Notícia
Virgolino Faneca discorre sobre os magnânimos problemas de Verão
Será que a Ladybug é capaz de ajudar a resolver as coisas más que se estão a passar? Não sabe quem é a Ladybug? Pergunte aos seus filhos, sobrinhos, netos ou ao Cláudio Ramos que costuma saber tudo.
Após o gozo de algumas férias, regressei à labuta com denodo e prenhe de inquietações que ouso partilhar contigo, sabendo das tuas eméritas qualidades de confidente e, sobretudo, de arquitecta de soluções.
Pois que as minhas preocupações, neste momento, também estão divididas. Por um lado, inquieta-me aquela coisa entre o Trump e o Erdogan, por outro perturba-me aquela coisa entre a Gio e a família toda do Ronaldo, sendo que ambos os estados de alma são exponenciados pelo facto de o Presidente se encontrar a banhos, circunstância que o inibe de comentar os assuntos mais relevantes da actualidade nacional e internacional e apontar saídas para os mesmos.
O Trump, como sabes, não é flor que se cheire. Já o Erdogan, de cada vez que cheira uma, ela murcha. A conjugação destes dois factores torna difícil tomar partido por alguém. O Presidente norte-americano é uma espécie de professor Doofenshmirtz, com a grande diferença de fazer rir pelas más razões, enquanto o líder turco se parece com o senhor Eugene Krabs, sendo que este último tem uma obsessão pelo dinheiro, enquanto a personagem de carne e osso tem uma compulsão pelo poder.
Neste contexto, pensei colocar em campo a Ladybug, para que esta, fazendo uso dos seus "miraculous", pudesse criar um clima de redenção entre ambos, até que me ocorreu que é difícil que as figuras dos desenhos animados resolvam os problemas da vida real. Fiquei pois sem alternativas e peço, pois, que venhas em meu socorro.
De igual forma, encontro-me atarantado com a guerra entre o clã Aveiro e a Gio. O ditado avisa que "de Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos" e a dona Dolores e suas "muchachas" acreditam na sabedoria popular, pelo que pensam (porventura, ajuizadamente) que o casamento de Ronaldo pode provocar um vendaval nas finanças da família, com tudo a voar para a megera da Gio. Vai daí, iniciaram uma guerra de fotos e "likes" nas redes sociais, o que traz uma grande vantagem, na medida em que evita o derramamento de sangue, mas é prejudicial porque mostra o pior das pessoas, a ganância. Nestas circunstâncias, altamente prejudiciais para os interesses nacionais, tive a ideia de convidar a Marine Le Pen a desempenhar o papel de conciliadora, dadas as suas competências em matérias étnicas e migratórias, mas ela escusou-se a ajudar, explicando a atitude como uma retaliação pelo facto de ter sido desconvidada da Web Summit. Ainda aleguei que o encontro se podia realizar em Itália, onde os líderes governamentais partilham das suas opiniões, mas ela mostrou-se irredutível. Para piorar as coisas, ainda pôs uns "likes" nos "posts" de Dolores a azucrinar a Gio, o que me levou a alertar o Bloco de Esquerda e o SOS Racismo para o facto, mas infelizmente, até ao momento, nenhum deles tomou uma posição pública sobre esta desgraça.
Por isso, Perpétua, também aqui, necessito urgentemente dos teus serviços de mediadora encartada, com uma pós-licenciatura obtida na Universidade Cláudio Ramos, para pôr cobro a esta desgraça.
Aguardo pelas tuas sábias instruções.
Um ósculo deste teu,
Virgolino Faneca
Quem é Virgolino Faneca
Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.