Opinião
O dilema dos proprietários das áreas ardidas
Soluções alternativas exigem novos modelos de uso do solo que ninguém estará em condições de indicar com segurança. De facto quem é capaz de lhes indicar que espécies agrícolas e florestais devem ser usadas face às previstas alterações climáticas.
Nas zonas de minifúndio, os fogos de 2017 mostraram que os riscos associados ao uso do território são enormes, sendo, para muitos, repetição de dramas passados. Então o que fazer?
Uma opção é não fazer nada, crescendo o abandono que lhes repugna como à sociedade portuguesa, mas que é sentido como inevitável face à perceção de ausência de alternativas, pois já não têm força anímica nem meios para adotar soluções produtivas para os terrenos que possuem.
Outra será deixar os estímulos de mercado funcionar e reflorestar apenas se contar com subsídios a fundo perdido. Esta opção é a mais simples e provavelmente arrisca-se a ser a seguida pela maioria. Conta com experiência e capacidade dos empreiteiros em lhes fornecer uma plantação "chave na mão". Mas que espécies florestais usar? O tão vilipendiado eucalipto ou o pinheiro-bravo como opção de recurso? Ou plantações de carvalhos e/ou árvores capazes de fornecer matéria lenhosa nobre? Mas quem lhes pode indicar um caminho, indicando os respetivos custos, benefícios e riscos envolvidos? É que, de facto, há legítimas razões de esperar que na ausência de políticas indicadoras se volte a fazer mais do mesmo. O eucalipto é a solução mais rentável e a que apesar de tudo apresenta menos riscos, pois com sorte pode vir a dar um corte antes de novo fogo. Todavia, benefícios garantidos só para os empreiteiros, para os serviços que vivem do combate ao fogo e para as indústrias de produtos florestais que poderão contar com matéria-prima, cuja qualidade só depende da recorrência dos fogos.
Soluções alternativas exigem novos modelos de uso do solo que ninguém estará em condições de indicar com segurança. De facto quem é capaz de lhes indicar que espécies agrícolas e florestais devem ser usadas face às previstas alterações climáticas, quais os novos conhecimentos e infraestruturas que exigem, para que mercados podem escoar esses produtos e, sobretudo, qual a estimativa dos respetivos custos e benefícios esperados.
Floresta rentável, bem gerida, onde os riscos dos fogos são minimizados exige dimensão mínima. No minifúndio de propriedade dispersa tal é impossível a não ser através de soluções associativas. Isto é, com soluções que envolvem formas de economia social. Todavia, na ausência de políticas florestais inovadoras, mesmo as soluções da economia social arriscam-se a ficar presas dos incentivos de mercado existentes, contrariando a desejável mudança para novos modos de uso do território, mais resilientes às alterações climáticas e aos riscos dos fogos que, nas nossas condições de produção de biomassa e clima, são inevitáveis e, por vezes, atingem proporções incontroláveis, seja qual for a capacidade dos meios de combate. Os fogos da Califórnia (Estados Unidos da América) mostram que o fogo incontrolável não é sina portuguesa.
Há, portanto, que ir além dos estímulos do mercado, criando oportunidades e fornecendo meios para que a economia social, só ou em parceria com o Estado, possa levar à prática esses novos modos de uso do território.
Capacitação institucional de cooperativas portuguesas
A Confederação Cooperativa Portuguesa (CONFECOOP) organiza, nos próximos dias 8 e 9 de fevereiro, em Lisboa, uma ação de formação em gestão organizacional, direcionada a dirigentes cooperativos e técnicos de apoio à gestão e à decisão. Esta ação visa dotar os quadros e dirigentes da Confederação e das cooperativas associadas de conhecimentos e ferramentas de intervenção que permitam melhorar a gestão das cooperativas e a qualidade dos serviços prestados, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável. A formação terá seis módulos com uma duração total de 14 horas.
Cooperativas espanholas de saúde e novas tecnologias
As quatro cooperativas espanholas de serviços de saúde que constituem a Fundação Espriu desenvolveram diversas ferramentas digitais que permitem serviços mais completos e acessíveis aos seus utilizadores, para que possam cuidar melhor da sua saúde. Entre as novidades estão as aplicações móveis, o Portal do Doente, que permite a marcação de consultas e a obtenção de informação clínica, sem necessidade de chamadas ou visitas, a utilização de plataformas web e blogues e a criação de um espaço de participação para partilha de ideias e experiências pelos utilizadores.
Professor Catedrático da Universidade de Lisboa e membro da Direção do CIRIEC Portugal
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico