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Portugal está entre os quatro países da União Europeia (UE) com menor número de homens por cada 100 mulheres, mas, ainda assim, são eles que ganham mais ao final do mês. A conclusão é de um relatório da Pordata, o portal de estatísticas da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), hoje divulgado a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se celebra este sábado, dia 8.
Os números falam por si. De acordo com os dados, as mulheres recebem, em média, menos 16% do que os homens, o que se traduz numa diferença real superior a 238 euros por mês. A disparidade entre géneros mantém-se mesmo que recuemos na linha do tempo – em 2012, as trabalhadoras recebiam menos 239 euros, enquanto em 2007 a diferença fixava-se em pouco mais de 256 euros.
"Há uma disparidade de ganhos entre homens e mulheres", escreve a Pordata, que esclarece que esta realidade se verifica em todas as categorias de profissões. Mas se os salários são diferentes para a generalidade dos trabalhadores, o relatório assinala que a desigualdade aumenta na progressão da carreira. Nos cargos de topo, elas recebem menos 760 euros, cerca de 26% abaixo do ordenado dos colegas homens.
"Nos órgãos de decisão das empresas, havia menos de uma mulher por cada quatro homens (17%) nos cargos seniores", onde a presença feminina "é significativamente inferior". Aliás, segundo o Eurostat, apenas 34,7% dos cargos de gestão na UE são ocupados por mulheres. A Pordata diz ainda que, com base nestes dados, Portugal encontra-se em 22º lugar entre os 27 Estados-membros.
Os números tornam-se particularmente relevantes quando observamos a representatividade feminina no mercado de trabalho, rubrica em que o país tem bom desempenho. "Portugal tem uma das maiores taxas da UE de participação feminina no mercado de trabalho", refere o relatório, que alerta, porém, para a existência de "grande precariedade de vínculos laborais". Perto de uma em cada cinco mulheres tem um contrato de trabalho temporário, aponta.
Na 15ª edição do estudo "Presença feminina nas empresas em Portugal", da InformaDB, a evolução da representatividade das mulheres em cargos de liderança tem sido "quase nula" – desde 2017, aumentou apenas um ponto percentual. Em sentido contrário, porém, a empresa diz que nas organizações cotadas em bolsa ou integradas no setor público se tem assistido a um aumento da paridade, em grande medida a reboque da lei de quotas de 2017.
"Nas empresas cotadas, a percentagem de mulheres com assento nos conselhos de administração era, no final de 2024, de 35%, o que representa uma evolução significativa face aos 10% que se registavam em 2014", lê-se no relatório.
O equilíbrio entre géneros, no que respeita a lugares de decisão, tem pior desempenho em sectores como o da banca e seguros (17% de mulheres nos cargos de gestão, 11% nas posições de liderança). Serviços gerais, alojamento e restauração, retalho, serviços empresariais e atividades imobiliárias são aqueles em que há maior representatividade feminina, ainda que "bastante abaixo da paridade".
A InformaDB apresenta ainda o Score ESG, que mostra que "as equipas mistas na gestão têm um melhor desempenho ESG do que aquelas exclusivamente masculinas ou femininas".