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31 de Janeiro de 2018 às 19:24

O dilema dos proprietários das áreas ardidas

Soluções alternativas exigem novos modelos de uso do solo que ninguém estará em condições de indicar com segurança. De facto quem é capaz de lhes indicar que espécies agrícolas e florestais devem ser usadas face às previstas alterações climáticas.

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Nas zonas de minifúndio, os fogos de 2017 mostraram que os riscos associados ao uso do território são enormes, sendo, para muitos, repetição de dramas passados. Então o que fazer?

Uma opção é não fazer nada, crescendo o abandono que lhes repugna como à sociedade portuguesa, mas que é sentido como inevitável face à perceção de ausência de alternativas, pois já não têm força anímica nem meios para adotar soluções produtivas para os terrenos que possuem. 

 

Outra será deixar os estímulos de mercado funcionar e reflorestar apenas se contar com subsídios a fundo perdido. Esta opção é a mais simples e provavelmente arrisca-se a ser a seguida pela maioria. Conta com experiência e capacidade dos empreiteiros em lhes fornecer uma plantação "chave na mão". Mas que espécies florestais usar? O tão vilipendiado eucalipto ou o pinheiro-bravo como opção de recurso? Ou plantações de carvalhos e/ou árvores capazes de fornecer matéria lenhosa nobre? Mas quem lhes pode indicar um caminho, indicando os respetivos custos, benefícios e riscos envolvidos? É que, de facto, há legítimas razões de esperar que na ausência de políticas indicadoras se volte a fazer mais do mesmo. O eucalipto é a solução mais rentável e a que apesar de tudo apresenta menos riscos, pois com sorte pode vir a dar um corte antes de novo fogo. Todavia, benefícios garantidos só para os empreiteiros, para os serviços que vivem do combate ao fogo e para as indústrias de produtos florestais que poderão contar com matéria-prima, cuja qualidade só depende da recorrência dos fogos.

 

Soluções alternativas exigem novos modelos de uso do solo que ninguém estará em condições de indicar com segurança. De facto quem é capaz de lhes indicar que espécies agrícolas e florestais devem ser usadas face às previstas alterações climáticas, quais os novos conhecimentos e infraestruturas que exigem, para que mercados podem escoar esses produtos e, sobretudo, qual a estimativa dos respetivos custos e benefícios esperados.

 

Floresta rentável, bem gerida, onde os riscos dos fogos são minimizados exige dimensão mínima. No minifúndio de propriedade dispersa tal é impossível a não ser através de soluções associativas. Isto é, com soluções que envolvem formas de economia social. Todavia, na ausência de políticas florestais inovadoras, mesmo as soluções da economia social arriscam-se a ficar presas dos incentivos de mercado existentes, contrariando a desejável mudança para novos modos de uso do território, mais resilientes às alterações climáticas e aos riscos dos fogos que, nas nossas condições de produção de biomassa e clima, são inevitáveis e, por vezes, atingem proporções incontroláveis, seja qual for a capacidade dos meios de combate. Os fogos da Califórnia (Estados Unidos da América) mostram que o fogo incontrolável não é sina portuguesa.

Há, portanto, que ir além dos estímulos do mercado, criando oportunidades e fornecendo meios para que a economia social, só ou em parceria com o Estado, possa levar à prática esses novos modos de uso do território.

 

Capacitação institucional de cooperativas portuguesas

 

A Confederação Cooperativa Portuguesa (CONFECOOP) organiza, nos próximos dias 8 e 9 de fevereiro, em Lisboa, uma ação de formação em gestão organizacional, direcionada a dirigentes cooperativos e técnicos de apoio à gestão e à decisão. Esta ação visa dotar os quadros e dirigentes da Confederação e das cooperativas associadas de conhecimentos e ferramentas de intervenção que permitam melhorar a gestão das cooperativas e a qualidade dos serviços prestados, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável. A formação terá seis módulos com uma duração total de 14 horas.

 

Cooperativas espanholas de saúde e novas tecnologias

 

As quatro cooperativas espanholas de serviços de saúde que constituem a Fundação Espriu desenvolveram diversas ferramentas digitais que permitem serviços mais completos e acessíveis aos seus utilizadores, para que possam cuidar melhor da sua saúde. Entre as novidades estão as aplicações móveis, o Portal do Doente, que permite a marcação de consultas e a obtenção de informação clínica, sem necessidade de chamadas ou visitas, a utilização de plataformas web e blogues e a criação de um espaço de participação para partilha de ideias e experiências pelos utilizadores.

 

Professor Catedrático da Universidade de Lisboa e membro da Direção do CIRIEC Portugal

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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