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15 de Maio de 2009 às 12:00

Voto em preto

Onde, frustradamente, o autor constata que, em Portugal, se não pode votar no preto, como nos Estados Unidos, nem "em branco", dada a insuficiência da mensagem , pelo que sugere um novo tipo formal de voto e de boletim à...

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Onde, frustradamente, o autor constata que, em Portugal, se não pode votar no preto, como nos Estados Unidos, nem "em branco", dada a insuficiência da mensagem , pelo que sugere um novo tipo formal de voto e de boletim à Comissão Nacional de Eleições: O "voto em preto".

Não pensem que não pensei fortemente sobre o assunto, mesmo em altas elucubrações com base em estudos profundos, quase herméticos, e me pus aparentemente a queimar espaço precioso e escasso que bem podia utilizar em temas de verdadeiro interesse nacional como: "A vida sexual dos animais selvagens no Circo Chen" ; "Dias Loureiro e a defesa da assinatura de cruz, como meio de gestão na empresa 'post-moderna'" ou mesmo "Da utilização da porrada moderada preferentemente ao insulto grosseiro, nas manifestações sindicais do terceiro milénio".

Bem compreendo que este tipo de assuntos e outros de igual valia tenham preocupado os comentadores e demais salvadores da pátria nas últimas semanas, à falta de mais legislação alarve saída do Parlamento. Mas, pela parte que me toca, confesso que se tratou mais de falta de tema realmente palpitante do que outra coisa qualquer, à medida, por exemplo, que se tem a percepção que o caso Freeport ou vai ser arquivado ou imputado ao guarda florestal da zona protegida do Tejo e a questão que se vai por mais para diante será como é que os "bifes", através de organizações de duvidosa legalidade, com o Serious Fraud Office, ofendem a soberania nacional como se estivessem ainda no tempo do Mapa Cor-de-Rosa (aliás, é preciso ser-se mesmo labrego para perder tempo a produzir 20.000 páginas de investigação quando se pode estar por cá a passar 4 anos a trabalhar para o bronze).

Mas, meus amigos, vai haver eleições, montes de eleições, pelo que este, como tema residual, passa muito bem, e até puxa para a abstracção ou mesmo para a construção intelectual, se se quiser puxar para esses lados. Valia do tema e aplicação pensante ficam assim demonstradas.

Então como votar, na minha (brilhante) perspectiva? Parece até tarefa impossível. Se não, vejamos:
Votar no partido que preside quase continuadamente à estagnação do País e à década perdida, só mesmo por masoquismo. Ainda por cima com um primeiro-ministro carrancudo (embora exemplo de ascensão e sacrifício pessoal, visto que, para subir na vida, estudava à noite e fazia exames ao domingo numa universidade modelo e de excelência, ao ponto de haver escolas profissionais que dão equivalência a diplomas lá obtidos).

Então, no principal partido da oposição? Mas a líder do mesmo ou vai dando umas gafes para a risota ou põe toda a gente a dormir, um exemplo absoluto de carisma ao contrário, numa época de mobilizar e congregar energias (não renováveis).

O beato Louçã, sempre imaginoso, ainda podia trazer novidades europeias, como, por exemplo, a implementação do fuzilamento trotskista com ajustamentos democráticos. Mas como há-de faltar dinheiro para balas, não parece ser solução. O PC também ainda não é hipótese, visto o presidente do grupo parlamentar ter ido fazer um estágio de democracia à Coreia do Norte, não ficando disponível nos próximos dois anos.

Finalmente, parece que há um partido de Direita, mas como não existe Direita em Portugal, esse partido será, pois, uma impossibilidade física. Seja como for, não me lembro do nome (Alzheimer, tal como Sartana, não perdoa).

Abstenção é uma boa hipótese e pode-se ficar na cama a ler as revistas de fim-de-semana. Mas também, bolas!… povo soberano é povo soberano e tem que decidir, mesmo num país onde, com raras excepções, ninguém decide nada.

Por corolário, teremos que riscar também o voto "em branco" e o voto nulo, mesmo o inutilizado por razão de insultos no boletim, uma eventualidade interessante que me obrigou a intenso debate interior.

E estava a cair no impasse bloqueante, quando, provavelmente por estar no banho, se fez o meu "eureka" para a solução: O voto "em preto"!!

Como andam todos na caça ao voto, isso significa que o eleitor possui um bem transaccionável, no mercado nacional. Até há um precedente histórico muito interessante, a "chapelada", que eu, porém, recuso, por preferir um tipo de solução "one man, one vote", única fórmula realmente democrática.

Entra, pois, o "voto em preto", título ao portador registado, que seria posto em compra e venda num mercado de balcão, com emissão no início da campanha e maturidade no dia das eleições.
Como, com a nova lei do financiamento, os partidos estão cheios de "cacau", haveria uma profunda injecção de liquidez na economia, uma verdadeira medida anticrise, e, além disso, diminuir-se-ia drasticamente a abstenção, tornando-nos o exemplo e coqueluche da Europa.

Finalmente, a cor preta do boletim representaria não só o estado de alma dos portugueses, como o vigor afirmativo em antípoda com o tipo "em branco", e sabe-se como a força simbólica se revela importante.

Tem agora a palavra a Comissão Nacional de Eleições (que não deverá incluir magistrados, senão só se sabe o resultado eleitoral daqui a 5 anos).


Nota importante - Qualquer semelhança do que está neste escrito com situações reais e pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. É essencial o presente aviso, porque, como as coisas estão, montes de pessoas poderão julgar o contrário.
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