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Pedro Santana Lopes - Advogado 12 de Fevereiro de 2021 às 18:27

Façam como quiserem

Quando há duas semanas propus o adiamento das eleições autárquicas, não tinha falado com ninguém sobre o assunto. Foi, e é, uma opinião pessoal baseada no que considero ser uma questão de elementar bom senso.

Comparar as autárquicas com as presidenciais não faz sentido nenhum. Não tem debates nas televisões nem imprensa a cobrir as campanhas.

 

Tem de se ir a todo o lado, falar com tantas pessoas quanto possível. Dizer que as eleições presidenciais correram bem é reduzir as eleições ao dia da votação. Lembram-se de quantas vezes os candidatos presidenciais, mesmo com toda a cobertura televisiva e não só, se queixaram de que não podiam fazer campanha? Comícios virtuais nas autárquicas, nas aldeias de Portugal? Pois sim!!!... Se não se adiarem as eleições mais vale dizer que só há votação, não há campanhas.

 

A lógica com que se debatem estes assuntos em Portugal é assim: ui, se alguém fez esta proposta é porque tem algum interesse escondido. Um diretor de jornal escreve hoje, quinta-feira, que eu fiz esta proposta integrado num "movimento subterrâneo" que integra epidemologistas e outros. Qual movimento subterrâneo? Só se for o Metropolitano... É que eu, que me lembre, não conheço nenhum epidemologista e, como já disse, não falei com ninguém sobre o assunto, antes de fazer a proposta pública.

 

Fiz essa proposta mas ela não resulta de qualquer interesse especial meu. Por muito que não acreditem, é a pensar em todos. Como já disse, é uma loucura, sem se saber a evolução da pandemia, dizer a dezenas de milhares de pessoas, fora as equipas de apoio, para irem fazer campanha, durante meses, em 3094 freguesias e em 308 municípios. Não sou eu ou qualquer outra ou outras pessoas que estamos em causa. É a saúde de todos e o necessário controle da pandemia. Por mim, estejam descansados. Como já disse, não tenho interesse nenhum em ser candidato. Se o fosse, só por gosto e por feitio. Espero que acreditem, depois das oportunidades que já tive na vida e que terei aproveitado pior ou melhor, que não preciso nem tenho interesse em ser presidente de câmara e em fazer campanhas.

 

Voltando aos termos dos debates em Portugal, este tema já saiu da perspetiva do bom senso e passou para as partidarites. Quem tem mais câmaras prefere não adiar, quem tem menos talvez prefira. Quem está em funções preferirá manter a data, os challengers inclinar-se-ão para adiar. Mesmo que as pessoas pensem e decidam por boas razões, as lógicas que vão comandar serão estas.

 

Só que será a realidade da evolução da pandemia e do processo de vacinação que vai ditar a decisão. Só se espera é que não seja em cima da hora, como aconteceu com as presidenciais dando azo à desagradável explicação de que já não era possível. Pois é: importa prever e planear com tempo e com senso. Mas façam como quiserem. Já nada se estranha.

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