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16 de Fevereiro de 2007 às 13:59

O risco de um incidente entre EUA e Irão

A presença de dois porta-aviões com sua frota de apoio e as eventuais preparações para o envio de um terceiro grupo para o Golfo fazem suspeitar que George W. Bush encara cada vez com maior seriedade um confronto com o Irão.

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A Administração Bush desdobra-se em declarações afirmando que os EUA não estão a preparar uma guerra, ou um ataque contra o Irão. Contudo multiplicam-se as afirmações de fontes oficiais norte-americanas segundo as quais brigadas da Guarda Revolucionária iraniana estão a contrabandear para os xiitas iraquianos explosivos que estão a ser usados contra as tropas americanas.

A estes rumores George Bush responder não saber se alguém a alto nível no Executivo de Bagdade está a par e fomenta esse contrabando. Quando interrogado directamente sobre uma acção contra o Irão o Presidente dos Estados Unidos limita-se a responder que é sua missão proteger as tropas norte-americanas no Iraque.

Claro que não é racionalmente admissível que George W. Bush, apesar de toda a sua retórica desencadeie um ataque ao Irão. O risco, e esse aumenta com a cresc ente presença de forças navais americanas na zona do Golfo, é o de um incidente que leve a uma inevitável retaliação americana. Todos o sabem. Não é crível, mas contraditoriamente também não pode ser excluída a possibilidade de uma retaliação contra território iraniano.

 Ao afirmar a sua decisão de proteger as tropas americanas e tendo em consideração as acusações sobre o fornecimento de explosivos aos xiitas iraquianos pela Guarda Revolucionária iraniana a verdade é que Bush não afasta, antes admite a possibilidade de uma acção punitiva contra o Irão em caso de um atentado ou ataque extremamente violento contra os soldados americanos.

O Irão não facilita de modo nenhum a tarefa aos que pretendem evitar as sanções e eventuais aventuras militares, como a União Europeia, a Rússia ou a China. A atitude do pode fundamentalista de Teerão é desafiadora e a cada endurecimento responde com uma atitude semelhante.

O Irão está rodeado de países com armas nucleares, Paquistão, Índia, Israel. Ora o Paquistão, mesmo contra a vontade do seu Presidente cuja ditadura conveniente é tolerada sem reservas, é um dos países que se sabe apoiar os talibãs e porventura o próprio Bin Laden. Mas é um aliado dos "good guys" e por isso a tolerância é imensa.

Uma porta parece contudo abrir-se nos esforços diplomáticos que estarão a levar a Coreia do Norte a desmantelar o seu arsenal nuclear. Existem contextos diferentes, situações económicas e sociais diferentes mas a ter sucesso provará que a diplomacia e um misto de incentivos e pressões podem dar resultado. Não se pode extrapolar linearmente a situação para o Irão. Todavia esse misto de diplomacia de aliciamento e pressão, a integração do Irão e uma panóplia de outros instrumentos poderão ajudar não a que o Irão pare o enriquecimento de urânio mas pelo menos a que permita as inspecções e se afaste do fabrico de armas nucleares.

Dois bons primeiros passos estão na Palestina e na procura de uma saída militar do Iraque. Saída que, queiramos ou não, terá de passar por um diálogo com a Síria e o Irão. Países que não podem também ser ignorados, tal como Israel, na procura de uma solução na Palestina e no Líbano.

No Médio Oriente e Golfo joga-se ao burro. Uma carta mal colocada e toda a construção se desmorona.

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