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Virgolino Faneca partilha seis fantásticas meditações sobre a actualidade

Virgolino Faneca explica a razão de Assunção Cristas andar de comboio, descobre que Maduro conhece a fundo a História de Portugal e revela a verdadeira razão da ida de Catarina Martins a França.

31 de Agosto de 2018 às 17:00
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Caro Alcides

Indo eu a caminho de Viseu para ver uns primos (na verdade, não tenho lá família nenhuma, mas o anúncio da Feira de São Mateus é convincente), dei por mim a meditar sobre o nosso país e a dormitar no colo da Josefina, que levei na viagem para fazer de conta que era minha prima.

Ora, como bem sabes, as minhas meditações têm uma notável carga substantiva, havendo mesmo quem as compare às cartesianas. Esta circunstância leva-me a considerar ser da mais elevada sensatez partilhar as ditas, para teu engrandecimento intelectual e quiçá enriquecimento cultural da nação.

Assim sendo, aqui ficam as minhas profundas meditações, que só puderam ver a luz do dia devido à graciosidade do colo da minha falsa prima.

1. A Festa do Avante proibiu a venda do livro do activista angolano, Luaty Beirão, "Sou Eu Mais Livre, Então". Tenho para mim que ninguém avisou a organização de que o camarada José Eduardo dos Santos já não é Presidente de Angola.

2. Os distraídos ainda não apreenderam o verdadeiro alcance das viagens de comboio de Assunção Cristas. A razão é simples. A líder centrista anda à procura de uma identidade política. O seu antecessor era o Paulinho das Feiras, pelo que ela almeja ser a Assunçãozinha das Locomotivas. Evidente, não achas?

3. Catarina Martins foi à Universidade de Verão do partido França Insubmissa dizer mal do Governo português que o seu partido apoia. Ao contrário do que tem sido referido, a líder do Bloco não se limitou apenas a criticar Mário Centeno e o PS por se manterem "alinhados com a ortodoxia neoliberal europeia". A motivação primeira desta deslocação foi a de convidar Marine Le Pen para o acampamento de Verão do Bloco de Esquerda, sendo que esta recusou, não por questões ideológicas, mas sim porque apenas pernoita em hotéis de cinco estrelas.

4. Nicolás Maduro revela ser um estudioso da História de Portugal. A sua ideia de vender lingotes de ouro é inspirada no milagre atribuído a D. Isabel. Como se sabe, quando transportava pão escondido para distribuir pelos pobres, foi travada por D. Dinis. "Que trazeis no regaço, senhora", perguntou-lhe o rei. E ela, "são rosas, senhor". Efectivamente, por obra do divino, aquilo que era pão transformou-se em rosas. Maduro quer inverter o milagre. Dá lingotes de ouro aos venezuelanos e, quando eles chegarem a casa, os ditos vão metamorfosear-se em pão. São coisas destas que mantêm este Maduro firme no ramo.

5. Bruno de Carvalho processou a ex-mulher e exige uma indemnização no valor de 30 mil euros por "divórcio sem consentimento do outro cônjuge". Há quem, de forma estulta, julgue Bruno de Carvalho, apontando-lhe o pecado da avareza. Trata-se de uma avaliação apressada feita por quem não conhece todos os factos. Na realidade, Bruno de Carvalho precisa dos 30 mil euros porque pretende contrair matrimónio consigo próprio e convidar Sousa Cintra para fazer o registo fotográfico do evento. Uma boda deste calibre requer investimento. Elementar.

6. Muitas pessoas (porventura, muitíssimas) têm tendência a criticar o Presidente dos Estados Unidos por tudo e por nada, aplicando nas suas avaliações um grau de tolerância zero. A minha vetusta meditação diz-me que há aqui um exagero. Veja-se. Ainda esta semana, Donald Trump avisou que pode haver violência caso o seu partido, os Republicanos, perca as eleições intercalares de Novembro. Ora, se isto não é de um homem que só quer a paz e o bem, não sei o que diga.

E com estas seis transcendentes meditações me despeço.


Um saudoso abraço deste teu,

Virgolino Faneca
 

Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.

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