Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

ISEG: Vírus "limita" crescimento do primeiro trimestre, mas "incerteza enorme" impede previsões

Dada a "incerteza enorme", a equipa do ISEG não faz já atualização das previsões, rementendo-as para o final do primeiro trimestre. 

Centeno mantêm o tabu sobre a saída do Governo, mas diz não ver conflito de interesses numa ida para o BdP.
Pedro Catarino
06 de Março de 2020 às 12:51
  • ...
O arranque de 2020 "não foi desfavorável" para a economia portuguesa, mas a chegada do coronavírus à Europa e a Portugal "provavelmente terá um impacto económico negativo já em março, limitando o crescimento do 1.º trimestre". Esta é a análise dos economistas do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) na Síntese de Conjuntura de fevereiro divulgada esta sexta-feira, 6 de março. 

"A evolução dos indicadores de confiança sugeria, no início de 2020, uma tendência para a estabilização ou melhoria da atividade na Zona Euro", explicam os economistas com base na informação disponível até 3 de março, ressalvando que, com o Covid-19, "os sinais positivos nela contidos têm de ser descartados e haverá que aguardar pela informação relativa a períodos posteriores".

Ao mesmo tempo, sendo certo um impacto negativo no crescimento económico, a sua quantificação é "amplamente incerta" seja a nível mundial, europeu ou nacional. "Assim, apenas após o final do 1º trimestre irá o ISEG ensaiar uma previsão quantificada para a nova conjuntura", explica a equipa do ISEG. A estimativa anterior para 2020 estava no intervalo entre os 1,8% e os 2,2%, sendo que o PIB cresceu 2,2% em 2019.

A mesma cautela foi transmitida pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, que disse ser "cedo" para fazer as contas do impacto económico do coronavírus no PIB português, garantindo apenas que as finanças públicas estavam preparadas para lidar com esse choque. No entanto, o primeiro-ministro, António Costa, abriu a porta a uma revisão em baixa do crescimento do PIB no Programa de Estabilidade, o qual tem de ser entregue no Parlamento até 15 de abril. O Governo previa no Orçamento do Estado um crescimento do PIB de 1,9% em 2020.

Para já, os números não mostram o impacto do Covid-19. Em janeiro, o indicador de tendência da atividade global, que sintetiza os indicadores quantitativos divulgados, registou uma descida ligeira, mas tal "não comprometia a possibilidade de um crescimento da economia portuguesa em 2020 próximo do registado em 2019, sobretudo dados os sinais de estabilização e recuperação da confiança na UE". 

Contudo, o grupo de análise económica do ISEG admite que "janeiro e fevereiro possam não ter sido afetados", mas em março "começarão a ser sentidos alguns impactos negativos, nomeadamente na atividade turística, em setores ligados ao comércio externo e até mesmo no consumo privado". Este choque limitará o crescimento do primeiro trimestre de 2020, mas será "de forma provavelmente reduzida", antecipa. 

O pior poderá vir depois, consoante a evolução do novo coronavírus a nível mundial e nacional. "Também a extensão espacial e temporal do fenómeno epidemiológico será fator importante para determinar se se trata de um desaceleração mais ou menos profunda e mais curta ou mais prolongada", explica a equipa do ISEG, em linha com o que têm dito as instituições internacionais que fazem previsões económicas.
Ver comentários
Saber mais ISEG síntese de conjuntura economia PIB coronavírus Covid-19
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio