Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
21 de Dezembro de 2005 às 13:59

A melhor prenda de Natal

É tempo de (re)começar a empreender. E para quem gosta de negócios, há lá melhor prenda do que este nova fase do ciclo económico para receber no sapatinho?

  • ...

Este Natal vem sobre um novo signo. O da esperança. Não, não vos venho maçar com algum tema messiânico, mas apenas com a constatação de que o cenário económico e empresarial começa a mudar a olhos vistos. Assim, de repente, desenham-se um conjunto de grandes investimentos que - concorde-se com eles ou não - vão ter, objectivamente, um enorme impacto sobre o andamento macroeconómico do País. O novo Aeroporto da Ota e o TGV entrarão em «produção» dentro de dois ou três anos, movimentando centenas de milhões de contos na sua edificação. Também os 800 milhões de contos que Patrick Monteiro de Barros mobilizou para uma nova refinaria em Sines vão ter um enorme impacto sobre o cenário económico. Não só como catalizador de uma terceira frente de obra, mas porque, num segundo momento, permitirão a descida do preço da gasolina: uma nova refinaria implica nova tecnologia e portanto combustíveis melhores e mais baratos. E custos de produção mais baixos significam mais competitividade empresarial. E depois, é reparar que ainda na última terça-feira a Comissão Europeia reviu em alta as suas estimativas para economia da Zona Euro e prevê um «sólido» crescimento em 2006 (que deverá rondar os 6%).

OK, OK, sabemos que a economia portuguesa continua a enfrentar enormes fragilidades, provocadas por uma situação orçamental muito desequilibrada, por uma fiscalidade elevada que provoca a fuga de investimento e de poupança para o exterior, por um sistema público inoperante e ineficiente. Mas temos de contar também, para lá do empurrão provocado por estes grandes investimentos públicos e privados e por uma melhoria da envolvente internacional, ainda com outro elemento positivo: a intensa actividade empresarial que verificamos. Todos os dias lemos notícias sobre grandes negócios, onde as empresas portuguesas tomam papel preponderante. Miguel Paes do Amaral vendeu uma posição importante na MediaCapital, Américo Amorim tomou um papel dominante no futuro da Galp, a Sonae vendeu a sua rede de distribuição no Brasil, a EDP comprou uma colecção de investimentos eólicos em Espanha, a Semapa vendeu a sua unidade de energias renováveis, a TAP negoceia a Varig. De repente parece que toda a gente, e não só os grandes grupos económicos, estão a «rodar» as suas carteiras de investimento. Este frenesim de grandes operações evidencia a vitalidade dos grandes grupos portugueses, que mais do que nunca transaccionam negócios pelo mundo, comprando e vendendo empresas consoante as suas oportunidades e necessidades de realizar capital para investir em novos mercados, sejam eles geográficos ou mesmo de actividade. E, para mais, isto traz mais «cash» para dentro do mercado português, permitindo mais investimento em novos e inovadores projectos (produção de energia é o sector que vai liderar nos próximos anos).

Esta conjunção - rara - entre disponibilidades públicas e privadas para investir, adicionado a uma condição mais animadora da conjuntura internacional, extrapola um novo dinamismo da economia portuguesa. E mesmo que o lado público da economia continue deprimido, a energia que se começa a libertar destas iniciativas privadas permite um novo alento. Quer dizer, há gente a fazer coisas e coisas de grande dimensão. Ou há oportunidades em Portugal, ou não andaria tanta gente a comprar e a investir em empresas que produzem em Portugal e/ou são geridas por portugueses. Por vezes, a crise é uma coisa que está mais nas nossas cabeças do que nas coisas. E é na capacidade de antecipação das coisas que as grandes empresas se constroem. Está fácil de ver que daqui para a frente a economia portuguesa vai conhecer uma fase positiva do seu ciclo, que permitirá a muita gente tirar a cabeça do chão e olhar, com firmeza, para um futuro mais animador. É tempo de (re)começar a empreender. E para quem gosta de negócios, há lá melhor prenda do que esta para receber no sapatinho?

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio