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“Semear Ação” leva ativismo climático a povoações de Trás-os-Montes

Iniciativa promovida por associações ambientalistas com o Pacto Climático Europeu quer “fortalecer as comunidades, fixar pessoas e atrair novos elementos” para territórios de baixa densidade.

04 de Abril de 2025 às 15:53
Objetivo é apoiar as comunidades locais a protestar contra projetos que considerem prejudiciais à sua localidade Leandro Coutinho
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Ensinar a lutar por causas localmente relevantes é um dos principais objetivos do projeto "Semear Ação", que este fim-de-semana vai a Trás-os-Montes para mobilizar as comunidades a defender os seus territórios. A iniciativa é promovida pelo Pacto Climático Europeu e pelas associações ambientalistas Zero e Transitar, que vão estar este sábado em Tourencinho, Vila Pouca de Aguiar, depois de já terem passado pelas Caldas da Rainha e por Pombal. A dinamização local fica a cargo da Associação Cultural e Recreativa de Tourencius dos Xudreiros (ACRTX).

A ideia é simples, mas poderosa: capacitar comunidades para protegerem os seus recursos naturais e tornarem-se protagonistas na resposta às alterações climáticas. "O foco do Semear Ação é fornecer ferramentas e formação às populações locais, para que possam intervir e salvaguardar as zonas de elevado valor ecológico", explica Rita Prates, representante da Zero e coordenadora nacional do Pacto Climático Europeu. Segundo a ambientalista, o envolvimento cívico é essencial e tem mostrado a sua força em diversos movimentos populares contra projetos como minas, abates de árvores ou intervenções urbanas contestadas.

A par das preocupações ambientais, o "Semear Ação" traz também para a discussão o problema do despovoamento do interior. Com as eleições legislativas à porta, o tema ganhou destaque político. "Queremos chamar a atenção para a necessidade de políticas que favoreçam a permanência e o regresso de pessoas às zonas rurais. Isso só será possível com estratégias sustentáveis, que tornem o interior apelativo para as novas gerações", reforça Rita Prates.

Sara Barreiro, da ACRTX, destaca o simbolismo do evento nesta altura do ano. "Estamos na época das sementeiras e, este ano, decidimos semear algo mais do que alimentos. Estamos a semear consciência e ação ambiental", aponta. Criar pontes entre gerações e fomentar o sentido de pertença são passos fundamentais para construir comunidades resilientes e com qualidade de vida, acredita.

O programa começa às 10h00 na sede da ACRTX, instalada num antigo apeadeiro da Linha do Corgo, agora transformado em centro cultural. A primeira atividade será o Mural do Clima, um workshop interativo que explica, com base científica, os mecanismos por detrás das alterações climáticas e como atuar para mitigar os seus efeitos.

"Acreditamos que só é possível gerar mudança quando há conhecimento. O Mural do Clima é uma ferramenta essencial para despertar essa consciência coletiva", explica Aurore Delaunay, presidente da Transitar, para quem entender o problema é o primeiro passo para agir.

O Pacto Climático Europeu, enquadrado no European Green Deal, é uma das principais apostas da União Europeia para mobilizar cidadãos e organizações em torno de práticas mais sustentáveis. A meta é clara: reduzir a dependência de combustíveis fósseis, travar a emissão de gases de efeito estufa e promover estilos de vida mais saudáveis e conscientes.

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