Opinião
E o Governo, afinal, fala?
O quase milagre da multiplicação de entrevistas do ministro das Finanças representa uma mudança de paradigma na comunicação do Governo. Ao arrogante ‘habituem-se’ de António Vitorino parece agora sueder um humilde ‘expliquem-se’.
Os tempos assumidos de austeridade não estão para políticos convencidos da sua superioridade sobre os comuns dos mortais e que fazem da sobranceria uma filosofia de vida - o resultado eleitoral de Manuel Maria Carrilho foi, nesta matéria, esclarecedor. O próprio primeiro-ministro mudou de atitude: detém-se mesmo, relatava ontem um jornal, a explicar pacientemente na rua a duas idosas o porquê do baixo valor das pensões. O Governo parece ter compreendido finalmente que não basta ter razão ou simplesmente acreditar que ela está do seu lado. Há, sim, que explicar as razões de políticas que desagradam à generalidade dos cidadãos. Neste particular, o ministro das Finanças revelou um talento escondido: Teixeira dos Santos salta, de olhos fechados, dos argumentos técnicos para a política pura e dura. Um ministro das Finanças assim dá muito jeito. E é o sonho de qualquer primeiro-ministro.
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