Para a por em prática foi necessário criar uma rede de contactos em todo o país com técnicos do Ministério da Agricultura e viticultores que se voluntariam para o respetivo estabelecimento.

Essa rede expandiu-se e deu origem à PORVID, uma associação, por definição sem fins lucrativos, envolvendo aquelas instituições públicas e empresas da vinha e do vinho, cooperativas vinícolas e outros. Recentemente a PORVID passou a contar com o Pólo Experimental de Conservação em Pegões, numa área de 140 hectares cedida pelo Estado para o efeito.

A PORVID é um caso exemplar por várias razões.

É fonte de benefícios económicos e ambientais. Sabe-se que por ação da PORVID os viticultores portugueses tiveram acesso a materiais selecionados dentro de cada casta com melhor rendimento e melhor qualidade. Os ganhos de rendimento já obtidos com o trabalho desenvolvido podem estimar-se em mais de 10 milhões de euro/ano.

Porém, para além da seleção sobre a diversidade dentro das castas, para a qual foi inicialmente criada, e os aumentos de rendimento já obtidos, a metodologia inovadora contém várias outras valências em exploração ou potenciais com evidentes vantagens económicas, sociais, culturais e ambientais: permite conservar a diversidade existente dentro de cada casta, hoje sujeita a muito intensa erosão genética, contribuindo para a sustentabilidade da vitivinicultura; identifica castas que pela sua aparência visual têm andado confundidas com outras já conhecidas, mas que são geneticamente diferentes quanto a características culturais e enológicas relevantes; pode melhorar as castas de "Vitis vinífera" de modo a satisfazer outros requisitos para além do rendimento, nomeadamente, para responder aos desafios de adaptação às alterações climáticas, contribuindo para a sustentabilidade do setor e, finalmente, pode também servir para melhorar as castas para uma maior resistência a doenças e pragas permitindo diminuir a carga de pesticidas de síntese.

A PORVID serve ainda como ilustração de relevantes achegas teóricas.

Ilustra uma faceta ignorada do pensamento de Joseph Schumpeter sobre empreendedorismo inovador que considera que o essencial é focar-se na função empresarial inovadora e não no indivíduo. Função empresarial que também pode ser coletiva, ou mesmo de iniciativa estatal.

Serve ainda para ilustrar o papel fulcral da ação coletiva e do voluntariado, característicos da economia social, e da coprodução, que exalta as virtudes e sinergias do envolvimento de entidades diferentes, cuja importância tão bem sublinhada por Elinor Ostrom, prémio Nobel de Economia 2009.

A PORVID surge assim como exemplo das potencialidades deste tipo de entidade para o desenvolvimento do país e para a sustentabilidade a médio e longo prazo de um setor como o vinho de grande importância para a economia, emprego e identidade cultural.

História rica de empreendedorismo coletivo que pode servir de inspiração para Parcerias Público-Sociais fornecedoras de bens ou serviços de livre acesso como os bens públicos.

IV Encontro das IPSS do Alentejo

O IV Encontro das IPSS do Alentejo vai realizar-se no próximo dia 22 de janeiro de 2020, em Évora.

A iniciativa é promovida pela União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Évora (UDIPPS-Évora) e tem como lema "O Futuro das IPSS do Alentejo vai começar aqui".

De acordo com os organizadores, o programa integra um debate temático, a apresentação pública do Projeto "UDIPSS-Évora | Residence & Services" e a apresentação do "Guia das Exigências em Estabelecimentos de Apoio Social e IPSS". Para mais informações, consulte o sitio da UDIPSS-Évora (www.udipss-evora.pt).

Políticas públicas para a economia social

Já está disponível a versão em espanhol do estudo "As boas práticas nas políticas públicas relativas à economia social europeia após a crise económica".

Tanto o estudo completo, em inglês, francês e espanhol, como a síntese do estudo, em várias línguas, incluindo o português, podem obter-se no sítio institucional do Comité Económico e Social Europeu (www.eesc.europa.eu).

O estudo, dirigido pelos professores Rafael Chaves e José Luís Monzón (CIRIEC Espanha), identifica e analisa 20 casos de boas práticas de políticas públicas relativas à economia social, em diferentes países da União Europeia.

Presidente da Direção do CIRIEC Portugal. Professor catedrático da Universidade de Lisboa