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25 de Março de 2021 às 21:08

O sexy e o vintage

Contar a verdade, procurar a verdade, investigar a verdade, ter cuidado com a verdade, é algo com pouco interesse. Aliás, é sintomático que tenham surgido os programas de “fact checks”, praticamente todos os dias.

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Estamos num mundo em que há três palavras cada vez menos sexys: princípios, deveres e verdade.

Sabemos como somos inundados todos os dias com escritos e notícias, nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social com as quais ficamos meio céticos, não se sabendo se são verdadeiras ou falsas. Sobre os assuntos mais sérios inventam-se as histórias mais fantasiosas quando não ofensivas. E são essas que muitas vezes se tornam virais. E chegou-se ao ponto de divagar ou brincar sobre todos os aspetos da vida das pessoas, incluindo sobre a própria vida de cada um.

Uma certeza temos: é muito raro, muito difícil, alguém acreditar em boas intenções e boas motivações para explicar as atitudes dos outros. Tudo é gatuno ou quase, todos querem é tacho, todos querem é ganhar algum. As caixas de comentários às notícias dos órgãos de comunicação social são autênticas caixas de esgoto onde não se deve chegar perto.

Contar a verdade, procurar a verdade, investigar a verdade, ter cuidado com a verdade, é algo com pouco interesse. Aliás, é sintomático que tenham surgido os programas de “fact checks”, praticamente todos os dias. Tem de se estar sempre a conferir se as notícias e aquilo que se escreve ou se diz, é verdadeiro ou não.

Alguém acredita, no mundo de hoje, que alguém toma uma opção por entender que esse é inseguro dever? Quase não passa pela cabeça de ninguém. E quem fala, em debates ou comentários, na importância dos princípios e dos valores para explicar ou inspirar decisões? A gratidão, por exemplo.

Não digo que tudo e todos sejam assim. Mas quem procura seguir esses caminhos, cada vez mais, sente dificuldade em encontrar interlocutores com preocupações semelhantes. Apesar disso, quem gosta desses vintages, não se pode deixar impressionar por estas ondas. É seguir em frente e ser-se fiel a si próprio.

E não ceder. Seguir em frente, de acordo com a consciência e as convicções, respeitando os princípios e valores em que se acredita, cumprindo o dever de cada um, falando verdade.

 

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