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Bruxelas incita Governo a “sossegar investidores”

O Governo está preocupado com a agitação nos mercados e esperava esta quinta-feira que uma reacção positiva do Eurogrupo travasse a subida dos juros. Com a pressão externa a penalizar o país, o PSD culpa o Executivo de Costa pela política de "avanços e recuos".

Miguel Baltazar/Negócios
11 de Fevereiro de 2016 às 21:55
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Governo tentou esta quinta-feira desdramatizar a subida dos juros da dívida pública, ao passar a ideia de que Portugal não está imune à agitação que os mercados vivem. No entanto, Costa prometeu fazer tudo para prevenir os riscos orçamentais e desafiou o Eurogrupo a validar a estratégia portuguesa. De Bruxelas veio o aviso, pela voz do comissário dos Assuntos Económicos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici: "É do interesse de Portugal sossegar os investidores". Por cá, o PSD diz que os mercados reagem aos "avanços e recuos" do Executivo PS.

 

António Costa reconheceu esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas, a "agitação nos mercados", atribuiu-a a "causas várias" e admitiu que estas "naturalmente não têm deixado Portugal isento". Costa tentava assim passar a mensagem de que o mercado está a penalizar todos por igual. Mas, ao mesmo tempo, o chefe do Governo apostava todas as fichas na declaração sobre o país no fim da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro.

 

"Seguramente hoje [quinta-feira] a conclusão do Eurogrupo da apreciação do nosso Orçamento ajudará a reforçar a confiança e ficará muito claro que este é um Orçamento que aposta no crescimento, na criação de emprego, mas também na redução da dívida e do défice", afirmou António Costa.

 

No final da reunião do Eurogrupo, o ministro das Finanças, Mário Centeno, revelou que o Governo vai preparar medidas adicionais pedidas pelo Eurogrupo no âmbito do Orçamento do Estado, mas disse acreditar que não será necessário pô-las em prática. Ainda de acordo com o governante, os seus homólogos salientaram no encontro a importância de Portugal comunicar com os mercados, garantindo o cumprimento dos compromissos comunitários na implementação do Orçamento do Estado, bem como das reformas estruturais em curso.

 

Questionado sobre o agravamento da dívida portuguesa na sessão desta quinta-feira – cuja ‘yield’ atingiu máximos de Março de 2014 na maturidade a 10 anos em mercado secundário, superando os 4% –, o titular das Finanças reforçou a tónica da comunicação e atribuiu o comportamento nos mercados à "volatilidade".

 

De Bruxelas veio o aviso, pela voz do comissário dos Assuntos Económicos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici: "É do interesse de Portugal sossegar os investidores." Antes, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, tinha encorajado "fortemente os colegas portugueses a não se desviarem do rumo bem-sucedido que vinha sendo seguido". 

No Executivo, a esperança era que os resultados do Eurogrupo permitissem dissipar dúvidas, ao mesmo tempo que o ministro das Finanças garantisse que adoptará as medidas necessárias para cumprir as metas traçadas no Orçamento.

 

Dentro do Governo, a percepção que é transmitida é de que a "volatilidade" dos mercados relativamente a Portugal resulta de um acumular de dúvidas, primeiro com as eleições, depois o processo de formação do Governo, depois a resolução do Banif e a solução encontrada para o Novo Banco, que aumentou a desconfiança dos investidores em relação a Portugal. Admite-se apenas que o processo entre o esboço do Orçamento do Estado e a entrega da proposta de lei no Parlamento não foi favorável à imagem de Portugal, com a publicação de previsões desactualizadas por parte da Comissão e das conclusões da troika (também elas sem incorporarem as medidas adicionais que o Governo apresentou junto de Bruxelas).

 

Com os juros a pressionar o Governo, o PSD aproveita para criticar a estratégia orçamental de António Costa. "Isto é da responsabilidade directa daquilo que são os sinais dados pela governação do país", disse aos jornalistas o líder parlamentar social-democrata. Luís Montenegro tentava assim evidenciar que apesar da subida generalizada dos juros nos mercados, em Portugal, a culpa tem um nome: António Costa.

 

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