceram por cá, as baterias também, o mestre-sala e a porta-bandeiras idem, idem, aspas, aspas, os primeiros samba enredo foram escritos por um tetravô do Tony Carreira e os carros alegóricos nasceram da imaginação de um familiar remoto do José Castelo-Branco.

Assim sendo, questionas tu, por que razão se fala do Brasil como o país do samba. Porque um houve um imenso complô para reescrever a história, respondo. No fundo, tratou-se de uma vingança dos brasileiros por terem sido achados por portugueses, quando havia tanta gente melhor para os ter encontrado. Vai daí, já que a gente (leia-se, os portugueses) achou e roubou ouro e outras riquezas, escravizou indígenas e fez mil e uma tropelias, eles zás, quiseram subtrair-nos algo que nos dava alegria e lhes podia mitigar os danos de nos terem conhecido. Por isso, não foram de modas, e sacaram-nos o Carnaval.

Aliás, basta analisar os factos para compreender. Por exemplo, é evidente que as escolas de samba nasceram na Mealhada e não no Rio de Janeiro, porque só mesmo uns(umas) loucos(as) destemperados(as) conseguem desfilar em trajes menores com cinco graus de temperatura e enfrentando uma chuva molha parvos. Em contrapartida, não há loucura alguma em se apresentar nos mesmos trajes com temperaturas veranis e um calor que aquece o corpo.

Mais uma evidência. A dança dos cus de Cabanas de Viriato foi transladada para terras de Vera Cruz, passando a denominar-se a dança dos bumbuns, uma metáfora para os brasileiros nos dizerem que se estavam a borrifar, de forma escatológica, para nós.

Ou ainda as matrafonas de Torres Vedras. Os brasileiros toparam uns gajos mascarados de gajas (esta ideia, em particular, partiu dos remotos familiares do "marchand" já referido), viram que a coisa não fazia sentido nenhum e puseram umas mulheres realmente vistosas que atraem multidões e exponenciam a venda de papel tissue derivado da muita baba que escorre nos momentos em que elas desfilam.

Como vê, emérito Sesinando, as provas são irrefutáveis. O Carnaval teve a sua origem em Portugal, circunstância também patente no quotidiano do nosso país, nomeadamente nas dietas detox da Rita Pereira, nos fatos do Manuel Luís Goucha, nos posts do Bruno de Carvalho, nas vezes que o Luís Filipe Vieira vai ao DCIAP prestar declarações ou na troca de mimos entre a Cátia Aveiro e a Georgina, em que emerge mais afectos do que aqueles que Marcelo consegue dar. Está pois na altura de diligenciar para que a verdade a que temos direito seja reposta, porque a vida são dois dias e o Carnaval. Em Portugal, geralmente chuvosos.


Um abraço agradecido deste seu,


Virgolino Faneca



Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.



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