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Powell avisa que impacto das tarifas será "significativamente maior do que o esperado"

O presidente da Fed admite que o relançamento da inflação possa ser mais persistente, mas diz ter tempo para avaliar ajustamentos à política monetária norte-americana.

Manuel Balce Ceneta / AP
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O impacto económico das novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos (EUA) será, provavelmente, bastante maior do que o esperado inicialmente. O aviso foi feito esta sexta-feira pelo presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana, Jerome Powell, durante um discurso na conferência anual da Society for Advancing Business Editing and Writing (SABEW), em Arlington.

Powell diz que o banco central norte-americano deve certificar-se de que as tarifas não conduzam a um problema de inflação crescente, mas sublinhou: "O nosso papel não é comentar as políticas" da Administração norte-americana. "Embora a incerteza permaneça elevada, está agora a tornar-se claro que o aumento das tarifas será significativamente maior do que o esperado", disse o presidente da Fed. "É provável que o mesmo aconteça com os efeitos económicos, que incluirão uma inflação mais elevada e um crescimento mais lento."

"Embora seja muito provável que as tarifas gerem, pelo menos, um aumento temporário da inflação, também é possível que os efeitos possam ser mais persistentes", disse Powell, num tom mais cauteloso do que aquele revelado a 19 de março, após o último encontro de política monetária da Reserva Federal, quando afirmou esperar que o efeito das tarifas fosse transitório. Na altura, o banco central dos EUA manteve os juros diretores inalterados no intervalo entre 4,25% e 4,5%.

Após o anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atiram as tarifas para o nível mais elevado num século, os mercados monetários passaram a incorporar uma possibilidade de 50% de a Fed efetuar quatro reduções de taxas, de 25 pontos-base cada, este ano, um cenário que não era sequer tido em consideração na véspera. Aumentaram também as apostas na flexibilização monetária por parte do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco de Inglaterra. No entanto, o líder da autoridade monetária norte-americana garantiu que há tempo.

"A nossa obrigação consiste em manter as expectativas de inflação a mais longo prazo bem ancoradas e em assegurar que um aumento pontual do nível dos preços não se transforme num problema de inflação permanente", afirmou Powell. "Estamos bem posicionados para aguardar uma maior clareza antes de considerar quaisquer ajustamentos à nossa orientação política".

Minutos antes de Powell começar a falar, Trump resolveu usar a sua rede social, Truth Social, para se dirigir ao presidente da Fed: "Esta seria uma altura perfeita para o presidente da Fed cortar juros", escreveu numa publicação. "Ele está sempre 'atrasado', mas pode agora mudar a sua imagem e rápido. Os preços da energia desceram, as taxas de juro desceram, a inflação desceu, até o preço dos ovos desceu 69% e o emprego aumentou, tudo em dois meses - uma grande vitória para a América. Corta as taxas de juro Jerome e pára de fazer jogos políticos", pode ler-se na publicação do republicano.

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