Opinião
O juízo final
Em 1919 o primeiro-ministro britânico, Lloyd George, anunciava, com visível pesar, que se as tropas do seu país abandonassem o Iraque este ficaria entregue à anarquia e à guerra civil. Tantos anos depois os americanos dizem a mesma coisa.
Em 1919 o primeiro-ministro britânico, Lloyd George, anunciava, com visível pesar, que se as tropas do seu país abandonassem o Iraque este ficaria entregue à anarquia e à guerra civil. Tantos anos depois os americanos dizem a mesma coisa.
A invasão do Iraque revela-se hoje, transparentemente, como um dos maiores erros políticos do Ocidente nos últimos anos.
A substituição de um ditador, Saddam Hussein, por uma carnificina sem fim visível e um Estado sinistro por uma anarquia, é o legado de George W. Bush e de Tony Blair ao mundo. Em vez de criarem a democracia incendiaram o ódio entre sunitas e xiitas e de todos estes contra o que se pareça com o Ocidente.
O discurso sobre o diálogo do Ocidente com o Islão está definitivamente minado. O Ocidente deixou de saber conciliar os interesses estratégicos com a democracia e com a liberdade de imprensa.
E quando quis impor sistemas democráticos a países que não têm uma unidade definida, a asneira tornou-se sangrenta.
Após os atentados a um dos locais santos dos xiitas no Iraque dificilmente as centenas de milhares de soldados ocidentais conseguirão apagar todos os fogos que irão incendiar o país. E o maior dilema é saber como os EUA, sequiosos de petróleo, sairão do pântano de nafta que criaram.