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Intensidade carbónica da economia portuguesa atinge valor mais baixo desde 1995

Decréscimo das emissões para a produção de eletricidade no topo das causas para esta redução, revela o INE. Na última década, Portugal reduziu em 15,5% o global das suas emissões de gases com efeito de estufa.

16 de Outubro de 2023 às 08:43
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A conjugação da redução das emissões do potencial de aquecimento global (GWP) com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) determinaram uma redução da intensidade carbónica da economia portuguesa de 6,9%, atingindo o valor mais baixo desde 1995, o início da série de observações, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo os resultados das Contas das Emissões Atmosféricas para 2021, o GWP atingiu 58,5 milhões de toneladas de equivalente de CO2 em 2021, tendo voltado a diminuir (-1,6%) em relação ao ano anterior, apesar do contexto marcado por um forte crescimento económico em que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) aumentou 5,5% em volume, a maior evolução positiva desde 1990.

Segundo o INE, esta redução deveu-se essencialmente ao decréscimo de 2,4% das emissões de dióxido de Carbono (CO2).

Em contrapartida, os outros indicadores de stress ambiental pioraram: o potencial de acidificação (ACID) e o potencial de formação de ozono troposférico (TOFP) aumentaram 2,8% e 3,8%, respetivamente.

Os ramos de atividade que mais contribuíram para a diminuição do potencial de aquecimento global foram Energia, água e saneamento (-12,6%) e Indústria (-4,5%). Por outro lado, a recuperação económica contribuiu para os aumentos das emissões de gases de efeito de estufa nos ramos dos Transportes, informação e comunicação (23,8%), Construção (10,3%) e Comércio e restauração (7,6%).

"A manutenção da tendência de diminuição das emissões dos gases de efeito de estufa em 2021, após um ano marcado pelas medidas de contenção aplicadas no contexto da pandemia COVID-19, que afetaram severamente a atividade económica, foi particularmente significativa, já que ocorreu num cenário de recuperação da economia cujo crescimento foi o maior desde 1990", refere o INE em comunicado.

A redução das emissões de CO2 em 2021 deveu-se essencialmente ao decréscimo das emissões da produção de eletricidade, que registaram uma redução de 22,2% em relação ao ano anterior, resultado do efeito combinado do aumento relativo da energia renovável no total da energia produzida em Portugal com o fim do uso de carvão na produção elétrica, explica o INE.

Em 2021, à semelhança do ano anterior, a Indústria foi o ramo da atividade económica que mais contribuiu para o GWP (24,9%), contrariando a tendência que se verificava desde 1998, em que predominava o ramo da Energia, água e saneamento. A redução das emissões dos gases de efeito de estufa deveu-se maioritariamente ao ramo da Energia, água e saneamento (-12,6%), seguida da indústria (-4,5%).

Os ramos de atividade com maiores emissões de CO2 foram a Indústria e a Energia, água e saneamento, totalizando 50,4%. A Agricultura, silvicultura e pesca foram responsáveis pelas maiores quantidades de metano e óxido nitroso, com 75,3% e 49,9%, respetivamente.

O INE refere que, desde 2012, tem sido evidente uma tendência de redução de emissões em alguns dos ramos de atividade. A Energia, água e saneamento (-43,6%), os Transportes, informação e comunicação (-15,8%) e a Indústria (-2,6%) foram os ramos de atividade que mais diminuíram as emissões de gases de efeito de estufa neste período e que se estendeu também às Famílias (-2,9%).

Por outro lado, a Agricultura, silvicultura, pesca (8,9%), a Construção (4,3%) e os Restantes ramos de atividade (3,7%) aumentaram as suas emissões de gases de efeito de estufa nos últimos dez anos.

"Estas reduções de emissões de gases de efeito de estufa foram mais evidentes desde 2017, explicado maioritariamente pelo fim da produção de eletricidade a partir de carvão e pelo aumento da incorporação de fontes de energia renovável para a produção de eletricidade", explica o INE.

Os dados apurados indicam também que o CO2 é o gás de efeito de estufa com maior representatividade a nível nacional (71,8% do total das emissões em 2021), devido à predominância das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis. O metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), que representaram, respetivamente, 17,6% e 5,1% do GWP, têm origem principalmente na agricultura e nos resíduos. Os gases fluorados (F-Gases), associados aos sistemas de climatização estacionária e na refrigeração comercial, contribuíram com 5,5% para o total do GWP.

A intensidade carbónica da economia quantifica as emissões do GWP necessárias para a obtenção de todos os bens e serviços produzidos. O indicador consiste no rácio entre o total nacional de emissões do GWP e o PIB.

Entre 2012 e 2021, a intensidade carbónica da economia portuguesa decresceu 23,2%. Vários fatores estão na base desta evolução, nomeadamente o crescimento significativo (+62,1%) da energia produzida a partir de fontes de energia renovável desde 2012 (principalmente hídrica e eólica) e a implementação de medidas de eficiência energética, como as melhorias da eficiência dos transportes, através da renovação do parque automóvel e da expansão do veículo elétrico, e das habitações, por via da certificação dos edifícios.

Nos últimos dez anos verificou-se uma diminuição de 15,5% do global de emissões de gases de efeito de estufa.

 

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