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Juros da dívida travam escalada em dia de recuperação nos mercados
A taxa das obrigações portuguesas a dez anos continua acima de 4%. Juros de Espanha e de Itália têm quedas ligeiras. As "yields" portuguesas sobem há sete sessões consecutivas.
As obrigações portuguesas aliviaram alguma da pressão sofrida nos últimos dias. Ainda assim, as taxas da dívida portuguesa continuam a subir, no sétimo dia seguido de agravamento. Apesar de durante a manhã desta sexta-feira a taxa ter superado 4,4%, o valor exigido pelos investidores tem vindo a descer, com a "yield" a situar-se em 4,14% às 11:15, uma subida de 3,3 pontos base.
Esta quinta-feira, as obrigações portuguesas tiveram uma das sessões mais turbulentas dos últimos anos, num dia marcado por uma forte turbulência nos mercados mundiais. A taxa a dez anos chegou a superar a fasquia de 4,5%, e acabaria esse dia a transaccionar em 4,107%. Na sessão desta sexta-feira, os mercados globais dão sinais de menor nervosismo. As bolsas europeias recuperam e as taxas das obrigações italianas e espanholas têm quedas ligeiros.
Mário Centeno, o ministro das Finanças, tem-se dado várias entrevistas para tentar explicar aos mercados que o Governo mantém o compromisso com a consolidação orçamenta. Em entrevista à CNBC, revelou que "estamos a seguir os desenvolvimentos [do mercado] e precisamos de agir, precisamente comunicando com os mercados o nosso profundo compromisso com o processo de consolidação orçamental".
Isto depois de nas últimas sessões, as taxas da dívida portuguesa terem feito tocar campainhas de alarme. Em apenas sete dias, a "yield" a dez anos disparou de 2,93% para 4,14%. Isto numa altura em que os analistas temem que as incertezas em relação ao orçamento português aumentem o risco da DBRS tirar o "rating" de Portugal do nível de investimento, no final de Abril.
"Vemos agora um maior risco de Portugal perder o seu único 'rating' de grau de investimento, concedido pela DBRS. Esta classificação é crucial já que é necessário pelo menos uma notação de grau de investimento para um país ser elegível para o programa de compras do BCE", considerou Diego Iscaro, economista da IHS Global Insights.
O Eurogrupo pediu esta quinta-feira que Portugal tomasse mais medidas, tendo em vista o cumprimento das metas acordadas com Bruxelas. Mário Centeno referiu que essas medidas seriam preparadas mas que não iriam ser necessárias.