Notícia
BCE mantém juros e anuncia pacote de estímulos para amparar impacto da pandemia
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou um pacote de estímulos temporário para conter o impacto económico que o novo coronavírus está a provocar. A taxa de juro dos depósitos fica em -0,5%.
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira, 12 de março, um novo pacote de estímulos para amparar o impacto económico provocado pela propagação mundial e europeia da doença Covid-19. As principais medidas passam por financiamento barato para manter a liquidez no sistema financeiro e mais compras de ativos ('quantitative easing'). Já as taxas de juro diretoras ficam inalteradas.
"No encontro de hoje, o Conselho do BCE decidiu um pacote abrangente de medidas de política monetária", começa por dizer o BCE no comunicado, em resposta às disrupções no turismo, nas empresas e nas cadeias de fornecimento globais. Às 13h30, a presidente do BCE, Christine Lagarde - que está apenas há quatro meses no cargo e enfrentou a sua primeira reunião decisiva -, irá dar uma conferência de imprensa para explicar as decisões.
Em causa está um "envelope temporário" de compras de 120 mil milhões de euros até ao final deste ano em cima dos 20 mil milhões de euros mensais do atual programa. No comunicado, o Conselho do BCE refere que haverá uma "contribuição forte" do setor privado nas compras, sugerindo que irá optar por comprar mais dívida empresarial.
Atualmente estas são uma pequena parte das compras, sendo que a maior parte é de dívida pública dos países da Zona Euro. Este foco na dívida empresarial deverá evitar que seja necessário aumentar os limites existentes à compra de obrigações soberanas. Não existe referência a isso no comunicado.
"Esta [medida] irá contribuir para que haja condições de financiamento favoráveis para a economia real em tempos de elevada incerteza", explica o BCE, referindo que a compra de ativos vai continuar "até quando for necessário para reforçar o impacto acomodatícia das taxas de juro" e que irá continuar a reinvestir os montantes que chegarem à maturidade.
BCE injeta liquidez
Quanto ao financiamento barato, o banco central da Zona Euro irá adotar "temporariamente" um programa adicional de longo prazo para fornecer "liquidez imediata" ao setor financeiro europeu. "Ainda que o Conselho do BCE não veja sinais substanciais de tensões nos mercados monetários ou carências de liquidez no sistema bancário, estas operações irão fornecer um 'backstop' [mecanismo de salvaguarda] efetivo em caso de necessidade", explica o comunicado.
Já o TLTRO III terá "condições consideravelmente mais favorável" durante o período entre junho de 2020 e junho de 2021. "Estas operações irão ajudar o financiamento bancário para aqueles que sejam mais afetados pela propagação do coronavírus, em particular as pequenas e médias empresas", explica o BCE, referindo que a taxa de juro destas operações será 25 pontos base mais baixa do que o juro médio aplicado às operações de refinanciamento na Zona Euro. Na prática poderá ser de -0,75%.
O BCE refere também que haverá o montante de financiamento a que os bancos poderão ter acesso também irá aumentar e que serão estudadas medidas para aliviar os requisitos dos colaterais.
Mercados reagem de forma negativa
A reação dos mercados financeiros na Europa sugerem que, tal como era antecipado pelos analistas, os investidores ficaram desiludidos com a dimensão do pacote de estímulos anunciado pelo BCE. As bolsas europeias, que já estavam a registar fortes quedas, atingiram mínimos intradiários com o Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, a descer 7,4%. As cotadas mais afetadas continuam a ser as dos setores do turismo e do entretenimento.
O mercado antecipava um corte na taxa de depósitos (-0,5%) na ordem dos 10 pontos base, o que não veio a verificar-se. A última vez que o BCE cortou os juros foi em setembro do ano passado, tendo essa decisão criada muita discórdia (pública, inclusive) dentro do Conselho do BCE.
Na terça-feira, Christine Lagarde terá, segundo a Bloomberg, dito aos chefes de Estado da União Europeia que o BCE iria atuar, mas que a política orçamental teria de acompanhar os esforços de estabilização macroeconómica. Sem uma coordenação, a Europa irá "ver um cenário que recordará a muitos de nós da grande crise financeira de 2008", alertou Lagarde que, nessa altura, era ministra das Finanças de França.
Além das decisões de política monetária, o BCE decidiu também intervir na supervisão financeira. Num comunicado divulgado hoje, o Conselho de Supervisão do banco central diz que vai permitir que os bancos não respondam a algumas das exigências mínimas de capital e operacionais. O objetivo é que os bancos da Zona Euro sejam capazes de ajudar as empresas e as famílias neste momento em que se combate a pandemia.
(Notícia atualizada às 13h27 com mais informação)
"No encontro de hoje, o Conselho do BCE decidiu um pacote abrangente de medidas de política monetária", começa por dizer o BCE no comunicado, em resposta às disrupções no turismo, nas empresas e nas cadeias de fornecimento globais. Às 13h30, a presidente do BCE, Christine Lagarde - que está apenas há quatro meses no cargo e enfrentou a sua primeira reunião decisiva -, irá dar uma conferência de imprensa para explicar as decisões.
Atualmente estas são uma pequena parte das compras, sendo que a maior parte é de dívida pública dos países da Zona Euro. Este foco na dívida empresarial deverá evitar que seja necessário aumentar os limites existentes à compra de obrigações soberanas. Não existe referência a isso no comunicado.
"Esta [medida] irá contribuir para que haja condições de financiamento favoráveis para a economia real em tempos de elevada incerteza", explica o BCE, referindo que a compra de ativos vai continuar "até quando for necessário para reforçar o impacto acomodatícia das taxas de juro" e que irá continuar a reinvestir os montantes que chegarem à maturidade.
BCE injeta liquidez
Quanto ao financiamento barato, o banco central da Zona Euro irá adotar "temporariamente" um programa adicional de longo prazo para fornecer "liquidez imediata" ao setor financeiro europeu. "Ainda que o Conselho do BCE não veja sinais substanciais de tensões nos mercados monetários ou carências de liquidez no sistema bancário, estas operações irão fornecer um 'backstop' [mecanismo de salvaguarda] efetivo em caso de necessidade", explica o comunicado.
Já o TLTRO III terá "condições consideravelmente mais favorável" durante o período entre junho de 2020 e junho de 2021. "Estas operações irão ajudar o financiamento bancário para aqueles que sejam mais afetados pela propagação do coronavírus, em particular as pequenas e médias empresas", explica o BCE, referindo que a taxa de juro destas operações será 25 pontos base mais baixa do que o juro médio aplicado às operações de refinanciamento na Zona Euro. Na prática poderá ser de -0,75%.
O BCE refere também que haverá o montante de financiamento a que os bancos poderão ter acesso também irá aumentar e que serão estudadas medidas para aliviar os requisitos dos colaterais.
Mercados reagem de forma negativa
A reação dos mercados financeiros na Europa sugerem que, tal como era antecipado pelos analistas, os investidores ficaram desiludidos com a dimensão do pacote de estímulos anunciado pelo BCE. As bolsas europeias, que já estavam a registar fortes quedas, atingiram mínimos intradiários com o Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, a descer 7,4%. As cotadas mais afetadas continuam a ser as dos setores do turismo e do entretenimento.
O mercado antecipava um corte na taxa de depósitos (-0,5%) na ordem dos 10 pontos base, o que não veio a verificar-se. A última vez que o BCE cortou os juros foi em setembro do ano passado, tendo essa decisão criada muita discórdia (pública, inclusive) dentro do Conselho do BCE.
Na terça-feira, Christine Lagarde terá, segundo a Bloomberg, dito aos chefes de Estado da União Europeia que o BCE iria atuar, mas que a política orçamental teria de acompanhar os esforços de estabilização macroeconómica. Sem uma coordenação, a Europa irá "ver um cenário que recordará a muitos de nós da grande crise financeira de 2008", alertou Lagarde que, nessa altura, era ministra das Finanças de França.
Além das decisões de política monetária, o BCE decidiu também intervir na supervisão financeira. Num comunicado divulgado hoje, o Conselho de Supervisão do banco central diz que vai permitir que os bancos não respondam a algumas das exigências mínimas de capital e operacionais. O objetivo é que os bancos da Zona Euro sejam capazes de ajudar as empresas e as famílias neste momento em que se combate a pandemia.
(Notícia atualizada às 13h27 com mais informação)