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Alemanha prepara mais investimento para contrariar efeito Covid-19. França pede estímulo europeu

O Governo alemão chegou a acordo para investir mais nos próximos anos de forma a contrariar o efeito do novo coronavírus. Mas França, que poderá entrar em recessão, pede um estímulo europeu coordenado.

EPA/Lusa
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 09 de Março de 2020 às 10:51
Após sete horas de negociações este domingo, 8 de março, o Governo alemão decidiu que vai investir mais 12,4 mil milhões de euros entre 2021 e 2024 e que avançará com medidas para ajudar as empresas e os trabalhadores mais afetados pelo impacto económico do surto do novo coronavírus. Mas França quer ir mais além, pedindo um estímulo concertado ao nível europeu.

A pressão para a coligação alemã entre a CDU (conservadores) e o SPD (social-democratas) agir era elevada face à margem orçamental que a Alemanha tem. Apesar de não chegar aos níveis de estímulo orçamental que muitos economistas dizem ser necessário, o Governo de Angela Merkel concordou em agir, apesar de não querer lançar o pânico sobre a situação económica dado que a incerteza ainda é elevada.

Além do maior nível de investimento, o Executivo alemão decidiu aliviar as regras no curto prazo para a compensação dada aos trabalhadores que não vão trabalhar por causa do Covid-19 - seja por quarentena, doença ou paralisação das operações das empresas -, o que será útil para empresas como a transportadora aérea Lufthansa - que parou metade da sua capacidade - que poderá ser forçada a suspender os horários de trabalho temporariamente, escreve a Bloomberg. 

Para o economista-chefe da ING, Carsten Brzeski, este pacote é um "passo na direção correta, mas só irá resolver o impacto de um choque económico breve". Se o vírus continuar a propagar-se e o efeito económico for maior do que o esperado, "[este pacote] não será a palavra final [do Governo alemão]". Ou seja, serão necessários mais estímulos orçamentais. 

Esse parece ser o receio do Governo francês. O ministro das Finanças de França, Bruno Le Maire, disse à rádio France Inter esta segunda-feira, 9 de março, que a Europa deve preparar um estímulo orçamental "forte, massivo e coordenado" para impulsionar a economia em resposta ao novo coronavírus. Para já, o ministro das Finanças abriu a porta a que haja um alívio nos impostos para as empresas.

"O impacto no crescimento francês em 2020 irá ser severo", disse, remetendo novas previsões para dia 15 de abril, altura em que o Governo de Emmanuel Macron terá de entregar o Programa de Estabilidade à Comissão Europeia. Le Maire admitiu que o impacto no crescimento francês será de "muitas décimas", sugerindo que a taxa de variação do PIB pode ser inferior a 1%. A previsão de Bruxelas apresentada há cerca de três semanas era de 1,1%.

Esta expectativa já está incorporada no inquérito às empresas da indústria e dos serviços que o Banco de França divulgou hoje: a economia francesa deverá crescer muito pouco (0,1%) ou mesmo estagnar no primeiro trimestre deste ano. Numa raro comunicado, o governador Francois Villeroy de Galhau disse que "a desaceleração é potencialmente severa mas temporária". Este impacto junta-se às manifestações do final de 2019 que levaram o PIB francês a contrair no quarto trimestre.

Na semana passada, os técnicos da Comissão Europeia tinham avisado o Eurogrupo que tanto França como Itália poderiam entrar em recessão por causa do Covid-19. Esta segunda-feira os analistas do Morgan Stanley, citados pela Bloomberg, referem que a economia da Zona Euro irá provavelmente sofrer de uma recessão técnica no primeiro semestre deste ano, tendo cortado a previsão de crescimento do PIB em 2020 de 0,9% para apenas 0,4%. 

A conjuntura continua assim a pressionar o Banco Central Europeu (BCE) a atuar esta quinta-feira, 12 de março, após a Fed ter cortado de surpresa os juros diretores em 50 pontos base. Para já, Villeroy pediu "calma", notando que a economia continua a ter "liquidez abundante". "Perante esta situação excecional, temos de manter os olhos abertos mas continuar de cabeça fria", avisa o governador do Banco de França, argumentando que o "maior risco económico" seria passar de uma "vigilância necessária" para uma "reação excessiva que nos iria bloquear".
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