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Mnuchin contraria Trump e diz que dólar forte é positivo

O candidato a secretário de Estado do Tesouro norte-americano demarcou-se de declarações recentes de Trump que se queixou do alto valor do dólar face ao yuan.

19 de Janeiro de 2017 às 20:11
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Steven Mnuchin, a escolha de Donald Trump para liderar o Tesouro norte-americano, demarcou-se nesta quinta-feira, 19 de Janeiro, de comentários recentes do sucessor de Barack Obama, ao considerar que uma moeda forte é "importante" para uma economia também forte.

Falando na audiência de confirmação perante o Comité de Finanças do Senado, Mnuchin, um veterano de Wall Street e antigo quadro do Goldman Sachs, sugeriu que os comentários de Trump terão sido mal interpretados. "Eu acho que quando o presidente eleito fez esse comentário sobre a moeda dos EUA não estava a falar sobre o longo prazo, era talvez sobre o curto prazo", afirmou, concluindo que a força a longo prazo do dólar "é importante". E pode garantir que Trump não vai interferir na política cambial? "Este presidente quer fazer muitas coisas que outros não fizeram", respondeu com algum incómodo.

Donald Trump, que toma posse nesta sexta-feira, quebrou nesta semana uma tradição dos presidentes norte-americanos ao comentar o valor de câmbio do dólar, que disse estar "muito forte" em parte devido a uma desvalorização deliberada do yuan pela China. "As nossas empresas não podem competir com eles agora porque a nossa moeda está muito forte. E isso está a matar-nos a todos", disse.

Mnuchin pôs um ponto final mais assertivo em declarações mais antigas de Trump sobre a eventualidade de os Estados Unidos renegociarem a sua dívida. "Já gastámos o dinheiro, assumimos obrigações, é fundamental que não haja dúvidas de que pagaremos as nossas dívidas". O próximo secretário de Estado do Tesouro disse ainda que vai trabalhar com o Congresso para aumentar o teto do endividamento para afastar o risco de incumprimento por parte do governo federal.

Mnuchin aproveitou a ocasião para frisar que uma taxa de crescimento sustentável de 3% -4% nos EUA é "muitíssimo importante" e viável com uma política económica correta. "Todos devemos estar focados em coisas que façam crescer a economia", disse, ao salientar a importância de uma reforma fiscal e a reorientação de investimentos de empresas norte-americanas para o próprio país. "Trabalharemos diligentemente para reduzir a regulamentação, baixar os impostos sobre os americanos que mais trabalham e sobre as pequenas empresas, pondo o motor da economia a funcionar a todo o gaz de novo".

A sua audição foi tensa e as perguntas mais ferozes foram sobre a Rússia (respondeu que apoia a manutenção de sanções), sobre o risco de conflitos de interesse do novo presidente (empresário com interesses em inúmeros sectores e que se terá endividado amplamente junto de entidades estrangeiras), mas sobretudo sobre a sua actuação à frente do OneWest, banco acusado de se ter comportado como uma máquina de execução de hipotecas e de despejos no auge da crise financeira desencadeada pelo crédito imobiliário de alto risco (subprime).

Mnuchin foi ainda confrontado com o facto de se ter "esquecido" de declarar activos na ordem dos 100 milhões de dólares, mas o assunto acabou por não ser muito explorado pelos senadores, incluindo os democratas, porque a informação sobre o seu património foi completada antes do início da audiência.
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