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18 de Março de 2021 às 19:37

Ser engraçado

Já pensaram no que seria pelo mundo se tivesse sido Donald Trump a chamar assassino a Putin? E se a Rússia, por esse motivo, tivesse chamado a Moscovo o seu embaixador nos Estados Unidos?

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Eu sei que Trump tinha outro modo de olhar para Moscovo. Mas falo do potencial desestabilizador de declarações do Presidente do país mais poderoso do mundo. Já teriam chamado a Trump de irresponsável, inconsciente e impreparado a toda a hora e em todos os locais do mundo. Mas são assim os dois pesos e duas medidas. Não, não é do “estado de graça”, porque se Trump dissesse o mesmo em início de mandato, ouviria os “mimos” habituais.

Mudando de temas, de personagens e de motivo, pensem no que se passa com o processo de vacinação na União Europeia. Imaginem que estes atrasos, estas falhas, estes adiamentos, tinham acontecido com Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia... Com a atual presidente, Ursula von der Leyen, é bem diferente. Por ser mulher? Não. Por ser alemã. Não é de esquerda, mas é alemã. Por isso, tem direito a uma tolerância especial. Se fosse de um país menos poderoso, e ainda “pior”, de centro ou de direita, o que não lhe chamariam. Fosse de que sexo fosse.

Quanto mais aprendemos com a vida, mais percebemos que é assim que isto funciona. Ser livre, não ter proteções especiais, não ser rico, não agir em lógicas de grupos, de variada índole, é mais perigoso do que andar de carro sem cinto de segurança ou de moto ou bicicleta sem capacete.

Não vou dar exemplos de Portugal, tantos eles são. Ainda outro dia ouvia uma entrevista num canal televisivo em que se fez publicidade a uma marca de iogurtes ou de suplemento vitamínico. E pensei cá para mim: olha se fosse eu!!! Dessa vez não seria dissolução. Era um “impeachment” “com fundamento numa série de episódios que se dispensariam de enumerar”. É verdade que o artigo 130.º da Constituição, ao prever a destituição do Presidente da República por crimes praticados no exercício das suas funções, não consagra um regime semelhante ao do “impeachment” propriamente dito, como se verifica nos EUA ou no Brasil. Mas, se fosse preciso, criava-se um artigo novo. E, atenção: em minha opinião, o citado responsável não disse nada de mal. Só que nem todos teriam direito a essa avaliação. O povo diz: “Mais vale cair em graça do que ser engraçado.” Marcelo tem graça e é engraçado. 

 

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