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21 de Setembro de 2006 às 13:59

Lições para as esquerdas europeias

A campanha eleitoral das legislativas suecas, cujos resultados foram conhecidos no passado Domingo, teve como tema central a questão do emprego ou, no caso, a falta dele.

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Com efeito, o primeiro-ministro cessante Goran Persson, há dez anos no poder, que encabeçou uma coligação com os verdes, apenas conseguiu 46,2% dos sufrágios, contra 48,1% da aliança conservadora liderada por Frederik Reinfeldt.

Este resultado é sobretudo extraordinário porque nestes últimos setenta e cinco últimos anos a esquerda social-democrata governou a Suécia durante sessenta e quatro anos, aliadas a boas performances do governo cessante, nesta última década, que lhe permitiu elevar o crescimento económico e situá-lo muito acima da média europeia, a rondar os 5%, com uma estimativa de 3,4% para este ano, sempre acompanhado de uma inflação baixa.

A questão, porém, é que o crescimento económico não conseguiu criar postos de trabalho e, por isso, o tema do emprego foi a questão mais candente da campanha com a aliança conservadora, constituída por uma plataforma de três partidos, os liberais, centristas e democratas-cristãos, a invocar que a taxa oficial de 5,7% se encontra maquilhada, dado que mais de um milhão de habitantes estão arredados do mercado de trabalho, como os deficientes ou aqueles que frequentam acções de formação profissional e que, assim, a taxa real se situaria próxima dos 15%.

Ou seja, o eleitorado não pretende que o Estado providência sueco, que foi sempre uma inspiração para outros países e apontado como modelo ideal, seja abandonado. O que os eleitores pareceram querer dizer é que os abusos devem ser travados, designadamente os comportamentos parasitários que podem, muito facilmente, pôr em causa o equilíbrio das finanças públicas.

Frederik Reinfeldt de 41 anos, e próximo primeiro-ministro, quer manter o modelo social-democrata, mas em moldes mais modernos, encorajando algumas privatizações e procedendo cirurgicamente a baixas de impostos, designadamente no tocante aos empregadores, em especial no que concerne os jovens e imigrantes, serviços ao domicílio, com uma aposta forte no aumento de produtividade e numa elevada componente em investigação e desenvolvimento.

O lema é um novo partido do trabalho em que se pretende combater os abusos e que, por isso, prevê, inevitavelmente, a diminuição dos valores dos subsídios de desemprego ou de doença ou, ainda, de pré-reforma.

É curioso constatar que todos os Estados nórdicos como a Finlândia, a Dinamarca e agora a Suécia viraram politicamente à direita, mas mantiveram, apesar de pequenas reformas, inalterado o modelo social vigente.

Foi assim com o finlandês Matti Vanhanen em 2003, que permitiu um crescimento invejável do país alicerçado na educação, investigação e formação contínua. O mesmo se passou na Dinamarca com o liberal Anders Fogh Rasmussen que, desde 2001 concebeu um casamento feliz entre a segurança e a flexibilidade, esta para o emprego e despedimento e aquela para os subsídios de desemprego e de formação tendo em vista uma reintegração no mercado de trabalho.

Nesta senda espera-se que vá, igualmente, o novo governo sueco cuja vitória, em termos de interpretação de resultados eleitorais, demonstra que nem sempre uma segurança social elevada conduz a uma protecção elevada e que, antes pelo contrário, pode ser um veículo de fomento de abusos e, logo, um desincentivo forte ao trabalho e ao emprego.

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