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Trichet: Corte coordenado de juros poderia ter criado pânico

"Não tenho a certeza se seria realmente mais apropriado" avançar com um corte de juros coordenado, disse o antigo presidente do BCE.

Bloomberg
Bloomberg 05 de Março de 2020 às 18:34

Um corte coordenado das taxas de juros esta semana poderia ter induzido pânico e não seria justificado, disse o ex-presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet.

 

O francês, que estava no comando da instituição da zona do euro durante a crise financeira de 2008 e participou no corte conjunto com a Reserva Federal dos EUA após o colapso do Lehman Brothers, sugeriu em entrevista à Bloomberg TV que não se pode comparar aquele episódio com o surto do coronavírus.

 

"Eu participei numa ação coordenada", disse Trichet esta quinta-feira. "Na altura, o drama evoluía de uma forma muito pior. A ideia de que tínhamos uma necessidade absoluta de coordenar ações ao nível dos maiores bancos centrais era algo muito natural."

 

A Fed cortou a taxa de juros em 50 pontos base na terça-feira, tendo agido sozinha depois de o G-7 ter divulgado um comunicado conjunto que não chegou a prometer uma ação coordenada. O estímulo monetário conjunto teria sido uma reação exagerada, disse Trichet.

 

"Não tenho a certeza se seria realmente mais apropriado", disse. "Também poderia ter tido impacto de pânico ou transmitido uma mensagem de demasiado pânico."

 

A reunião do BCE acontece na próxima quinta-feira e os mercados estão a contar com um corte de 10 pontos base, o que empurraria os juros para território ainda mais negativo. A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que a instituição está pronta para tomar medidas apropriadas e direcionadas.

 

Segundo Trichet, o que inicialmente parecia um choque de oferta que poderia levar a uma recuperação em V agora também é acompanhado por um impacto na procura. É por isso que os governos devem intervir com mais resolução, afirmou.

 

Na Zona Euro, garantir que a liquidez esteja disponível para todos é mais importante que o nível dos juros, disse Trichet, acrescentando que não tem recomendações sobre o que o BCE deve fazer.

 

"O Conselho do BCE tomou decisões extremamente sábias desde a crise, por isso tenho total confiança de que farão o que for apropriado no caso", afirmou Trichet. "Mas está claro que a disponibilidade de crédito será algo essencial em toda zona do euro, qualquer que seja o nível das taxas de juros."

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