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Bruxelas admite "efeito de cascata" na economia europeia com Itália e França em recessão

A Comissão Europeia antecipa que deverá baixar as previsões económicas da Zona Euro e da União Europeia. Tanto Itália como França podem entrar em recessão.

Itália está a ser o país afetado pelo coronavírus EPA
04 de Março de 2020 às 14:38
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Os técnicos da Comissão Europeia temem que o Covid-19 leve a economia francesa e a italiana para uma recessão técnica (dois trimestres consecutivos de contração), assumindo o potencial "efeito de cascata" na economia europeia. O alerta consta do briefing dado na teleconferência do Eurogrupo desta quarta-feira, 4 de março, marcada por Mário Centeno.

"Podem surgir efeitos de cascata com origem na falta de liquidez das empresas que tenham de parar a produção, [o que poderá ser] amplificado e propagado pelos mercados financeiros", lê-se no documento a que a Bloomberg teve acesso. Aos ministros das Finanças da União Europeia, a Comissão pintou assim um cenário negro do impacto económico do coronavírus na economia europeia.

Os técnicos admitem uma situação em que "uma propagação maior e mais longa da epidemia poderia ter um impacto negativo desproporcionado através da incerteza e dos canais dos mercados financeiros". É neste panorama que a Comissão Europeia antecipa que possa haver uma recessão técnica em França e Itália, duas das maiores economias da Zona Euro. 

Bruxelas considera que o nível de crédito em incumprimento pode aumentar, "especialmente se isto [vírus] persistir mais de três meses". A desvalorização dessas dívidas aliadas à queda dos ativos de risco (como as ações) nos balanços dos bancos podem levar a um "círculo vicioso entre o soberano e o banco". Os técnicos referem também o efeito indireto que a correção das bolsas pode ter na riqueza e no consumo privado.

Contudo, continua a haver incerteza sobre a dimensão do impacto. Numa iniciativa em Lisboa da Representação da Comissão Europeia em Portugal por causa do "country report" divulgado na semana passada, o responsável da Direção-Geral do Emprego, Joost Korte, admitiu que "haverá um impacto porque muita das nossas suply lines [cadeias de fornecimento] dependem particularmente da China e muitas estão fechadas, mas é difícil dizer de quanto".

Hoje ao início da tarde os ministros das Finanças de toda a União Europeia fizeram uma teleconferência para discutir o impacto do vírus, depois de o G7 ter feito uma reunião semelhante ontem. Apesar de assegurarem que estão prontos para agir, os ministros das Finanças das sete principais economias do mundo não avançaram com medidas concretas.

Quanto ao Eurogrupo à distância, é esperada uma declaração pública do seu presidente Mário Centeno. Na semana passada, o também ministro das Finanças português disse em entrevista à Reuters que efeito do coornavírus "será temporário, mas haverá impacto, e … necessitamos de coordenar as nossas ações no caso de se tornar um cenário mais global". "Estamos prontos para agir se este não for um episódio apenas temporário", garantiu.

Perante esta nova situação, a Comissão Europeia deverá rever em baixa as previsões económicos para a Zona Euro, em linha com o que já fizeram a OCDE e o FMI. Há cerca de três semanas, Bruxelas manteve a previsão de uma taxa de crescimento de 1,2%, mas já admitia que o coronavírus era um novo e "substancial" risco.

A Comissão Europeia tem atualmente uma previsão de crescimento de 0,3% para o PIB italiano este ano e de 1,1% para o PIB francês.

(Notícia atualizada às 16h12 com a declaração de um responsável da Comissão Europeia)
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