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30 de Março de 2007 às 13:59

Kabila eleito sem democracia enfrenta instabilidade que ameaça a região

Joseph Kabila Presidente do Congo (Kinshasa), eleito com 58 por cento dos votos, tornou-se desde o início deste mês no primeiro Presidente eleito do antigo Zaire e constituiu o primeiro governo democrático desde a independência da Bélgica.

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As Nações Unidas pagaram o acto eleitoral mais caro de África e mantêm no território uma força superior a 17 mil homens. Contudo nem a ONU nem o Exército recém-nascido de Joseph Kabila conseguem controlar e estabilizar sequer a capital. Em Kinshasa o seu rival Jean-Pierre Bemba mantém intacto o seu exército e os confrontos sucedem-se com as forças governamentais e até as forças da MONUC, manifestamente insuficientes para um país daquela dimensão.

Kinshasa, capital a Oeste do país, não controla o que se passa na região dos Grandes Lagos onde Uganda, Ruanda e Burundi cobiçam as riquezas naturais daquele que é potencialmente o país mais rico de África e onde jazem as maiores riquezas naturais do Mundo.

A corrupção endémica deste do tempo de Mobutu Sesse Seko mantém-se mesmo que Kabila procure ter mão pesada. Foram designados para o novo Governo ministros que não existiam obrigando o Presidente à última hora a recorrer a políticos que estivessem mais à mão.

Os apoios da Comunidade Internacional para pagar o desarmamento das milícias esfumaram-se sem que as milícias tivessem entregado as armas e os seus elementos integrados no sector produtivo. Os combates mantêm-se muitas vezes apenas por desestabilização, outras por saque mas muitos por motivos tribais, os mesmo que fizeram do Ruanda um dos mais imensos campos de morte desde os "khmers vermelhos" de Pol Pot. Uma mortandade que não tem fim à vista e empurra para Angola um sem número de refugiados que se dedicam ao garimpo ilegal de diamantes e acabam por ser expulsos e devolvidos ao Congo (Kinshasa). O Alto Comissária do das Nações Unidas para os Refugiados não consegue intervir com um pouco de ordem. Ao mesmo tempo tem refugiados de guerra angolanos que regressam – a maioria já voltou – e refugiados zairenses que são expulsos ou deambulam ao longo da fronteira procurando fugir à violência da guerra e encontra um canto para viverem.

O poder de Joseph Kabila não parece, por enquanto, estar em causa. Contudo, as Nações Unidas estão metidas numa situação onde – aqui sim se justificava um reforço de meios militares e financeiros. Não se trata apenas de trazer alguma estabilidade ao Congo (K) mas de estabilizar uma das maiores, mais ricas e mais populosas zonas da África Central, para não falar numa das mais martirizadas.

A situação do Darfour cada vez mais estendida ao Chade e a instabilidade crescente na Somália e Sudão vão alargando a mancha de desordem, instabilidade, genocídio. Mais do que isso, esse alargamento vai ameaçando de instabilidade as fronteiras de outros países, como Angola, Kénia, Tanzânia, etc.

A União Africana – que em primeira instancia deveria ter um papel relevante da estabilidade da região – está ainda muito verde e profundamente dividida. Sem pressões da Comunidade Internacional em consonância com a de um grupo de países africanos mais envolvidos na região e um reforço de meios da ONU poderemos muito bem estar a caminhar para a Primeira Grande Guerra Africana.

O tempo não é um aliado.

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