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Juros da dívida em 4,5% pela primeira vez desde Março de 2014

O prémio de risco face à Alemanha aumentou para o valor mais alto desde Novembro de 2013, com a dívida nacional a ser pressionada pelos receios da reacção das agências de "rating" ao Orçamento do Estado.

11 de Fevereiro de 2016 às 10:54
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A taxa exigida pelos investidores para deterem dívida portuguesa ultrapassou esta quinta-feira a barreira dos 4% pela primeira vez desde Março de 2014. A pressão sobre a dívida portuguesa surge numa altura em que aumentam as preocupações sobre qual será a reacção da DBRS às medidas constantes no Orçamento do Estado para 2016 e se isso resultará numa descida do "rating" de Portugal.

 

O prémio de risco disparou para 430 pontos base, o valor mais alto desde Novembro de 2013. E a taxa a dez anos não pára de subir e situa-se em 4,496% e já tocou nos 4,5%. Na quarta-feira os investidores exigiam 3,71% para deter obrigações portuguesas daquela maturidade. Esta manhã, no arranque da sesão, a "yield" era de 3,745%.

 

A agência canadiana é a única que mantém Portugal em grau de investimento, o que permite à dívida portuguesa ser incluída no programa de compras do BCE. "Se a DBRS tomar alguma decisão que piore o rating da República, os efeitos serão drásticos e para já, nem gostaria de colocar essa hipótese", refere o director da gestão de activos do Banco Carregosa, Filipe Silva.

 

Mas no mercado, os receios sobre a decisão que a DBRS irá tomar no final de Abril aparentam aumentar. Os analistas do Natixis explicaram numa nota de investimento que o mau desempenho das obrigações portuguesas se deve "às preocupações de que o país possa perder o seu último rating de grau de investimento, numa altura em que o Orçamento é debatido".

 

Para o Commerzbank, "a inversão do novo Governo em relação às reformas e os seus planos para abrandarem de forma significativa o caminho da redução do défice orçamental deixam as obrigações portuguesas em risco de fraqueza adicional". O banco alemão alertou, numa nota de investimento, que a dívida portuguesa está perto de entrar numa "zona de perigo".

 

A escalada dos juros portugueses, que desde o início do ano passaram de 2,516% para os actuais 4,468%, ocorre também numa altura de turbulência nos mercados financeiros, marcada por uma elevada aversão ao risco por parte dos investidores. As bolsas europeias estão a afundar e a dívida dos periféricos está a ser a mais penalizada.

 

As taxas de Espanha e Itália também sobem esta quinta-feira, mas bem menos do que as da dívida portuguesa. A "yield" espanhola cresce oito pontos para 1,801%, enquanto a italiana aumenta nove pontos para 1,729%.

Os juros da dívida pública subiram cerca de 150 pontos base no espaço de duas semanas e os analistas perspectivam que o cenário pode agravar-se ainda mais. Face aos mínimos fixados em Março do ano passado muito perto de 1,5%, a "yield" das Obrigações do Tesouro a 10 anos já quase triplicaram.

"Suspeitamos que a volatilidade nos activos portugueses vai persistir nos próximos meses, devido à incerteza orçamental, riscos de instabilidade política e dúvidas sobre a saúde do sistema financeiro", comentou um analista do Citigroup ao Financial Times, admitindo que as agências de "rating" podem rever o "rating" de Portugal em baixa nos próximos meses.

(notícia actualizada pela última vez às 12:50)

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