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S&P dá a mesma nota a Portugal e Itália. Société Générale prevê convergência nos juros

A S&P colocou Portugal com um “rating” igual ao de Itália. A diferença entre os juros portugueses e italianos está a descer e o Société Générale antecipa que possa ficar ainda menor.

18 de Setembro de 2017 às 15:49
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As taxas das obrigações nacionais estão cada vez mais perto das "yields" de Itália. Esse movimento era já observado desde o início do ano mas intensificou-se após a S&P subir o "rating" de Portugal para o mesmo patamar de Itália (BBB-, primeiro nível acima de "lixo").

O prémio que o mercado exige para deter dívida portuguesa a dez anos em vez de italiana desceu esta segunda-feira para 36 pontos base, o valor mais baixo desde Abril de 2015. Era de 72 pontos base antes da decisão da S&P. No início do ano, esta diferença chegou a superar 210 pontos (2,1 pontos percentuais). A questão é se este diferencial tem margem para mais descidas, com a taxa nacional a convergir com os juros italianos. A "yield" portuguesa a dez anos é de 2,436% e a italiana situa-se em 2,072%.

Os analistas do Société Générale antevêem que existem motivos para uma convergência ainda maior, apesar de existirem pontos forte e fracos para ambos os títulos. Mas caso não se venham a verificar momentos de aversão ao risco no mercado, a perspectiva do banco francês é que os juros nacionais convirjam com os italianos.

Até porque a expectativa é que após a decisão da S&P, a Fitch e a Moody’s também alinhem o "rating" de Portugal com o de Itália. "É uma razão poderosa [para a convergência], apesar de isso dever ocorrer de forma progressiva em 2018", referem os analistas do Société Générale numa nota a que o Negócios teve acesso.

A Moody’s a tem um "rating" para Itália dois níveis acima da nota que tem para Portugal, mas com perspectiva negativa. Tem a dívida nacional com notação de Ba1 com perspectiva positiva e a de Itália com "rating" de Baa2 com "outlook" negativo. Também a Fitch avalia Itália com notação de BBB, dois níveis acima do "rating" que atribui a Portugal. Mas tem perspectiva estável para Itália e positiva para Portugal.

Itália beneficiada com BCE, mas situação política é incerta

Apesar da expectativa de que o "rating" de Portugal, e consequentemente as taxas de juro, se alinhem com os de Itália, a dívida deste país tem um ponto forte em relação à portuguesa. "O BCE é um bom comprador de obrigações italianas mas já começou a reduzir as compras portuguesas. E as perspectivas são de que o programa alargado de compra de activos melhore as compras de obrigações italianas e não acelere as compras de obrigações portuguesas", diz o Société Générale.

O ritmo de compras de dívida portuguesa por parte do BCE tem saído bem abaixo da meta implícita pela chave de capital de Portugal no banco central. Isto porque as aquisições estão limitadas devido à regra auto-imposta pelo BCE de que não pode comprar mais de 33% de uma determinada obrigação ou da dívida considerada elegível para o programa. Como uma parte significativa da dívida portuguesa é detida por credores oficiais e o BCE já fez compras num programa passado, a margem de manobra nas obrigações nacionais é mais diminuta.

Apesar de a dívida italiana ter este apoio, pode enfrentar outro tipo de risco. "Do outro lado da equação, o risco político em Itália permanece um tema antes das eleições, provavelmente no primeiro trimestre de 2018", refere o Société Générale. 

(Notícia actualizada às 17:17 com cotações das taxas portuguesa e italiana)

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