Opinião
Histórias no mínimo horríveis
(Onde o autor, ciente de que no dia em que esta notável prosa é publicada só se vão ler e ouvir coisas sobre a cimeira europeia, e, não conseguindo participar por estar a elaborá-la três dias antes, amua, e escreve pouco sobre muito, mas sem qualquer interesse relativo, embora para compensar o leitor traga uma agenda que, previne, pode abalar um sistema nervoso mais frágil).
1- Mário Soares anda muito activo ultimamente, em modulação Guevara, pelo que ainda não desisti de o ver acampar, a ele e à fundação, à porta da bolsa de Lisboa, a nefanda NyseEuronext, em protesto contra o capitalismo e os mercados que "têm que ser postos na ordem". Com o devido respeito por um pai da democracia portuguesa, para mim o mais relevante, convirá lembrar que o homem, quanto a compreensão da economia e finanças, deve andar num nível Hugo Chavez. Ainda por cima afirmou, há dias, que, na cimeira europeia, Passos Coelho devia "mandar um murro na mesa", imaginem! Eu, por mim, se quisesse armar à radical, aconselhava-o antes a mandar o murro na Merkl, porque, assim na mesa, pareceria antes pateticamente cómico, levando imediatamente uma notação "lixo menos" da prestimosa Standard & Poor’s. Parafraseando Lenine, cada vez acho mais que o "esquerdismo" é, sim, a "doença infantil" do socialismo,
2- Parece que, na reunião do grupo parlamentar do PS, prévia à votação do Orçamento do Estado, houve uma sublevação da família Addams da estirpe Sócrates – a que alguns, menos adeptos da modesta discrição que me caracteriza, apodam de "tralha socrática" – esbracejando para que o partido votasse contra. Parece que Zorrinho manteve os "animais ferozes" sob controle, mas, como efeito colateral do motim, Seguro não conseguiu retirar dividendos de um certo amaciamento da proposta governamental. Eu, por mim, estou-me borrifando nos estados de alma desses irmãos Metralha, mas não deixa de ser penoso, depois do estado catatónico em que deixaram o País, vê-los a espirrar canivetes e a emperrar soluções imprescindíveis para a comunidade e para o saudável saneamento do partido que negociou o memorandum de entendimento com a União Europeia e que, desse modo, é imprescindível ao País.
No título, prometi acenar com coisas medonhas: Já pensaram se, com a provável derrota da coligação no poder nas próximas legislativas, teremos o regresso do Freddie Kruger nacional ou seus cúmplices? Brrrrrrr.
3- Se eu fosse de irritar mais do que de mangar, estava doido com a ministra da Justiça. A santa senhora, que dizem ser tão determinada como aparenta, tem nas mãos a pasta mais importante ( a seguir à das Finanças) na actual conjuntura porque o País está enredado em leis ineficientes, redundantes e confusas e atolado em processos parados e cobranças impossíveis, o que desmoraliza os cidadãos e desencoraja os investidores. Sendo assim as coisas, percebe-se mal a altercação em permanência com o "bastonadário" da Ordem dos Advogados, por si ou interposta pessoa, o que dá ideia de futilidade e dispersão por "arruídos", em detrimento da imersão nas tarefas imensas que tem em mãos. A favor de Marinho, há quem fique extasiado pelo facto de o senhor "dizer umas verdades". Mas também fazem isso o bobo da corte ou o tolo da aldeia e ninguém lhes presta atenção. Como diz lapidarmente o presidente da Associação Sindical de Juízes, "para esse peditório eu já dei".
4- Atrevo-me a adivinhar que, enquanto a cimeira europeia se realiza, os ansiosos circunstantes não deixam de ter em mente a espantosa notação da Standard and Poor’s sobre 15 dos 17 países da moeda única europeia, colocando-os, há dias, sob observação negativa. Eu sei que estou a levar ao limite os níveis de ansiedade dos meus estóicos leitores, e por isso relativizo já as coisas, e nem é com a cansativa lembrança da classificação triplo AAA do lixo tóxico do Lehman e mais gangada: não é que a inevitável agência, em 16 de Novembro, atribuiu a nota B- a títulos georgianos que não existiam e, no dia seguinte, emitiu um anúncio a elevar a qualificação do Brasil para BBB, que era a que já existia?
Haja mais fé!
Advogado, autor de " Ganhar em Bolsa" (ed. D. Quixote), "Bolsa para Iniciados" e "Crónicas Politicamente Incorrectas" (ed. Presença). fbmatos1943@gmail.com
Assina esta coluna semanalmente à sexta-feira, execpcionalmente é publicada hoje
2- Parece que, na reunião do grupo parlamentar do PS, prévia à votação do Orçamento do Estado, houve uma sublevação da família Addams da estirpe Sócrates – a que alguns, menos adeptos da modesta discrição que me caracteriza, apodam de "tralha socrática" – esbracejando para que o partido votasse contra. Parece que Zorrinho manteve os "animais ferozes" sob controle, mas, como efeito colateral do motim, Seguro não conseguiu retirar dividendos de um certo amaciamento da proposta governamental. Eu, por mim, estou-me borrifando nos estados de alma desses irmãos Metralha, mas não deixa de ser penoso, depois do estado catatónico em que deixaram o País, vê-los a espirrar canivetes e a emperrar soluções imprescindíveis para a comunidade e para o saudável saneamento do partido que negociou o memorandum de entendimento com a União Europeia e que, desse modo, é imprescindível ao País.
3- Se eu fosse de irritar mais do que de mangar, estava doido com a ministra da Justiça. A santa senhora, que dizem ser tão determinada como aparenta, tem nas mãos a pasta mais importante ( a seguir à das Finanças) na actual conjuntura porque o País está enredado em leis ineficientes, redundantes e confusas e atolado em processos parados e cobranças impossíveis, o que desmoraliza os cidadãos e desencoraja os investidores. Sendo assim as coisas, percebe-se mal a altercação em permanência com o "bastonadário" da Ordem dos Advogados, por si ou interposta pessoa, o que dá ideia de futilidade e dispersão por "arruídos", em detrimento da imersão nas tarefas imensas que tem em mãos. A favor de Marinho, há quem fique extasiado pelo facto de o senhor "dizer umas verdades". Mas também fazem isso o bobo da corte ou o tolo da aldeia e ninguém lhes presta atenção. Como diz lapidarmente o presidente da Associação Sindical de Juízes, "para esse peditório eu já dei".
4- Atrevo-me a adivinhar que, enquanto a cimeira europeia se realiza, os ansiosos circunstantes não deixam de ter em mente a espantosa notação da Standard and Poor’s sobre 15 dos 17 países da moeda única europeia, colocando-os, há dias, sob observação negativa. Eu sei que estou a levar ao limite os níveis de ansiedade dos meus estóicos leitores, e por isso relativizo já as coisas, e nem é com a cansativa lembrança da classificação triplo AAA do lixo tóxico do Lehman e mais gangada: não é que a inevitável agência, em 16 de Novembro, atribuiu a nota B- a títulos georgianos que não existiam e, no dia seguinte, emitiu um anúncio a elevar a qualificação do Brasil para BBB, que era a que já existia?
Haja mais fé!
Advogado, autor de " Ganhar em Bolsa" (ed. D. Quixote), "Bolsa para Iniciados" e "Crónicas Politicamente Incorrectas" (ed. Presença). fbmatos1943@gmail.com
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