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Portugal emite mais do que o previsto e a juros negativos

O instituto liderado por Cristina Casalinho foi ao mercado angariar 1.500 milhões de euros. Uma operação com títulos de curto prazo, na qual Portugal registou taxas de juro negativas. Estas foram mesmo as mais baixas de sempre.

Miguel Baltazar/Negócios
18 de Novembro de 2015 às 10:40
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Portugal regressou esta quarta-feira, 18 de Novembro, para mais um duplo leilão de dívida de curto prazo. O Tesouro português emitiu um total de 1.500 milhões de euros em títulos a seis e 12 meses, tendo conseguido taxas de juro negativas em ambas as maturidades. Foram mesmo as taxas de juro mais baixas de sempre, numa operação em que os investidores aceitaram pagar para financiar Portugal.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou 1.100 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) a 12 meses. Títulos que o Tesouro emitiu a uma taxa de juro média de -0,006%. O valor mais baixo de sempre e a primeira vez que Portugal se financia nesta maturidade com taxas negativas.

Os investidores aceitaram, assim, pagar para realizar um empréstimo a Portugal, o que traduz um ganho para os cofres do Estado com esta operação de financiamento. A procura pelos títulos ascendeu a 2.395 milhões de euros, cerca de 2,18 vezes superior à oferta. A melhor proporção desde a operação equivalente realizada em Janeiro de 2014.

O instituto liderado por Cristina Casalinho emitiu também 400 milhões de euros em dívida a seis meses, a uma taxa de juro de -0,018%. Esta não é a primeira vez que Portugal alcança taxas negativas nesta maturidade, mas o registo da operação desta quarta-feira apresenta-se como o valor mais baixo de sempre.

Já a procura dos investidores pelos títulos ascendeu a 1.086 milhões de euros. Desta forma superou a oferta em 2,72 vezes. Na última operação equivalente, realizada em Setembro, o rácio da procura face à oferta atingiu 4,07 vezes.

Feitas as contas, o IGCP emitiu um total de 1.500 milhões de euros em dívida de curto prazo. Um valor que supera o montante indicativo anunciado para a operação, que se situava entre 1.000 e 1.250 milhões de euros. Mas este duplo leilão marca ainda a estreia noutra vertente: nunca os investidores tinham aceite pagar por duas linhas que Portugal colocou no mercado ao mesmo tempo.

Estes resultados surgem numa sessão positiva no mercado secundário. Isto porque as taxas de juro estão a recuar em todas as maturidades, com a "yield" a 10 anos a cair 6,2 pontos para 2,503%. E já esteve a deslizar 6,7 pontos para 2,499%, o valor mais baixo desde 4 de Novembro.

Analistas destacam mínimos das taxas de juro

"Nestes leilões Portugal atingiu níveis recorde para a sua dívida", atira Filipe Silva. O director de gestão de activos do Banco Carregosa salienta que "as taxas são as mais baixas de sempre, o que é uma excelente notícia para a descida do custo médio do endividamento do país". E acrescenta que o IGCP colocou mais dívida do que o previsto graças à forte procura dos investidores, sendo que "este leilão demorou pouquíssimos minutos".

Já Pedro Ricardo Santos nota que, "como era expectável, o leilão de dívida a 6 e 12 meses revelou-se um bom negócio para o Tesouro português". Isto porque, diz o gestor da XTB, "as baixas taxas de juro patrocinadas pela intervenção do Banco Central Europeu permitem ao Estado português renovar a dívida com taxas de juro mais baixas".

Na antevisão desta operação, David Schnautz afirmava ao Negócios que parecia "bastante possível que Portugal ganhe dinheiro com a venda de BT a seis meses". O estratego de dívida do Commerzbank explicava que "as BT normalmente não reagem muito" a picos de incerteza, como o actual impasse político, uma vez que "não têm o mesmo risco de crédito que as obrigações". 


(Notícia actualizada às 11h16, acrescentando os comentários dos analistas)
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