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Carlos Costa não vai a Frankfurt e participa na reunião do BCE a partir de Lisboa

O governador do Banco de Portugal não irá participar presencialmente na reunião do Conselho do Banco Central Europeu em Frankfurt. A participação será feita a partir de Lisboa.

Mariline Alves/Cofina
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 10 de Março de 2020 às 16:46
O governador do Banco de Portugal não irá a Frankfurt esta quinta-feira, 12 de março, para participar na reunião do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) que deverá adotar medidas que mitiguem o impacto económico do novo coronavírus. Exatamente por causa do Covid-19, que já afetou pelo menos um funcionário do BCE, Carlos Costa participará na reunião, onde tem direito de voto, a partir de Lisboa.

"Confirmamos que o senhor Governador participará no Governing Council a partir de Lisboa", respondeu fonte oficial do banco central ao Negócios esta terça-feira, 10 de março.

Normalmente, a reunião de política monetária dura dois dias com a presença de dezenas de pessoas desde os governadores aos seus conselheiros, incluindo a comissão executiva do BCE. Na quarta-feira são feitas as apresentações técnicas da equipa do BCE e nesse mesmo dia há um jantar com os governadores. Na quinta-feira há uma reunião onde são tomadas as decisões, seguida de uma conferência de imprensa com a presidente Christine Lagarde, a qual se manterá. 

A reunião desta semana é particularmente importante porque será a primeira desde o agravamento da propagação do Covid-19 na Europa: as previsões de crescimento económico foram cortadas, as cadeias de fornecimento e o turismo já estão a ser afetados e os mercados financeiros registaram fortes quedas nas últimas duas semanas.

Esta segunda-feira as bolsas europeias registaram a sua pior sessão desde a crise financeira de 2008, após a Arábia Saudita ter declarado "guerra de preços" à Rússia. O choque na cotação do petróleo, que chegou a cair 31% para os 30 dólares, não só assustou os investidores - somando incerteza a um panorama já débil - como também deverá exercer uma pressão deflacionista numa inflação da Zona Euro que já estava aquém do objetivo do BCE. 

Na semana passada, após o corte "surpresa" de 50 pontos base da Fed, aumentou a pressão para o BCE também atuar, apesar de ter menos margem de manobra. Os mercados estão a antever um corte de 10 pontos base dos juros diretores de -0,5% para -0,6%, mas a maioria dos economistas aponta para outro tipo de medidas como mais compras de ativos mensais ou financiamento ainda mais barato à banca europeia.

A decisão será tomada na quinta-feira, 12 de março, e Carlos Costa não estará sozinho na participação da reunião à distância. Segundo a Bloomberg, pelo menos quatro governadores de bancos centrais da Zona Euro irão participar através de chamada telefónica. 

Ignazio Visco, o governador do Banco de Itália, o país europeu mais afetado pelo vírus e que decidiu ontem avançar com uma quarentena generalizada, também irá participar à distância, assim como os governadores dos bancos centrais da Letónia, da Lituânia e da Estónia, de acordo com a agência de informação financeira. Alguns governadores ainda não terão decidido se vão a Frankfurt ou não. 

Esta segunda-feira, 9 de março, o BCE divulgou publicamente que sofreu o primeiro caso de um funcionário com coronavírus. Tal levou 100 colegas que trabalham na proximidade desse membro da equipa do BCE a ficarem a trabalhar a partir de casa temporariamente e ainda a uma "limpeza profunda" a esses espaços.
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