Notícia
Rússia preparada para a "guerra dos preços" com os sauditas. Rosneft deverá subir produção em abril
O Governo russo tem uma reserva de 150 mil milhões de dólares para lidar com a perda de receitas provocada pela queda acentuada do petróleo nos mercados. Além disso, a petrolífera russa deverá seguir os passos da Saudi Aramco, aumentando a produção.
Os cofres do Governo russo estão cheios o suficiente para aguentarem a "guerra dos preços" com a Arábia Saudita durante 6 a 10 anos, garantiu o Ministério das Finanças russo esta segunda-feira, 9 de março, sinalizando que não deverá ceder perante os sauditas. Além disso, a petrolífera russa, a Rosneft, está preparada para aumentar a produção já em abril.
Estes são os primeiros sinais que chegam após a Arábia Saudita ter avançado com uma ofensiva para baixar drasticamente a cotação do petróleo, criando pressão nos países que exportam petróleo (em particular a Rússia) para estes aceitarem os cortes propostos pelos sauditas, os quais foram chumbados na reunião da OPEC+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais os países que se juntaram ao cartel alargado como a Rússia) da semana passada.
O aumento significativo da oferta conjugado com a redução da procura por causa do novo coronavírus - o que já tinha pressionado o petróleo nas últimas duas semanas - levou o barril no domingo à noite a desvalorizar 30% para os 30 dólares, o valor mais baixo desde 2016. As perdas atenuaram-se desde então, mas o Goldman Sachs admite que a cotação afunde para os 20 dólares em breve.
Perante o aumento da produção e do corte do preço do barril por parte da Saudi Aramco (petrolífera estatal da Arábia Saudita), a Rússia deverá optar pela mesma estratégia com uma fonte da Rosneft a indicar à Bloomberg que a petrolífera russa está a preparar-se para aumentar a produção de petróleo no próximo mês. Os atuais limites na produção acordados pela OPEC+ terminam a 1 de abril, o que abrirá a porta à Rosneft para produzir mais 300 mil barris por dia, segundo a mesma fonte.
Ao mesmo tempo, o Ministério das Finanças russo garantiu estar preparado para aguentar o impacto nas receitas fruto das baixas (face ao histórico) cotações do barril uma vez que tem guardado poupanças nas alturas em que o petróleo está acima dos 42,4 dólares. Essa política permitiu ter 150 mil milhões de dólares no fundo soberano (Fundo do Bem-Estar Nacional) que poderão ser usados agora, o que "é suficiente para cobrir a receita perdida durante seis a 10 anos se o preço do petróleo cair para entre 25 a 30 dólares", prevê o Governo russo.
Para já, a prioridade é conter o impacto no rublo. O banco central russo já parou de comprar divisa estrangeira para contrariar a queda da divisa russa que está a ser pressionada pela descida do "ouro negro". O Banco da Rússia admitiu vir a vender o volume de divisas estrangeiras que foi acumulando ao longo dos anos, comprando rublos para levar à sua subida. A divisa russa está em mínimos de quatro anos na negociação "offshore" - a negociação na Rússia está fechada esta segunda-feira por ser feriado.
"Um rublo mais fraco irá ajudar a compensar algum do impacto negativo dos preços mais baixos do petróleo, mas também pode ter repercussões inflacionárias [uma divisa enfraquecida torna os bens estrangeiros mais caros, o que aumenta a taxa de inflação] negativas e pode prejudicar o sentimento entre as famílias russas", explica o estratega do Rabobank, Piotr Matys, à Bloomberg, referindo que as medidas anunciadas pelo Governo e pelo banco central não deverão ser "suficientes" para estabilizar a divisa se o petróleo continuar em queda e o Covid-19 mantiver-se como preocupação.
Estes são os primeiros sinais que chegam após a Arábia Saudita ter avançado com uma ofensiva para baixar drasticamente a cotação do petróleo, criando pressão nos países que exportam petróleo (em particular a Rússia) para estes aceitarem os cortes propostos pelos sauditas, os quais foram chumbados na reunião da OPEC+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais os países que se juntaram ao cartel alargado como a Rússia) da semana passada.
Perante o aumento da produção e do corte do preço do barril por parte da Saudi Aramco (petrolífera estatal da Arábia Saudita), a Rússia deverá optar pela mesma estratégia com uma fonte da Rosneft a indicar à Bloomberg que a petrolífera russa está a preparar-se para aumentar a produção de petróleo no próximo mês. Os atuais limites na produção acordados pela OPEC+ terminam a 1 de abril, o que abrirá a porta à Rosneft para produzir mais 300 mil barris por dia, segundo a mesma fonte.
Ao mesmo tempo, o Ministério das Finanças russo garantiu estar preparado para aguentar o impacto nas receitas fruto das baixas (face ao histórico) cotações do barril uma vez que tem guardado poupanças nas alturas em que o petróleo está acima dos 42,4 dólares. Essa política permitiu ter 150 mil milhões de dólares no fundo soberano (Fundo do Bem-Estar Nacional) que poderão ser usados agora, o que "é suficiente para cobrir a receita perdida durante seis a 10 anos se o preço do petróleo cair para entre 25 a 30 dólares", prevê o Governo russo.
Para já, a prioridade é conter o impacto no rublo. O banco central russo já parou de comprar divisa estrangeira para contrariar a queda da divisa russa que está a ser pressionada pela descida do "ouro negro". O Banco da Rússia admitiu vir a vender o volume de divisas estrangeiras que foi acumulando ao longo dos anos, comprando rublos para levar à sua subida. A divisa russa está em mínimos de quatro anos na negociação "offshore" - a negociação na Rússia está fechada esta segunda-feira por ser feriado.
"Um rublo mais fraco irá ajudar a compensar algum do impacto negativo dos preços mais baixos do petróleo, mas também pode ter repercussões inflacionárias [uma divisa enfraquecida torna os bens estrangeiros mais caros, o que aumenta a taxa de inflação] negativas e pode prejudicar o sentimento entre as famílias russas", explica o estratega do Rabobank, Piotr Matys, à Bloomberg, referindo que as medidas anunciadas pelo Governo e pelo banco central não deverão ser "suficientes" para estabilizar a divisa se o petróleo continuar em queda e o Covid-19 mantiver-se como preocupação.