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Eles falam falam...

Em plena contradição com a fórmula «menos Estado, melhor Estado», vivemos em época cada vez mais corporativa, cada vez mais estrangulada pela máquina pública e pelos sindicatos.

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Não há nada melhor que uma prolongada discussão à volta do défice para demonstrar o nível do debate político em Portugal. Não está bom, nem se recomenda e está em muito pior forma que a inquieta auto-estima e os níveis de confiança económica dos portugueses.

Os tribunos da acção digladiam-se em rendilhados verbais, para tentar demonstrar que os opositores, esses sim, foram os grandes causadores deste ou daquele desaire ou comportamento politicamente incorrecto e triste, no entanto, a culpa morre sempre solteira, em plena cultura de impunidade ao ponto de chegarmos com facilidade ao «Há quem diga» sem mais fundamento, ainda que neste país de muitas insinuações, cada vez mais se fique com a sensação que tantas vezes esses núncios foram os primeiros a dizer...

No entanto, não ficamos por aqui. O eleitor comum apercebe-se ainda que aqueles que tradicionalmente dizem também estar sempre ao lado do povo, nestas alturas apontam baterias, não só para os outros, os da oposição, como também para os próprios colegas de bancada ou até de governo em plena entropia de procedimentos numa lógica do salve-se quem puder.

Uma leitura serena, mas atenta, do «Príncipe» de Maquiavel ou da «Arte da Guerra» de Sun Tzu, mostra que ambos os mestres da estratégia sabiam que a verdadeira política trata imperativos categóricos e tal como na arte da guerra a principal qualidade é a coragem, na política deve ser  a coerência, alicerçada num discurso de convencimento voltado para os eleitores mas infelizmente quantas vezes só relembrado nas campanhas eleitorais, que o mesmo é dizer, seja em que circunstâncias forem, não queira nenhuma força política ou figura de maior perícia discursiva, passar mais atestados de menoridade do que aqueles que eventualmente já somos legítimos portadores...

Em plena contradição com a fórmula «menos Estado, melhor Estado», vivemos em época cada vez mais corporativa, cada vez mais estrangulada pela máquina pública e pelos sindicatos, por isso, talvez esteja na altura de se criar também uma Ordem dos Eleitores, uma consciência cívica que não prescinda dos ideais sociais, mas sim da partidocracia pantanosa, tão ao gosto dos profissionais do hemiciclo que fazem dessa condição um fim e não um estatuto de verdadeiro serviço social.

Como é do conhecimento geral existe uma geometria variável de preocupações no dia à dia dos cidadãos, com particular destaque para o tripé Saúde, Educação e Condição de Vida.

Uma telegráfica análise dessa trilogia, diz-nos que, quanto à Saúde, uma qualquer consulta de especialidade demora tanto a conseguir, quanto até aqui tem demorado, independentemente do partido ou coligação que a cada momento tem estado a governar.

Quanto à Educação, verdadeiro capital estratégico da nação, a conclusão não é muito mais lisonjeira, apesar de existirem cada vez mais e melhores oportunidades  de formação, inexplicavelmente desaproveitadas em todos os níveis de ensino.

Quanto à Condição de Vida, percebe-se o fosso social existente, com preocupantes sintomas de exclusão e desemprego, decorrente dos bodes expiatórios da Nova Economia e do epíteto da Globalização.

É certo que ninguém tem o monopólio da inteligência, muito menos aqueles que passam os mandatos a legislar, fechados nos gabinetes e nas comissões parlamentares, em nome de um povo que na realidade demonstram  não conhecer.

Os políticos, primeiros representantes da nação mas, fundamentalmente, primeiros servidores da coisa pública, deverão fazer uma introspecção crítica e reconhecerem que se não querem ser lobos, não lhe podem vestir a pele até porque só se vive uma vez e não há tempo para amadorismos.

De outra forma, pois claro que eu e muitos mais, ficamos chateados!!!

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