Notícia
Legado Obama: Did he?
“Yes, we can”, prometia um optimista Barack Obama, acreditando na construção de um mundo melhor. “Yes, we did”, diz agora. Mesmo com o legado ameaçado por Trump, o presidente cessante parece não perder a esperança.
"Prometo-vos que chegaremos lá", proclamou em Chicago um ainda jovem Barack Obama na noite em que, no final de 2008, se tornou o primeiro afro-americano eleito Presidente dos Estados Unidos. Perante 250 mil pessoas unidas pela esperança e comoção, o "lá" que Obama prometia era uma América melhor e mais forte. Oito anos depois, e a escassos dias da passagem de testemunho para Donald Trump, o Presidente cessante regressou à cidade que viu nascer o "Obama político" para uma emotiva despedida em que o alento dos discursos inaugurais deu lugar à defesa do seu legado.
"Yes, we did", garantiu Obama numa adaptação do slogan da campanha "Yes, we can" que, contra todas as expectativas, e com um misto de fé e vontade de mudança, tornou a sua candidatura à Casa Branca num imparável movimento rumo à vitória. O tempo agora é de balanço. Resta, portanto, a pergunta: "Did he?"
"Obama concretizou a maioria das mudanças que prometeu em 2008", defende Michael Grunwald, autor do livro "The New New Deal: The Hidden Story of Change in the Obama Era". Redactor principal do site Politico, Grunwald lembra que, quando Obama assumiu funções, os EUA "encaminhavam-se para uma segunda Grande Depressão e as suas políticas ajudaram a evitar o descalabro e a estimular a recuperação". Também Álvaro Vasconcelos estabelece um paralelismo entre as políticas económicas de Obama e o "New Deal" do Presidente Franklin D. Roosevelt. "Obama fez políticas à Roosevelt", diz o antigo director do Instituto de Estudos e Segurança da União Europeia, que atribui ao Presidente cessante o mérito de ter feito "um corte com o pensamento neoliberal, dominante desde [Ronald] Reagan". No âmbito da promovida "recuperação financeira" ("Recovery Act"), Bernardo Pires de Lima, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), realça a "redução do desemprego e do défice orçamental".
Após dois mandatos de administração Obama, foram criados 16 milhões de postos de trabalho, o emprego cresce há 75 meses consecutivos, a taxa de desemprego recuou de níveis recorde na casa dos 10% para menos de 5% e, em 2016, os rendimentos aumentaram para todos os segmentos de trabalhadores. Há ainda o reforço legislativo das regras aplicadas à indústria de Wall Street ("Dodd-Frank Act"). "Obama voltou a colocar a economia americana como uma das mais pujantes do mundo", resume Álvaro Vasconcelos.
O jornalista Grunwald salienta igualmente o polémico Obamacare ("Affordable Care Act"), que "garantiu o acesso a seguros de saúde a 20 milhões de pessoas e que transformou o nosso disfuncional sistema de saúde". Também Pires de Lima inclui o Obamacare nos principais "feitos" do Presidente cessante, possibilitando a "extensão da protecção à saúde a milhões de americanos". Ambos destacam a "revolução de energia limpa" ("Clean Energy Act"), que garantiu a independência energética nacional, sublinha Pires de Lima. Obama "fez mais para reduzir as emissões de dióxido de carbono do que qualquer outro na História", remata Grunwald.
A promoção dos direitos de identidade de gays, lésbicas e transexuais permitiu "melhorar substancialmente" as suas vidas, aponta o jornalista americano, sem esquecer o derrube da lei que proibia homossexuais assumidos de cumprirem o serviço militar. Em termos de políticas de igualdade, a administração Obama aprovou, também, legislação para fomentar a equidade de salários entre homens e mulheres com funções equivalentes. Verificou-se, porém, o aumento do fosso que separa os 1% muito ricos dos restantes 99%.
Expectativas envenenadas
À imagem de qualquer estadista, o legado de Obama não é isento de erros nem imune a críticas. Desde logo porque a sua retórica messiânica criou expectativas demasiado elevadas. E dificilmente concretizáveis. Um dos exemplos notórios da desilusão instalada é a sonhada e prometida "América pós-racial". Em entrevista à NBC News, Obama admitia que cumprir esse sonho "nunca foi realista", porque um "problema com séculos não poderia ser resolvido do dia para a noite". "Ao contrário do esperado, as tensões raciais não conheceram uma evolução favorável", afirma Álvaro Vasconcelos. A reforçar esta ideia está o aparecimento do movimento "Black Lives Matter" e os confrontos entre comunidades negras e forças policiais que mancharam o segundo mandato.
Além deste fracasso assumido pelo próprio, Obama não escondeu o desalento pela incapacidade demonstrada em aprovar legislação mais restritiva sobre o uso e porte de armas. O tiroteio de Sandy Hook, em 2012, é para Obama o momento mais negativo dos oito anos de presidência.
Pires de Lima identifica um outro fracasso ao nível doméstico: Obama não terá feito tudo o que podia pela paz no eleitorado democrata depois das primárias de 2008, uma divisão que contribuiu para a derrota de Hillary Clinton em 2016". Grunwald concorda e recorda que o Partido Democrata "perdeu as duas câmaras do Congresso sob a sua liderança e vê Obama ser substituído por alguém que quer desfazer tudo aquilo que ele fez".
"Obama criou extraordinárias expectativas. O que acabou por criar um défice de expectativas", explica Álvaro Vasconcelos, lembrando o não cumprimento da promessa de encerrar a prisão de Guantánamo. Receber o prémio Nobel da Paz com menos de um ano de presidência - Obama chamou-lhe "presente envenenado" - não ajudou. "Mas não conseguir pôr em prática toda a sua agenda" também se deveu a um Congresso hostil, não apenas em relação ao político mas também ao que a própria pessoa representa, sustenta Vasconcelos. Em bloco, a oposição chamou-lhe "demagogo das palavras". Classificação injusta, diz Pires de Lima, ao ver na "qualidade da comunicação e da liturgia do discurso presidencial" factores que fizeram de Obama "um dos melhores Presidentes americanos no domínio do discurso político".
Um presidente multilateralista
Olhando para o plano externo, a avaliação feita à acção presidencial de Barack Obama é globalmente favorável. "No essencial, foi muito positiva", diz Vasconcelos. O especialista em RI considera que o Presidente cessante percebeu que "a América já não é uma superpotência hegemónica e que já não vivemos num mundo unipolar". E conclui que "Obama foi claramente um Presidente multilateralista" num "mundo pós-ocidental", em que países como a China e Índia "são a pedra-de-toque". O Acordo de Paris sobre as alterações climáticas é um exemplo desta perspectiva. Tal como o é a "importância atribuída ao G10, à China e à Ásia de uma forma geral".
A abertura que se traduziu no acordo de cooperação com Cuba e no acordo sobre o programa nuclear do Irão também figura entre os feitos das políticas de Obama. "Forjou um acordo que travou o programa nuclear iraniano e promoveu uma grande abertura face a Cuba", refere Michael Grunwald. "Também fez regressar a casa quase todas as nossas tropas que estavam no Iraque e no Afeganistão", lembra o jornalista. Pires de Lima discorda ao considerar que Obama "não previu nem geriu convenientemente as retiradas do Iraque e do Afeganistão, nem as revoltas árabes e islâmicas no Mediterrâneo".
Mesmo com a generalidade dos analistas a apontar a Síria como o maior falhanço da política externa da administração Obama, o Presidente cessante vê na Líbia o seu maior fracasso. Vasconcelos compreende esta leitura e recorda que Obama "também foi eleito pela defesa do não-intervencionismo" e salienta que, "apesar do mandato do Conselho de Segurança, foi grave a intervenção na Líbia ter ido muito além do mandato da ONU".
Mas, para Álvaro Vasconcelos, a acção americana na Síria foi, de facto, "o maior fracasso", sobretudo pela "indisponibilidade de os EUA usarem a força, mesmo como último recurso". A política de Obama em relação ao Médio Oriente "foi extremamente negativa", lamenta o analista. O que, no entender de Pires de Lima, se ficou a dever "à ingenuidade e excesso de optimismo" demonstrados por Obama, "sobretudo no início do mandato". Para o investigador, houve "demasiada complacência com o revisionismo russo na Ucrânia e na política europeia".
Considerando que Obama "fez a análise correcta da ordem internacional e colocou em prática as políticas certas para multilateralizar o policentrismo" vigente, Vasconcelos acredita que "a fragilidade da UE e o processo de desagregação internacional enfraqueceram a capacidade de acção de Obama". Para Pires de Lima, os mandatos do Presidente cessante constituíram "uma grande oportunidade perdida para fazer mais e melhor na política interna e externa e uma grande oportunidade conquistada para mudar uma série de eixos geopolíticos, percepções sobre a América, novas formas de fazer campanha eleitoral e de alargamento da sensibilidade social". Vasconcelos defende que estas contradições mostram que "Obama tinha o defeito das suas virtudes". Ou seja, a convicção na necessidade de procurar "consensos para implementar uma agenda de valores que não pode ser imposta, tem de ser construída". Classificando o legado de Obama de "extraordinário", este analista afiança que "vamos ter saudades dele e, quanto mais o tempo passar, melhor perceberemos o quão certo estava em relação ao essencial". O que também deixará saudades, e que não é de somenos quando se olha para o historial de polémicas de muitos Presidentes norte-americanos, é que Obama deixa a presidência "sem escândalos nem casos nefastos à sua imagem ou da sua família", recordam Pires de Lima e Grunwald.
Um legado ainda por definir
Quando Barack Obama tomou posse como 44.º Presidente dos Estados Unidos, reinava a esperança numa América e num mundo melhores. Agora que toma posse Donald Trump, é o medo do abismo e a incerteza que imperam. Obama sai de cena com nota alta, como mostra a sondagem desta semana do Washington Post e da ABC, que o inclui no lote restrito de Presidentes - Roosevelt, Reagan e Bill Clinton - que cessam funções com 60% ou mais de aprovação. E como um político inspirador e bem-intencionado que tentou derrubar muros - tensões raciais, desigualdade, preconceitos -, mas que se deparou com uma oposição acicatada. Sem maioria no Congresso, recorreu a decretos presidenciais para aprovar medidas como a redução das emissões de gases poluentes ou o reatar das relações com Cuba e o Irão. Boa parte deste legado está agora ameaçado pela chegada de Trump ao poder. É por isso que Grunwald, mesmo considerando que Obama "foi um Presidente incrivelmente consequente", diz que o seu "legado ainda não está definido". Conhecedor desta realidade, Obama disse na NBC que "fazemos progressos e, por vezes, damos um passo atrás antes de voltar a andar para a frente. Mas isso não é motivo para desesperar. É motivo para ter esperança."
"Yes, we did", garantiu Obama numa adaptação do slogan da campanha "Yes, we can" que, contra todas as expectativas, e com um misto de fé e vontade de mudança, tornou a sua candidatura à Casa Branca num imparável movimento rumo à vitória. O tempo agora é de balanço. Resta, portanto, a pergunta: "Did he?"
Após dois mandatos de administração Obama, foram criados 16 milhões de postos de trabalho, o emprego cresce há 75 meses consecutivos, a taxa de desemprego recuou de níveis recorde na casa dos 10% para menos de 5% e, em 2016, os rendimentos aumentaram para todos os segmentos de trabalhadores. Há ainda o reforço legislativo das regras aplicadas à indústria de Wall Street ("Dodd-Frank Act"). "Obama voltou a colocar a economia americana como uma das mais pujantes do mundo", resume Álvaro Vasconcelos.
O jornalista Grunwald salienta igualmente o polémico Obamacare ("Affordable Care Act"), que "garantiu o acesso a seguros de saúde a 20 milhões de pessoas e que transformou o nosso disfuncional sistema de saúde". Também Pires de Lima inclui o Obamacare nos principais "feitos" do Presidente cessante, possibilitando a "extensão da protecção à saúde a milhões de americanos". Ambos destacam a "revolução de energia limpa" ("Clean Energy Act"), que garantiu a independência energética nacional, sublinha Pires de Lima. Obama "fez mais para reduzir as emissões de dióxido de carbono do que qualquer outro na História", remata Grunwald.
A promoção dos direitos de identidade de gays, lésbicas e transexuais permitiu "melhorar substancialmente" as suas vidas, aponta o jornalista americano, sem esquecer o derrube da lei que proibia homossexuais assumidos de cumprirem o serviço militar. Em termos de políticas de igualdade, a administração Obama aprovou, também, legislação para fomentar a equidade de salários entre homens e mulheres com funções equivalentes. Verificou-se, porém, o aumento do fosso que separa os 1% muito ricos dos restantes 99%.
Expectativas envenenadas
À imagem de qualquer estadista, o legado de Obama não é isento de erros nem imune a críticas. Desde logo porque a sua retórica messiânica criou expectativas demasiado elevadas. E dificilmente concretizáveis. Um dos exemplos notórios da desilusão instalada é a sonhada e prometida "América pós-racial". Em entrevista à NBC News, Obama admitia que cumprir esse sonho "nunca foi realista", porque um "problema com séculos não poderia ser resolvido do dia para a noite". "Ao contrário do esperado, as tensões raciais não conheceram uma evolução favorável", afirma Álvaro Vasconcelos. A reforçar esta ideia está o aparecimento do movimento "Black Lives Matter" e os confrontos entre comunidades negras e forças policiais que mancharam o segundo mandato.
Além deste fracasso assumido pelo próprio, Obama não escondeu o desalento pela incapacidade demonstrada em aprovar legislação mais restritiva sobre o uso e porte de armas. O tiroteio de Sandy Hook, em 2012, é para Obama o momento mais negativo dos oito anos de presidência.
Pires de Lima identifica um outro fracasso ao nível doméstico: Obama não terá feito tudo o que podia pela paz no eleitorado democrata depois das primárias de 2008, uma divisão que contribuiu para a derrota de Hillary Clinton em 2016". Grunwald concorda e recorda que o Partido Democrata "perdeu as duas câmaras do Congresso sob a sua liderança e vê Obama ser substituído por alguém que quer desfazer tudo aquilo que ele fez".
"Obama criou extraordinárias expectativas. O que acabou por criar um défice de expectativas", explica Álvaro Vasconcelos, lembrando o não cumprimento da promessa de encerrar a prisão de Guantánamo. Receber o prémio Nobel da Paz com menos de um ano de presidência - Obama chamou-lhe "presente envenenado" - não ajudou. "Mas não conseguir pôr em prática toda a sua agenda" também se deveu a um Congresso hostil, não apenas em relação ao político mas também ao que a própria pessoa representa, sustenta Vasconcelos. Em bloco, a oposição chamou-lhe "demagogo das palavras". Classificação injusta, diz Pires de Lima, ao ver na "qualidade da comunicação e da liturgia do discurso presidencial" factores que fizeram de Obama "um dos melhores Presidentes americanos no domínio do discurso político".
Um presidente multilateralista
Olhando para o plano externo, a avaliação feita à acção presidencial de Barack Obama é globalmente favorável. "No essencial, foi muito positiva", diz Vasconcelos. O especialista em RI considera que o Presidente cessante percebeu que "a América já não é uma superpotência hegemónica e que já não vivemos num mundo unipolar". E conclui que "Obama foi claramente um Presidente multilateralista" num "mundo pós-ocidental", em que países como a China e Índia "são a pedra-de-toque". O Acordo de Paris sobre as alterações climáticas é um exemplo desta perspectiva. Tal como o é a "importância atribuída ao G10, à China e à Ásia de uma forma geral".
A abertura que se traduziu no acordo de cooperação com Cuba e no acordo sobre o programa nuclear do Irão também figura entre os feitos das políticas de Obama. "Forjou um acordo que travou o programa nuclear iraniano e promoveu uma grande abertura face a Cuba", refere Michael Grunwald. "Também fez regressar a casa quase todas as nossas tropas que estavam no Iraque e no Afeganistão", lembra o jornalista. Pires de Lima discorda ao considerar que Obama "não previu nem geriu convenientemente as retiradas do Iraque e do Afeganistão, nem as revoltas árabes e islâmicas no Mediterrâneo".
Mesmo com a generalidade dos analistas a apontar a Síria como o maior falhanço da política externa da administração Obama, o Presidente cessante vê na Líbia o seu maior fracasso. Vasconcelos compreende esta leitura e recorda que Obama "também foi eleito pela defesa do não-intervencionismo" e salienta que, "apesar do mandato do Conselho de Segurança, foi grave a intervenção na Líbia ter ido muito além do mandato da ONU".
Mas, para Álvaro Vasconcelos, a acção americana na Síria foi, de facto, "o maior fracasso", sobretudo pela "indisponibilidade de os EUA usarem a força, mesmo como último recurso". A política de Obama em relação ao Médio Oriente "foi extremamente negativa", lamenta o analista. O que, no entender de Pires de Lima, se ficou a dever "à ingenuidade e excesso de optimismo" demonstrados por Obama, "sobretudo no início do mandato". Para o investigador, houve "demasiada complacência com o revisionismo russo na Ucrânia e na política europeia".
Considerando que Obama "fez a análise correcta da ordem internacional e colocou em prática as políticas certas para multilateralizar o policentrismo" vigente, Vasconcelos acredita que "a fragilidade da UE e o processo de desagregação internacional enfraqueceram a capacidade de acção de Obama". Para Pires de Lima, os mandatos do Presidente cessante constituíram "uma grande oportunidade perdida para fazer mais e melhor na política interna e externa e uma grande oportunidade conquistada para mudar uma série de eixos geopolíticos, percepções sobre a América, novas formas de fazer campanha eleitoral e de alargamento da sensibilidade social". Vasconcelos defende que estas contradições mostram que "Obama tinha o defeito das suas virtudes". Ou seja, a convicção na necessidade de procurar "consensos para implementar uma agenda de valores que não pode ser imposta, tem de ser construída". Classificando o legado de Obama de "extraordinário", este analista afiança que "vamos ter saudades dele e, quanto mais o tempo passar, melhor perceberemos o quão certo estava em relação ao essencial". O que também deixará saudades, e que não é de somenos quando se olha para o historial de polémicas de muitos Presidentes norte-americanos, é que Obama deixa a presidência "sem escândalos nem casos nefastos à sua imagem ou da sua família", recordam Pires de Lima e Grunwald.
Um legado ainda por definir
Quando Barack Obama tomou posse como 44.º Presidente dos Estados Unidos, reinava a esperança numa América e num mundo melhores. Agora que toma posse Donald Trump, é o medo do abismo e a incerteza que imperam. Obama sai de cena com nota alta, como mostra a sondagem desta semana do Washington Post e da ABC, que o inclui no lote restrito de Presidentes - Roosevelt, Reagan e Bill Clinton - que cessam funções com 60% ou mais de aprovação. E como um político inspirador e bem-intencionado que tentou derrubar muros - tensões raciais, desigualdade, preconceitos -, mas que se deparou com uma oposição acicatada. Sem maioria no Congresso, recorreu a decretos presidenciais para aprovar medidas como a redução das emissões de gases poluentes ou o reatar das relações com Cuba e o Irão. Boa parte deste legado está agora ameaçado pela chegada de Trump ao poder. É por isso que Grunwald, mesmo considerando que Obama "foi um Presidente incrivelmente consequente", diz que o seu "legado ainda não está definido". Conhecedor desta realidade, Obama disse na NBC que "fazemos progressos e, por vezes, damos um passo atrás antes de voltar a andar para a frente. Mas isso não é motivo para desesperar. É motivo para ter esperança."