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Virgolino Faneca diz que seria uma óptima ideia pôr Pinho a falar com Trump e Putin

O ex-ministro da Economia, depois do treino com Sócrates, não teria dificuldades em estabelecer uma relação empática com Trump e dar lições de natação a Putin

EPA
20 de Julho de 2018 às 17:00
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Amiga Susana

De acordo com o prometido e devido à tua ida a banhos para terras distantes, serve a presente para te informar sobre os temas que dominaram a actualidade. Julgo que esta resenha satisfará as tuas necessidades, podendo ser lida entre duas idas ao mar, ou durante a degustação de uma mini ou de um gin, conforme as posses ou as companhias. Sem delongas, vamos ao essencial.

Esta semana ficou marcada por dois acontecimentos relevantes. Primeiro. Donald Trump e Vladimir Putin conheceram-se e estabeleceram uma relação de grande proximidade, estendendo assim à vida real a condição de amigos que já tinham no Facebook e a de seguidores no Twitter. Segundo. Manuel Pinho foi ao Parlamento falar de vacas leiteiras, revelando assim que, depois da sua saída do Governo e eventualmente do GES, diversificou as suas áreas de interesse e tem aberto um caminho de enormes possibilidades profissionais, o qual pode até passar pelos prados dos Açores.

Ao sopesar estes dois acontecimentos, dei por mim a considerar que seria uma óptima ideia pôr Manuel Pinho a conversar com Donald Trump e Valdimir Putin. Assim-como-assim, Pinho, treinado a aturar o mau feitio de Sócrates, não teria dificuldades em estabelecer empatia com o presidente norte-americano. A mesma linha de raciocínio é extensível ao sorumbático líder russo. Anos de relacionamento com o mal-humorado Salgado dão a Pinho o traquejo suficiente para entrar no mesmo comprimento de onda de Putin.

E perguntas tu, legitimamente, porque seria uma boa ideia. Antes de mais, porque sou eu a dá-la. Em segundo lugar, porque se Pinho fosse capaz de entreter convenientemente Trump e Putin, o mundo ficaria seguramente mais seguro. Imagina o ex-ministro da Economia a explicar aos seus dois amigos de circunstância as diferenças entre os CMEC e os CAE, a entediá-los com pormenores jurídicos sobre os incidentes de recusa ou a explicar as vantagens que existem no facto de os políticos invocarem falta de memória ou argumentarem que foram mal interpretados. Aliás, tenho para mim que Pinho já terá dado algumas dicas a Trump derivado do flic-flac à retaguarda seguido de mortal encarpado que este fez a propósito da Rússia ter eventualmente manipulado as eleições norte-americanas. Primeiro, o presidente dos EUA, juntinho a Putin, garantiu peremptoriamente que tal não tinha acontecido. Depois, já em Washington, veio dar o dito por não dito, admitindo que tal poderá ter acontecido. Bem vistas as coisas, é como o exercício parlamentar que Pinho fez, finalizado com um Tsukahara, no qual prometeu revelar a sua independência face ao Grupo Espírito Santo, para de seguida se recusar a falar sobre o tema.

Não tenho dúvidas de que Manuel Pinho seria um entretém substantivo para Trump e Putin, tendo ainda em consideração o seu vasto domínio de assuntos diversos, tais como a fotografia, os "offshores", a natação (lembram-se das dicas que deu a Michael Phelps numa piscina em Vilamoura?) e touradas. Acresce que é um bom avaliador de pessoas, predicado verificável numa entrevista que concedeu ao Expresso em Março de 2010. Veja-se o que disse sobre Ricardo Salgado: "É um referencial de estabilidade neste país. É de longe o nosso maior banqueiro. E, até porque foi obrigado a viver fora muito tempo, tem uma visão do papel de Portugal no mundo". E a propósito de Lula da Silva: "É de uma inteligência emocional como nunca vi".

Ou seja, Manuel Pinho é o homem certo para evitar que, ainda Trump e Putin se empenhem, afincadamente, em mostrar que Philip Roth, afinal, adivinhou o que aí vinha, quando escreveu "A Conspiração Contra A América". Basta que o dispensem de ser ouvido pela comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de electricidade e ele conseguirá convencer Trump de que este será ainda mais relevante para o mundo caso se dedique à fotografia, inspirando-se em David Hockney, e trará Putin para Portugal, para que este aprimore as suas artes de cossaco no Campo Pequeno.


E, pronto, é mais ou menos isto. Um beijo deste que te estima,

Virgolino Faneca
 

Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.

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