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Negócios negocios@negocios.pt 12 de Julho de 2012 às 23:30

A surpresa chamada exportação

A rapidez com que as exportações subiram e o consumo privado caiu e, com ele, as importações revelam que a economia portuguesa mantém uma flexibilidade que não desapareceu, nem com a ausência de política cambial, nem com mais de uma década de mais direitos e apoios consagrados na lei.

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No fim do ano passado, as exportações de bens e serviços cobriram quase 97% das importações. O máximo que foi atingido desde que se aderiu ao euro foi 80%. Claro que a melhoria da taxa de cobertura das importações pelas exportações se devem em grande parte à queda das compras ao exterior, determinadas por acentuadas reduções no consumo de bens duradouros como automóveis. Mas há igualmente um contributo da subida das exportações que têm conquistado quotas de mercado - da ordem dos 3,2% em 2011 -, ou seja, têm resistido à queda das importações nos países clientes. Durante o ano passado, e conforme se pode ler no Boletim Económico do Banco de Portugal revelado esta semana, os ganhos de quota de mercado, registados na segunda metade do ano passado e já este ano, "são bastante significativos, quer no mercado intracomunitário quer no mercado extracomunitário, sendo particularmente notáveis os ganhos de quota em destinos menos habituais, como a Bélgica, a Polónia, a Suécia". Fora da UE, os números das exportações destacam-se em Angola, Brasil, EUA e China. Se a surpresa negativa foi o desemprego, a surpresa positiva desta crise está a ser a exportação.

Os maus ventos de Madrid e Bruxelas

Portugal tem um problema nas contas públicas, Irlanda tem (teve) um problema com a sua banca, tal como agora Espanha. O programa de ajustamento espanhol será aprovado dia 20 de Julho, em mais uma reunião do Eurogrupo.

Não se sabe exactamente qual será o montante do empréstimo, mas as informações disponíveis convergem para um montante da ordem dos 100 mil milhões de euros, esperando-se que 30 mil milhões de euros cheguem a Madrid ainda antes de Agosto para resolver os problemas mais urgentes. Mas exactamente porque não está construída toda a arquitectura de responsabilidades, a utilização desses recursos só poderá ser feita mediante autorização do Banco de Espanha, do BCE, da Comissão Europeia e do Eurogrupo.

O levantamento rigoroso das necessidades de capital da banca espanhola está agendado para Setembro. Nessa altura saber-se-á quais as entidades que são viáveis e precisam de aumentar capital, as que estão sólidas ou que podem encontrar recursos nos mercados e as que não são viáveis e terão de ser liquidadas.

Feito este retrato, incompreensível é o facto de Espanha estar a aplicar um programa de austeridade semelhante ao português, enviando a factura dos problemas da banca aos contribuintes espanhóis, ainda antes de se saber quais vão ser os bancos liquidados.
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