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Abertura dos mercados: Europa desce mais de 5% e entra em "bear market". Obrigações dos EUA e da Alemanha servem de refúgio

Os mercados financeiros foram atingidos pelo colapso no mercado petrolífero. As bolsas europeias estão a descer mais de 5%, entrando em "bear market". Já os juros associados às obrigações dos EUA e da Alemanha estão em mínimos históricos.

Os mercados em números
PSI-20 desce 5,5% para 4.414,52 pontos
Stoxx 600 afunda 6,17% para os 344,17 pontos
Nikkei desvalorizou 5,07% para os 19.698,76 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos sobem 9,8 pontos base para 0,392%
Euro dispara 0,84% para os 1,1379 dólares
Petróleo em Londres perde 20,39% para 36,08 dólares por barril

Bolsas europeias afundam mais de 5% e entram em "bear market"
O choque do mercado petrolífero está a espalhar-se em todos os cantos dos mercados financeiros, atingindo também de forma violenta as bolsas europeias. Após uma madrugada de fortes perdas nas bolsas asiáticas, as bolsas europeias descem mais de 5% nesta segunda-feira, 9 de março, e os futuros de Wall Street apontam para fortes quedas no arranque da sessão.

O Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, afunda 6,17% para os 344,17 pontos, ao ser penalizado principalmente pelo setor energético (-15%), o do turismo e do lazer. Esta é a maior queda desde 2016. O índice europeu de referência já caiu mais de 20% desde os máximos de 19 de fevereiro e está em mínimos de janeiro de 2019, tendo entrado em "bear market" (queda de 20% face ao máximo anterior).


O mesmo verifica-se um pouco por toda a Europa. O germânico Dax30 cai mais de 7% e o britânico FTSE 100 afunda 8%, ambos também a caminho de "bear market". Em Lisboa, o PSI-20 desce 5,5% para 4.414,52 pontos - a maior queda desde o referendo do Brexit (23 de junho de 2016) - com a Galp Energia e o BCP entre as cotadas mais impactadas pelo colapso no petróleo. O índice nacional está em mínimos de junho de 2016.

Em causa está a decisão da Arábia Saudita de iniciar uma "guerra de preços" no mercado petrolífero que lançou o caos nos mercados durante este domingo. A reação mais imediata foi a maior descida do petróleo em quase 30 anos, mas as ações e outras matérias-primas também estão a sofrer quedas violentas, com os investidores a darem sinais de pânico. A descida do petróleo afeta mais diretamente as petrolíferas, como é o caso da Galp Energia que chegou a cair mais de 20%, e cotadas ligadas ao setor energético, mas o "sell off" está a ser transversal.

Esta turbulência no mercado petrolífero junta-se à grande incerteza criada pela propagação do novo coronavírus, o qual terá impactos económicos que ainda são desconhecidos. Itália, que se tornou o segundo país mais afetado pelo Covid-19, tomou medidas mais drásticas de contenção, intensificando as preocupações dos investidores em relação à resiliência da economia europeia. 

Juros norte-americanos a dez anos abaixo dos 0,4%. Juros alemães atingem os -0,8%
Perante o caos nas bolsas e nos ativos de risco em geral, os investidores estão a refugiar-se nas obrigações soberanas, mas não em todas. Os mercados estão a dar preferência às obrigações das economias mais sólidas como é o caso dos Estados Unidos e da Alemanha, afastando-se dos países com maiores dívidas públicas como é o caso de Portugal e de Itália.

Os juros norte-americanos a dez anos estão abaixo dos 0,4% (descem mais de 40 pontos base para os 0,36%) pela primeira vez e a yield a 30 anos negoceia abaixo dos 1%. Estes são números nunca antes vistos para as obrigações norte-americanas cujos juros já estavam em queda na semana passada após a Reserva Federal norte-americana ter decidido baixar os juros diretores em 50 pontos base. Neste momento, o mercado antecipa um corte de 75 pontos base nos juros diretores da Fed (o intervalo atual é de 1% a 1,25%) na reunião deste mês, com um regresso aos 0% nos próximos meses.

Os juros alemães a dez anos estão a aliviar 10,7 pontos base para os -0,818%, negociando em mínimos históricos. Por outro lado, os juros portugueses a dez anos estão a subir 9,8 pontos base para os 0,392%, destoando desta tendência de alívio nas yields dos soberanos. O mesmo acontece, de forma mais pronunciada, nos juros italianos a dez anos que sobem 25 pontos base para os 1,33% após o Governo italiano ter imposto medidas de contenção mais agressivas para tentar conter a propagação do Covid-19. 

Divisas de países exportadores de petróleo afundam
"O pânico reina nos mercados de divisas", descreve a Bloomberg, referindo que as moedas estão a registar as maiores variações desde a crise financeira de 2008/2009. Por um lado, o iéne - visto como um ativo de refúgio - disparou mais de 3% face ao dólar. 

Por outro lado, divisas de países dependentes da exportação de petróleo ou de "commodities" afundam, como é o caso da moeda norueguesa, do dólar canadiano, da divisa mexicana (o peso chegou a cair 8% face ao dólar) ou do dólar australiano, que está em mínimos de 2009. "Os mercados estão a gritar que há uma recessão pendente", avisa Stephen Miller, analista da GSFM, à Bloomberg. 

Ja o euro está beneficiar desta turbulência no mercado de divisas ao subir 0,84% para os 1,1379 dólares, o valor mais alto em um ano e um mês.

Petróleo afunda para mínimos de 2016
Depois do falhanço nas negociações para convencer a Rússia a juntar-se aos cortes de produção programados na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a Arábia Saudita decidiu avançar com uma estratégia que está a lançar o mercado petrolífero num caos. As cotações da matéria-prima estão a afundar como não se via há quase 30 anos e o preço do barril está na casa dos 30 dólares.

O maior produtor de petróleo do mundo vai aumentar a produção e cortou de forma significativa o preço que cobra aos seus clientes. O objetivo passa por inundar o mercado de petróleo saudita numa altura em que as cotações já estão em forte quebra devido à redução da procura provocada pela propagação global do coronavírus.

A Arábia Saudita responde assim com esta jogada de alto risco para "encostar à parede" os russos e outros países que não pretendem entrar numa estratégia global de redução da oferta. Desde 2016 que a OPEP (liderada pela Arábia Saudita) e outros países aliados (com destaque para a Rússia) têm alcançado acordos para definir os níveis de produção ideais para manter as cotações da matéria-prima nos níveis pretendidos.

De acordo com o Goldman Sachs, esta guerra entre a OPEP e a Rússia poderá provocar perdas ainda mais acentuadas nos preços da matéria-prima. O banco norte-americano estima que o Brent pode cair até aos 20 dólares por barril, nível que representa o mínimo em que muitos dos produtores de petróleo podem "sobreviver". "A guerra de preços entre a OPEP e a Rússia começou este fim de semana", diz o Goldman Sachs.

Neste momento, o WTI (Nova Iorque) desce 21,75% para 32,2 dólares e o Brent (Londres) - que serve de referência para as importações portuguesas - afunda 20,39% para 36,08 dólares, negociando no nível mais baixo desde fevereiro de 2016. O barril negociado em Londres chegou a cair mais de 31% para os 30,02 dólares, sofrendo a maior queda desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque em 1991.


Ouro sobe, mas não aguenta nos 1.700 dólares
O ouro, que tende a ser um ativo de refúgio em altura de turbulência nos mercados, já chegou aos 1.700 dólares, mas não conseguiu manter-se nesse patamar. Neste momento, o metal precioso está a valorizar ligeiramente: avança 0,3% para os 1.678,68 dólares por onça.

O colapso no mercado petrolífero, a propagação do coronavírus, a queda das ações e a expectativa de que a política monetária vai tornar-se ainda mais acomodatícia tinha sustentado a subida do ouro para lá dos 1.700 dólares por onça, um máximo de 2012. Contudo, entretanto o metal precioso encolheu os ganhos. 

A expectativa centra-se agora na decisão do Banco Central Europeu (BCE) que se reúne esta quinta-feira, 12 de março. A expectativa de vários analistas é que o ouro suba para os 1.800 dólares em breve.

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