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Impacto do Covid-19 na economia portuguesa? Centeno diz que "ainda é cedo para fazer contas"

O ministro das Finanças admitiu que o impacto económico do coronavírus pode colocar-se em Portugal, mas garante que o Governo tem capacidade para dar resposta a esta situação imprevista.

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04 de Março de 2020 às 15:05
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"Ainda é cedo para fazer contas". Foi assim que Mário Centeno respondeu esta quarta-feira, 4 de março, à pergunta sobre o potencial impacto económico do coronavírus na economia portuguesa. Contudo, caso se venha a verificar, o Governo terá capacidade de resposta, garantiu, dada a melhoria das contas públicas. 

As declarações foram transmitidas pela RTP3 a partir do Ministério das Finanças após uma teleconferência do Eurogrupo que incluiu todos os ministros das Finanças da União Europeia e um briefing dos técnicos da Comissão Europeia que pintou um cenário negro para a economia europeia.

Inicialmente, Centeno notou que, para já, o impacto não é visível nos números. Após o ganho de fôlego da economia portuguesa no final de 2019, "essa aceleração manteve-se ao longo dos primeiros meses do ano", garantiu o ministro das Finanças, revelando que tanto as contribuições para a Segurança Social como a receita fiscal tiveram "taxas de crescimento muito robustas" em janeiro e em fevereiro.

Porém, "obviamente não quer dizer que o impacto global que esta situação coloca não se venha a fazer sentir em Portugal também". Mas, nessa situação, o Governo está preparado para agir: "O trajeto da consolidação das contas públicas [...] permite a Portugal ter hoje a capacidade para reagir a estas situações imprevistas sem comprometer de maneira nenhuma a sustentabilidade das finanças públicas", garantiu Centeno.

Questionado em concreto sobre se este impacto poderá colocar em causa o excedente orçamental previsto para 2020, o ministro das Finanças disse que esta "não é uma preocupação neste momento". O Governo prevê que saldo orçamental seja de 0,2% do PIB este ano.

O também presidente do Eurogrupo afirmou que, juntamente com os seus colegas europeus, irá "fazer tudo o que estiver ao alcance das políticas públicas para que a difusão do vírus seja contida". E, assim, espera que a Zona Euro dê as respostas necessárias para que a economia recupere "após este período de incerteza reforçada". "Temos os meios para responder aos desafios que esta solução coloca", acrescentou.

Eurogrupo preparado para agir com medidas orçamentais 
Na mesma conferência de imprensa, Mário Centeno, enquanto presidente do Eurogrupo, deu conta do que aconteceu na teleconferência com os seus colegas do Eurogrupo, aos quais se juntaram os ministros das Finanças dos países da União Europeia que não estão no euro. "O surto está a ter um impacto negativo na economia mundial, mas a duração e a dimensão do problema ainda é incerta neste momento", resumiu. 

"Estamos a monitorizar a situação muito de perto e deixem-me assegurar-vos que nenhum esforço será poupado para conter a doença, para fornecer os serviços de saúde e os sistemas de proteção civil para ajudar a população nas áreas mais afetadas e para proteger as nossas economias de mais danos", garantiu o presidente do Eurogrupo, referindo que esta teleconferência foi o primeiro momento na UE em que partilharam informação sobre as medidas que estão a ser tomadas. 

Dado o potencial impacto económico, os ministros das Finanças concordaram em "coordenar" as respostas e em estarem preparados para "usar todas as ferramentas políticas apropriadas" para conter os efeitos do coronavírus na economia europeia. "Estamos preparados para tomar mais medidas", garantiu Centeno, destacando que nessa promessa incluem-se medidas orçamentais "onde for apropriado". Ontem um comunicado dos ministros das Finanças do G7 apontava para a mesma promessa, mas não referia medidas concretas.

Nesse contexto, Mário Centeno pediu à Comissão Europeia para implementar as regras orçamentais tendo em conta a flexibilidade dada aos eventos inesperados que estão fora do controlo do Governo, como é o caso do Covid-19. "Para ser específico, nas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, esta cláusula permite um desvio temporário da trajetória de ajustamento", disse, tendo depois referido o caso de Itália - o país mais afetado pelo surto na Europa - que já pediu essa flexibilidade a Bruxelas

Até à próxima reunião do Eurogrupo, que acontece a meio de março, as equipas dos Ministérios das Finanças dos vários países europeus vão trabalhar num conjunto de opções sobre as políticas que os Governos podem vir a adotar. Nessa altura a situação será reavaliada assim como potenciais medidas, consoante os riscos associados.

O alarme chega, para já, dos economistas. Num briefing feito nesta reunião à distância, os técnicos de Bruxelas admitiram "efeitos em cascata" na economia europeia e um potencial "círculo vicioso" entre o soberano (países) e os bancos caso a situação do coronavírus se agrave. Segundo o documento a que a Bloomberg teve acesso, a Comissão Europeia admite que tanto França como Itália entrem em recessão técnica, levando a uma revisão em baixa das perspetivas económicas. 

(Notícia atualizada às 15h43 com mais informação)
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