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Pedro Santana Lopes - Advogado 07 de Janeiro de 2021 às 20:00

Sem preconceitos, para se ter sucesso

Querem os cientistas explicar como é que o Presidente Trump se curou em quatro dias? Não foi vacina, foram terapias. Há esta concentração quase exclusiva na vacinação, mas é igualmente urgente uma terapia eficaz.

Há poucos dias, o Presidente da República, preocupado, disse o seguinte: "A propagação do vírus faz-se a uma velocidade maior do que a vacinação." Parece que sim, mesmo em países onde a vacinação está a decorrer num ritmo razoável, como Portugal. Em casos como França ou Espanha, a diferença é bem maior.

 

Sabendo-se que vai ser assim mais um tempo, o que fazer então? Tentar diminuir o número de contactos, sem dúvida. Mas é preciso agir na outra variável: vacinar mais e mais depressa, especialmente os mais idosos.

 

Há cerca de duas semanas, já aqui levantei a questão de se saber até que ponto estávamos contratualmente dependentes, em exclusivo das opções da UE. Há alguns dias, a própria chanceler Merkel falou ao Sr. Putin porque precisa de mais vacinas e a um ritmo diferente. Falaram da Sputnik V, da capacidade produtiva dos dois países e da hipótese de trabalharem mais em conjunto nesta área. Tenho visto escritos preocupados com a influência geopolítica da Rússia nos países a que está a fornecer vacinas, mas não se deve ligar a esses teóricos que nada resolvem. Essa conversa é um perfeito disparate.

 

Venham mais vacinas e as agências reguladoras que as avaliem sem preconceitos político-ideológicos. Se vão para o Espaço em programas conjuntos com tripulações de vários países, qual o problema de fornecer vacinas?

 

Os cientistas avisaram para não se tomar vacinas diferentes. Certo. Mas cada um toma uma. Pode é ser de laboratórios diferentes. Alguém pensa que governos de vários continentes e vários regimes querem todos fazer mal aos seus cidadãos? Querem resolver esta situação com as cautelas que são devidas e a monitorização constante dos efeitos.

 

Sabemos que há a questão dos recursos. Mas mobilizem-se todos os que estão habilitados a dar injeções porque só assim, comprando a outros e recrutando mais, será possível que a velocidade da vacinação seja maior do que a da propagação.

 

Há questões para as quais não temos ouvido respostas num tempo em que se vê cada vez mais a proclamação de quase dogmas por meros curiosos, vários ignorantes ou mesmo por habilitados pouco lúcidos. Por exemplo: qual o motivo que explica que numa família, vivendo todos juntos todos os dias, uns sejam infetados e outros não? Todos vamos conhecendo casos entre marido e mulher, entre pais e filhos e o inverso, e outras situações equivalentes. Outra questão: têm-se ouvido médicos reputados, principalmente americanos, a recomendar fortemente o uso de remédios para a covid-19 cujo princípio ativo é feito em Portugal, que é produzido em Macau e vendido em comprimidos só noutros países, como o Brasil e outros da América Latina. Em Portugal, só há para animais, em spray ou injeções. https://sol.sapo.pt/artigo/692036/o-medicamento-produzido-em-portugal-que-trouxe-uma-nova-esperanca-ao-mundo- Fará sentido?

 

E, já agora, em matéria de recursos e de falta de camas: vão ou não aproveitar o hospital de Miranda do Corvo que está pronto e criminosamente fechado? Em Lisboa, a título de exemplo, o Hospital Militar da Estrela que comprámos para a Santa Casa em 30 de julho de 2015 também já deve ter as obras completamente prontas e são quase 100 camas que tanta falta fazem.

 

Para terminar: querem os cientistas explicar como é que o Presidente Trump se curou em quatro dias? Não foi vacina, foram terapias. Há esta concentração quase exclusiva na vacinação, mas é igualmente urgente uma terapia eficaz. Há boas notícias de investigação quase concluída no Reino Unido sobre um novo produto terapêutico https://www.lavanguardia.com/vida/20201226/6149970/cientificos-britanicos-ultiman-medicamento-ofreceria-inmunidad-instantanea.html e há a insistência no remédio de que acima falei.

Isto só lá vai com capacidade de liderar, organizar, mobilizar e entusiasmar aliada a conhecimento dos setores envolvidos. E, claro, sem preconceitos ideológicos e sem lucros injustificáveis: setor público, setor privado e setor social, são todos essenciais e indispensáveis. Nem pensem noutra hipótese porque é impossível. Sejamos práticos e descomplexados porque "All Lifes Matters".

 

Advogado

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