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A resposta dos Governos e bancos centrais ao Covid-19: economia vacinada com milhares de milhões de euros

Perante o agravamento do surto do novo coronavírus, os Governos e os bancos centrais anunciaram esta semana a implementação de medidas e anunciaram os estímulos que têm na calha. São milhares de milhões de euros que vão chegar à economia.

EPA
07 de Março de 2020 às 10:00
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Reforço dos gastos em saúde, redução de impostos, linhas de crédito e cortes nos juros diretores. Estas são algumas das medidas que os Governos e os bancos centrais estão a tomar face ao potencial impacto económico do Covid-19. De acordo com as contas da Bloomberg, na Ásia, Europa e na América do Norte, o estímulo orçamental prometido ou concretizado já supera os 50 mil milhões de euros, o equivalente a quase 25% do PIB português.

A abertura das torneiras orçamentais é mais visível nos países asiáticos, principalmente na China, onde o surto está a ter um impacto mais significativo. Na Europa, para já, Itália - que é o país europeu mais afetado - avançou com medidas extraordinárias mais significativas. Nos EUA, o Congresso norte-americano aprovou gastos na ordem dos 7,4 mil milhões de euros, após a Fed ter cortado de "surpresa" os juros diretores em 50 pontos base.

Além dos países e dos bancos centrais, também as instituições mundiais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial têm verbas disponíveis: o FMI avançou com uma linha de 44,2 mil milhões de euros (dos quais 8,8 mil milhões de euros não terá juros) para os países mais pobres ou em desenvolvimento e o Banco Mundial com 10,6 mil milhões de euros.

Esta é a resposta económica dos Governos, bancos centrais e instituições internacionais ao choque na oferta e na procura que o vírus está a provocar. Tanto o FMI como a OCDE já reviram em baixa o crescimento mundial de 2020 e a Comissão Europeia admitiu que França e Itália podem entrar em recessão. Um estudo do Citibank estimava esta semana que o "custo" à economia mundial já ia nos 43 mil milhões de euros, mais do que no surto de 2002.

EUA: A maior economia do mundo reagiu ao novo coronavírus com a Reserva Federal a cortar as taxas de juro em 50 pontos base e o Congresso norte-americano a aprovar uma verba de 7,4 mil milhões de euros para financiar várias medidas de contenção. A administração de Donald Trump já admitiu a possibilidade de um corte de impostos sobre o rendimento para a classe média, mas esta hipótese já estava em cima da mesa antes do surto.

China: A segunda maior economia do mundo, onde teve origem este surto, foi a primeira a acionar medidas económicas tanto do Governo como do banco central. Segundo um analista da KPMG, as medidas passam pelo prolongamento dos prazos de pagamento dos impostos, a isenção de IVA em vários bens e serviços como os relacionados com a saúde. 

As autoridades chinesas introduziram também incentivos no IVA e no IRC específicos para as empresas que produzem bens essenciais para a proteção e contenção do Covid-19, como é o caso de máscaras, desinfetantes, entre outros. Houve ainda redução nos impostos sobre o imobiliário ou a isenção de pagamento das contribuições para a segurança social a empresas que estejam com dificuldades de tesouraria. 

Itália: Dado o escalar da crise de saúde em território italiano, o Governo aumentou esta semana a verba de apoio às empresas e famílias de 3,6 mil milhões de euros para 7,5 mil milhões de euros. Entre as medidas estão créditos fiscais, ajuda às exportadoras italianas, adiamento do pagamento de dívidas aos bancos e o aumento da liquidez das empresas. Os trabalhadores independentes também serão ajudados. Na quinta-feira, o ministro das Finanças, Roberto Gualtieri, justificou as medidas pela necessidade de assegurar que "ninguém perderá trabalho devido ao coronavírus". 

Portugal: O Governo português admitiu já que, se for necessário, pode ativar uma linha de crédito de 100 milhões de euros para as empresas, sem especificar as condições de acesso ao apoio. Para já, o Ministério da Economia tem acompanhado o impacto económico do vírus em conjunto com as associações setoriais. Quanto ao cálculo dos efeitos na economia, o ministro das Finanças disse que ainda era "cedo" para tal, mas o primeiro-ministro admitiu rever em baixa a taxa de crescimento do PIB no Programa de Estabilidade.

Zona Euro: Na Alemanha, a coligação entre a CDU e o SPD discutem a necessidade de estímulos. No domingo, os responsáveis políticos vão discutir essa possibilidade. Em França, o Governo quer reduzir a carga fiscal de empresas ligados ao setor do turismo, como é o caso dos hóteis, restaurantes e transportadoras, e também garantir empréstimos para as pequenas e médias empresas (PME). Em Espanha, a ministra da Economia, Nadia Calviño, anunciou que está a preparar medidas de apoio à liquidez das empresas e de apoio no desemprego para os trabalhadores de empresas mais afetadas pelo vírus. 

Quando à política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) também garantiu que está preparado para reagir, se necessário, ao impacto económico do Covid-19. Os mercados financeiros estão a incorporar uma redução dos juros de 10 pontos base de -0,5% para -0,6%, mas os analistas tendem a concordar que o impacto será limitado e outras medidas (mais compras mensais, melhores termos nas TLTRO, entre outras), que levem ao aumento da liquidez nos bancos e empresas, seriam mais eficazes.

Japão: O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, comprometeu-se a lançar um estímulo orçamental, se necessário. Um seu conselheiro estimou que poderá ser necessária uma verba adicional de 41,5 mil milhões de euros. 

Coreia do Sul: No segundo país do mundo mais afetado pelo coronavírus, o Governo já alocou 8,75 mil milhões de euros num orçamento "especial" para a resposta médica, empresas e famílias. Entre as medidas estão cortes nos impostos e subsídios. 

Canadá: O Banco do Canadá também baixou os juros em 50 pontos base esta semana. Este foi o primeiro corte na taxa de juro do Canadá desde 2015 e a descida de maior dimensão desde março de 2009.

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