Opinião
«O atraso português nas TMTs»
Dados disponíveis confirmam que a competitividade dos sectores industriais nos países da OCDE é, em grande parte, determinada pelo nível tecnológico de cada sector de actividade.
Francisco Banha, Director da Gesventure
Os indicadores disponíveis da EVCA informam-nos que Portugal está no último pelotão dos investimentos efectuados nos sectores tecnológicos pelo que importa conhecer e reflectir sobre algumas das causas de tal acontecer:
Ao
longo dos últimos meses temos vindo a constatar que um conjunto, cada vez
maior, de especialistas das mais diversas áreas do Saber afirmam que nos
encontramos perante um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da
tecnologia da informação, a qual assume uma importância semelhante à que as
novas fontes de energia (desde o motor a vapor à electricidade, aos combustíveis
fosseis e até mesmo à energia nuclear) representavam na IIª Revolução
Industrial, visto que a gestão e distribuição de energia foram o elemento
principal em que assentava a sociedade industrial.
Não é assim de admirar que a estrutura da economia global actual seja o resultado de uma dinâmica e forte concorrência entre os agentes económicos e entre os locais (países, regiões e áreas económicas) onde estes se encontram instalados, que tem por base um sistema global articulado por uma rede baseada nas tecnologias de informação.
Dados disponíveis confirmam que a competitividade dos sectores industriais nos países da OCDE é, em grande parte, determinada pelo nível tecnológico de cada sector de actividade. Pelo que se pode deduzir que a capacidade dos países para competir na economia internacional se encontra directamente relacionada com o seu potencial tecnológico.
No
entanto, também é comum afirmar-se, os EUA são disso um exemplo, que as
empresas de alta tecnologia dependem de recursos financeiros para manterem o seu
espaço contínuo pela inovação, produtividade e competitividade. Ou seja, o
capital financeiro, actuando directamente por meio de instituições financeiras
ou de uma forma indirecta mediante a dinâmica dos mercados bolsistas,
condiciona os destinos das indústrias de alta tecnologia.
Por
sua vez, a tecnologia e a informação são ferramentas decisivas para a geração
de lucros e conquista de um mercado cada vez mais competitivo e exigente.
A
constatação deste facto faz com que o sistema americano coloque cada vez mais
dinheiro nas novas tecnologias, pois o domínio destas dá-lhe um enorme poder
de controlo sobre aqueles que não têm possibilidade, ou não tenham visão
para o fazer.
Em
face do exposto, Portugal não pode de maneira nenhuma ficar marginalizado e
excluído das redes de informação que se expandem exponencialmente na razão
de ser da sua capacidade de criar um interface entre campos tecnológicos
mediante uma linguagem difícil comum na qual a informação é gerada,
armazenada, recuperada, processada e transmitida, como bem constatou Nicholas
Negroponte.
Mas será isto que está a acontecer?
(Brevemente será publicado a continuação deste artigo)
Francisco Manuel Banha
Director da Gesventure
www.gesventure.pt
fbanha@gesbanha.pt